terça-feira, 9 de julho de 2019

O SOFRIMENTO

Pelo espírito Marta,
através do médium Marcel Mariano
Publicação autorizada



Narram as tradições antigas que, ao observar da casa palaciana um velho, uma mulher, uma criança e um doente, o príncipe Sidarta Gautama, mais tarde o Buda, viveria uma grave crise existencial. A visão despertaria nele a certeza de que o sofrimento é paisagem comum a todas as criaturas, nenhuma delas podendo forrar-se à sua visita, cedo ou tarde.

Meditando sobre o sofrimento após abandonar a vida luxuosa em que vivia, o jovem monarca estabeleceria as chamadas quatro nobres verdades do Budismo. O sofrimento, as causas do sofrimento, a necessidade que temos de nos libertar dele e os métodos. À luz dos princípios cristãos, renovados pela terceira revelação, o sofrimento é de causa humana, nunca divina, pois que é o próprio ser que gera, pelas ações e omissões cometidas na sua marcha evolutiva, os fatores causais pelos quais viola as divinas leis, feitas de amor e misericórdia, mas igualmente de justiça. Pelo sofrimento que causa a si ou a outrem, retorna pelas vias do renascimento corporal para o ressarcimento equivalente, reabilitando-se perante a própria consciência e as leis naturais.

Uma conduta reta e limpa produz uma caminhada evolutiva nobre e isenta de sofrimentos, mas não de testemunhos, que são indispensáveis ao aperfeiçoamento do ser, em marcha para a plenitude. Uma existência assinalada pelos erros e disparates intencionais aciona gatilhos de correção evolutiva, produzindo as algias morais, que freiam a loucura e corrigem a insanidade comportamental, reconduzindo o aprendiz aos trilhos da verdade.

Se observas o sofrimento vergastando outrem ou experimentas em ti mesmo os seus duros aguilhões, não te revoltes contra a soberana vontade. Carpes com isto o passado delituoso, aplainando o futuro de venturas. O outro também está em marcha, incurso em delitos do pretérito que desconheces por enquanto. Estende a mão e te sentirás menos infeliz. Doa-te em alguma atividade nobre, consoladora, e te sentirás menos infortunado. Ora por instantes breves em favor de alguém que estorcega nas malhas do agro sofrimento e te verás menos desditoso. E quando tudo parecer conspirar contra teus ideais de felicidade, recorda-te D'Ele, sem culpa, servindo, amando e como prêmio pelo que fez em nosso favor no mundo apenas recebeu duas traves. Na horizontal, nos convidou a abraçar a humanidade inteira. Na vertical, nos ensinou que sem quitação com o mundo íntimo, ninguém sobe ao Pai. 

Marta


segunda-feira, 1 de julho de 2019

ENGANOSAS APARÊNCIAS

Pelo espírito Marta,
através do médium Marcel Mariano
Publicação autorizada



Submerso no universo social, não raro o homem vale-se do fingimento e das aparências para sobreviver entre os seus.

Despossuindo bens e valores, finge tê-los para granjear prestígio nas rodas de conveniências.

Se valendo de itens emprestados, exibe alto padrão de consumo para impressionar, endividando-se de maneira a não poder mais solver as próprias dívidas, arruinando-se.

Cobrado em ter o que não conseguiu amealhar, frustra-se ante a escassez financeira que o asfixia, atormentando-se, passando a valer-se de recursos de mistificação e fingimento para exibir o que não é nem possui como seu.

Não seja, pois, de estranhar, as graves ocorrências psicológicas que presentemente vergastam a saúde mental e emocional de milhões de criaturas, a viverem para si e para os demais uma vida postiça e falsa, edificada sobre o lodoso solo das aparências e do fingimento.

Somente a adoção de uma existência real, destituída de ufanias e ilusões poderá devolver alguma réstia de saúde moral ao indivíduo equivocado, fantasioso.

Procurando viver modestamente, conforme seus recursos disponíveis, sustentando o padrão de vida possível naquele momento evolutivo com dignidade e honradez darão ao ser a tranquilidade emocional para forrar-se contra as enganosas aparências, vigorosas bengalas psicológicas a vigirem numa sociedade doente e iludida.

Adotando a simplicidade de um Francisco de Assis e a serenidade do Cristo no tocante aos bens terrestres, sempre transitórios e passageiros, poderá o Espírito atravessar a experiência carnal sem maiores conflitos, desapegando-se desde já das algemas materiais que o retém num círculo de enganosas aparências, empurrando-o para ser o que ele não é.

Ausculta desde hoje a própria existência com rigor e severidade, identificando tuas máscaras sociais, tendo a coragem de as abandonar em nome de tua realidade espiritual. Adota uma vida compatível e sê sincero contigo mesmo, granjeando a harmonia que aos aparentes falta. E caminha decidido e feliz, desvestido de rótulos ou aparências, a te tornarem estranho convidado num baile de fantasias esdrúxulas, a aguardarem a morte física, que a todos reconduzirá para o país da verdade, onde não mais se sustentam os descabidos fingimentos e as enganosas aparências.

Marta




quinta-feira, 27 de junho de 2019

VÍCIOS: ESCRAVIDÃO MODERNA


Pelo espírito Marta,
através do médium Marcel Mariano
Publicação autorizada


Numa análise sobre as modernas relações interpessoais, impossível não destacar o combate que as autoridades dão à chamada escravidão. Nenhuma cultura dita civilizada pactua mais com a submissão de um homem a outro homem, na condição análoga à de escravo, onde lhe faltem os direitos humanos mínimos, consagrados desde a Revolução Francesa e hoje plenamente insculpidos nas constituições e demais marcos legais.

