quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Excesso de carência pode se transformar em chatice!

Rosana Braga
Rosana Braga é Palestrante, Jornalista, Consultora em Relacionamentos 
e Autora dos livros "O PODER DA GENTILEZA" e "FAÇA O AMOR VALER A PENA", entre outros.
www.rosanabraga.com.br


Há quem se sinta orgulhoso em declarar: "sou carente!" Veja: existe uma enorme diferença entre acreditar que você está carente e se perceber como uma pessoa carente. Uma condição é temporária, circunstancial, enquanto que a outra é determinante, parte de sua personalidade.

Então, a partir de hoje, sugiro que você se disponha a, no máximo, estar e não ser carente! Alguém que está carente é porque está se percebendo sem alguma coisa e sentindo falta. Portanto, é absolutamente compreensível quando se usa o termo para expressar vontade de receber carinho, atenção e amor. Inclusive, se a expressão for feita de modo consciente, pode denotar maturidade e autoconhecimento.

Entretanto, é preciso cuidar para não cair na armadilha do excesso. A linha que separa a dose gostosa e saudável da dose perigosa e sufocante é tênue, quase imperceptível, especialmente para quem vive se sentindo assim, carente!

O fato é que excesso de carência costuma se transformar em chatice. 
O processo é mais ou menos assim: a pessoa começa a se sentir sem atenção, sem carinho, abandonada, rejeitada e substituída por outras pessoas ou situações. Sem saber como lidar com esses sentimentos (que são dela!), culpa o outro. Ou seja, "estou assim porque fulano não me dá atenção!". Pronto! A arapuca está armada!

Os próximos passos incluem cobrança, pressão, chantagem emocional, percepção distorcida dos acontecimentos e das atitudes das pessoas, julgamentos parciais, colocar-se no papel de vítima da vida e dos "egoístas, insensíveis", e por aí vai.

Convenhamos: atitudes totalmente ineficientes e desastrosas, que só servem para que o carente consiga exata e justamente aquilo que ele mais teme: afastar as pessoas que ele mais ama. Sim, claro, porque quem gosta de ser cobrado, pressionado, julgado e acusado?

Como resolver o problema? Simples, embora nem sempre fácil. Mas proponha-se a tentar, pelo menos. As chances de dar certo são grandes, posso apostar! Pense comigo: se você quer atrair um peixe para sua vara, o que faz? Vai até a beira do lado e xinga o peixe? Grita com ele dizendo que ele deveria estar ali, à margem, para que você pudesse pegá-lo? Joga pedra nele? Acusa-o de insensível por não perceber a sua fome e as suas necessidades? Creio que não.

Você usaria como isca algo de que ele gosta, não é? Parece óbvio? Então, use a mesma técnica para lidar com sua carência. Em primeiro lugar, compreenda que quem está carente é você. A responsabilidade, em princípio, é sua e não do outro. Você pode até solicitar a ajuda dele, de forma inteligente, para aplacar sua necessidade de carinho e atenção, mas o sentimento continua sendo seu.

Por isso, vasculhe dentro de si e procure as iscas que pode usar. Dicas? Que tal se comportar como uma pessoa atraente, interessante e sedutora? Que tal bom humor, compreensão, companheirismo, elogios, um presentinho talvez, mais paciência, mais sex appeal, mais empatia, mais gentileza? Mas tem de ser de verdade e não fake, só para conseguir o que quer. Tem de ser seu. Tem de ser você!

Verdade seja dita: essas iscas podem não garantir que seu "peixão" seja fisgado, mas vai garantir, sim, que você não se transforme num chato-ambulante.

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