quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Espíritos nos cinemas



diariodonordeste.globo.com 

Considerado o livro mais importante para os seguidores da doutrina espírita, "O Livro dos Espíritos" serviu como inspiração para o filme que estreia, sexta-feira, em circuito nacional 


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A produção foi concebida a partir de roteiros enviados
por realizadores de todo o Brasil.
Os escolhidos foram unidos por meio do
roteiro de André Marouço
"O filme traz narrativas absolutamente humanas, as pessoas se identificam de alguma forma. Existe uma trama principal e vários personagens contemporâneos, que tiveram e superaram dificuldades do cotidiano, homens e mulheres do século XXI que estão em grandes cidades e precisam lutar em cenários de difícil sobrevivência. É um filme que fala de depressão, mas também da cura da depressão; fala de alcoolismo e da cura do alcoolismo; fala da perda, mas também da conquista de um novo amor. É um filme para o ser que está encarnado nesse momento na Terra", conta André Marouço, um dos diretores do filme junto com Michel Dubret.

"O Filme dos Espíritos" é mais uma produção do boom do gênero transcendental, que começou há três anos, com a cinebiografia do médium cearense Bezerra de Menezes, dirigida por Joe Pimentel e Glauber Filho. Na sequência, vieram "Chico Xavier - O Filme" (2010), com direção de Daniel Filho; "Nosso Lar", também de 2010, dirigido e roteirizado por Wagner de Assis; e "As Mães de Chico Xavier", assinado por Glauber Filho e Halder Gomes, lançado em abril desse ano, por ocasião do encerramento das comemorações do centenário do médium mineiro Chico Xavier.

"Vejo a questão do cinema transcendental como algo que não nasceu no Brasil, a gente só vem se apropriando disso. Nasceu na meca do cinema, que é Hollywood, eles perceberam que havia espaço e que o ser humano está ávido por encontrar repostas existenciais acerca das questões espirituais. Isso redundou em sucessos como ´Gosth - Do outro lado da vida´, ´Sexto Sentido´, ´Amor além da vida´ e tantos outros. Era natural que o país com maior número de espíritas, que é o Brasil, nos dedicássemos a levar nossos conhecimentos acerca das questões espirituais também para a sétima arte", explica André. "É um gênero novo e acredito que, assim como existe drama, comédia, acho que vai ter o espiritualista, que é mais abrangente que o espírita. Porque o ser humano está ávido buscando respostas, e o cinema, por acessar a emoção, é uma ferramenta muito interessante para a propagação dessas ideias. Podemos citar como diferencial do ´Filme dos Espíritos´, levando em conta as outras telas anteriores, porque tivemos esse assunto na filmografia espírita brasileira".
Tanta movimentação em torno de um segmento que até pouco tempo atendia seu público e seguidores somente através da literatura, aliás, vasta, claro que chama muita atenção. Há quem não goste e tem quem ignore, mas que a vertente espiritualista difundida através da sétima arte tem público, ou devotos, assegurados, isso é inquestionável. De acordo com seus produtores, o gênero transcendental nesses três anos levou mais de oito milhões de espectadores aos cinemas brasileiros.

Produzido pela Mundo Maior Filmes, de São Paulo, e distribuído pela Paris Filmes, "O Filme dos Espíritos", dirigido por André Marouço e Michel Dubret, dramatiza a história do personagem Bruno Alves, interpretado pelo ator Reinaldo Rodrigues, que, aos 40 anos, perde a mulher, o emprego e se vê em profunda depressão e entrando pelas veredas do suicídio. A guinada na vida do protagonista se dá após encontrar "O Livro dos Espíritos" (Le Livre des Esprits), de 1860, considerada a Bíblia dos espíritas, escrita, ou psicografada, pelo francês Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail, 1804-1869). Daquele momento em diante, o personagem passa a encontrar respostas para seus dramas e medos e torna-se protagonista de sua própria descoberta como ser material e espiritual.

"A doutrina espírita tem uma espinha dorsal, onde se apoiam seus principais conceitos. Enigmas existenciais como quem é Deus, imortalidade da alma, dependência do espírito sobre a matéria, comunicação entre os mundos, e outras questões, tudo isso é muito bem explicado no filme. Mas a palavra espiritismo ou espírita não é citada uma única vez, porque não é objetivo do filme converter pessoas à doutrina espírita, mas, sim, educar quanto à questões espirituais na vida cotidiana", destaca Marouço.

Elenco do outro mundo

Quem novamente encarna um novo personagem transcendental são os atores Nelson Xavier, dessa vez, no papel do psiquiatra Levy, e a atriz Ana Rosa, que atuou em "Bezerra de Menezes" e "Chico Xavier". A novidade no elenco ficou por conta da participação especial, e estreia como atriz, da apresentadora e ex-modelo, Luciana Gimenez.

Outra peculiaridade foi a forma como se deu a preparação do roteiro de "O Filme dos Espíritos". A produtora Mundo Maior Filmes angariou cerca de 100 roteiros de estudantes de cinema e audiovisual de diversas regiões do Brasil. Desses, foram selecionados e produzidos oito trabalhos, sendo sete de São Paulo e um da Paraíba.

O trabalho finalizado rendeu um longa de uma hora e quarenta minutos de dramaturgias ideológicas, com locações e imagens externas captadas em Guarulhos, Atibaia, Ubatuba, Araçoiaba da Serra, todas essas cidades de São Paulo, e Cajazeiras, na Paraíba.

"O projeto teve dois momentos", explica André Marouço. "Em um deles chamamos jovens universitários ou recém formados, em cinema ou audiovisual, e recebemos inscrição do Brasil. Pedimos que escrevessem roteiros de curtas metragens que explicassem trechos do ´Livro dos Espíritos´, a primeira e principal obra espírita escrita até hoje. A segunda etapa do projeto foi a criação de um roteiro de longa-metragem, que teve a incumbência de reunir trechos desses curtas, daí o roteirista fui eu. Trabalhamos para incluir os curtas de tal forma que não ficasse uma colcha de retalhos, que desse linearidade e fluidez para a obra. Nossa opção não foi trabalhar em estúdio, mas em externas condizentes com a narrativa, com a história".

Outra novidade no cinema brasileiro espiritualista é a destinação de parte da renda do filme para construção de ambulatórios das Casas André Luiz, que dão assistência de saúde a pessoas portadoras de limitações físicas e psíquicas.

"As Casas André Luiz atendem hoje cerca de 1400 pessoas portadoras de deficiência intelectual e física e, com esse filme, esperamos abrir novas unidades ambulatoriais. As casas ficam em São Paulo e Guarulhos, mas atendem pessoas de diversas partes do Brasil, inclusive do Ceará", adianta André Marouço. "Sou gestor das duas unidades de negócios audiovisuais da Fundação Espírita André Luiz, ela é a responsável pela divulgação da doutrina espírita através do audiovisual, do rádio e dos livros. A Fundação é de 1990, tem 21 anos, mas as Casas são entidades com 62 anos de existência. A Fundação nasceu lá dentro. Mas, enfim, estamos muito felizes em ir lançar esse filme aí, no Ceará. Uma das coprodutoras (Estação Luz Filmes) é daí, temos grandes parceiros, como o Eduardo Girão, amigos com muito mais experiência que nós. A expectativa para o lançamento em Fortaleza é das melhores", diz André.

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