O direito de ir e vir. Possuir uma propriedade e nela construir seu lar. Ter seus bens e a indisponibilidade da vida ante o ataque de terceiros.

Entretanto, se essa escravidão ancestral vem sendo dissolvida pelo tacão da lei e pelo avanço da cultura, o mesmo não se pode afirmar quanto às novas formas de servidão, engendradas pela fragilidade moral do Espírito reencarnado. A escravidão à pornografia. A submissão ao jogo degradante. O aprisionamento às drogas, ao álcool, ao tabaco destruidor. De modo geral, os vícios são formas de prisão livremente escolhida pelo encarcerado, que neles se atira e se compraz, não se dando conta da perda da liberdade a que se impõe.

É quando o prisioneiro escolhe o carcereiro que o manieta e vigia, implacável.

Jesus lutou contra todas as formas de escravidão, especialmente aquela derivada do ego em desequilíbrio, das paixões e do sentimento de posse, que acaba por possuir aquele que o nutre, alienando-o. Viveu e ensinou como construir a própria liberdade, sendo apenas escravo das Divinas Leis.

Fazes uma reflexão honesta se te situas hoje escravo de algum arrastamento pernicioso ou degradante e assume contigo mesmo o compromisso de lutar tenazmente por tua alforria. Verifica se o sentido de liberdade que tens é realmente aquele que te dota de asas para construir uma caminhada isenta de algemas, ou és apenas um viajante iludido, a caminhar vigiado por sicários cruéis de tua paz interior.

Descobrindo-te algemado, decreta tua lei áurea e rompe com a moderna senzala que te agrilhoa a vícios e paixões, arrastamentos e posses que não podes levar quando de tua partida deste orbe, ainda assinalado por tantos contrastes, onde a liberdade convive lado a lado com a escravidão, qual pássaro ansioso em romper as traves da gaiola que o impede de singrar livre o céu azul. Assume a ave que dormita em teu seio profundo e rompe as algemas, voando desalgemado das modernas escravidões.

Marta








quarta-feira, 26 de junho de 2019

ANJO GUARDIÃO

Pelo espírito Marta,
através do médium Marcel Mariano
Publicação autorizada


Um dos capítulos mais fascinantes da história religiosa dos povos diz respeito ao profundo interesse que se tem por descobrir quem é nosso anjo guardião. Ao reformista, o único intermediário entre os homens e Deus é Jesus, nada significando além disso. Ao católico romano, Deus sempre confia a cada pessoa um tutor ou anjo da guarda, que passa a existência inteira do pupilo velando por seus êxitos, sustentando no fracasso e amparando na queda. E para os espiritistas, somos acompanhados sempre de um guia ou mentor, a nos inspirar nos momentos decisivos. Seja de que maneira for, guardamos a certeza de nunca estarmos sozinhos na caminhada incessante, tendo sempre um ser transcendente e de elevada hierarquia a nos amparar.

Na dor, sustenta-nos a coragem, fortalecendo a resignação. Nas alegrias, adverte-nos que elas são passageiras. Na revolta, induz-nos à temperança. E sob abandono dos demais, torna-se o único a ficar de nosso lado até a consumação dos fatos.

Ele foi, é e sempre será guia de homens e mulheres, apontando a trilha da verdade, ante os caminhos do amor. Permanece esquecido de muitos que afirmam amá-Lo, mas nunca esqueceu uma só ovelha de seu imenso rebanho.

Quando te sintas só no mundo, abandonado por entes queridos, sitiado por inimigos implacáveis e lanceado por mãos impiedosas, recorre à prece ardente e sincera, abrindo espaços mentais para que esse anjo se te acerque, nutrindo tua alma de bonança e refrigério, coragem e harmonia. Com ele ao teu lado, lutarás em dupla contra a horda do mal, triunfando sobre tua sombra e clareando tua marcha para o guia e modelo da humanidade, anjo que se apartou do paraíso para vir a Terra nos socorrer da indigência e nos amparar as ações frágeis, apontando com sua mensagem a estrela da redenção, a cintilar no céu de nossos anseios e sonhos.

Marta





domingo, 23 de junho de 2019

EDUCAÇÃO RELIGIOSA


Pelo espírito Marta,
através do médium Marcel Mariano
Publicação autorizada


A deseducação religiosa responde por incontáveis males na sociedade hodierna. Desde o fanatismo até a intolerância, o indivíduo torna-se um algoz de si mesmo ou de seu próximo, a quem busca humilhar com sua empáfia e presunção.

Edificadas no processo antropossóciopsicológico da longa evolução, o sentimento religioso, que é inato no ser, ampliou-se com o advento das doutrinas religiosas diversas, o que ajudou a dulcificar o comportamento humano de uns para com os outros. O objetivo das religiões não é somente reconduzir o ser ao divino, mas humanizar também suas relações com o mundo, com o próximo e consigo mesmo. Por isso, se faz de alto valor a educação religiosa, que seria aquela em que o aprendiz se vale das ferramentas teológicas para amenizar seu trato com o outro, ao tempo em que se prepara para a grande transição da corporalidade para a transcendência pelo fenômeno da morte.

Mais nobre espírito que já veio à Terra, Jesus, como ninguém, soube lidar com as diferenças religiosas então reinantes no seio da raça, lecionando tolerância e respeito.

Adota o exemplo de Jesus na relação com os que pensam diferente de ti, esvaziando a tua arrogância e o teu fanatismo, se propondo a uma convivência harmônica e civilizada com os diferentes, pois que estamos todos no mesmo barco, somos filhos do mesmo Deus e herdeiros do mesmo amor, rumando para o mesmo porto.

Marta