quinta-feira, 31 de março de 2011

Não havia espíritos inocentes no avião, diz escritor médium sobre tragédia da TAM

Sem apontar culpados, Aeronáutica divulga relatório sobre acidente da TAM

SÉRGIO RIPARDO
da Livraria da Folha
O livro "O Vôo da Esperança", do médium Woyne Figner Sacchetin, lançado pela editora Lachâtre, ainda é vendido em São Paulo, na região da Federação Espírita do Estado, que fica no bairro da Bela Vista (centro), por R$ 26.
A obra, que traz uma abordagem espiritualista sobre o maior acidente aéreo da aviação brasileira, sustenta que os passageiros morreram porque foram algozes em uma vida passada, na qual queimavam suas vítimas. O médium diz ter recebido o espírito de Santos Dumont (1873-1932).
Paulista de Olímpia (434 km da capital), Sacchetin é médico oftalmologista e, entre seus livros espíritas, está "JK, Caminhos do Brasil" (Lachâtre, 2006), apresentado como depoimento do espírito do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976).
Nos próximos dias, o fórum de São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo) julga o pedido de recolhimento dos exemplares, feito por uma família de três vítimas do acidente com o voo 3054 da TAM, no aeroporto de Congonhas (SP), em 2007.
Também se exige uma indenização por danos morais correspondente a mil salários mínimos (R$ 465 mil, em valor atual). O advogado Marco Aurélio Bdine, que defende a professora Carmem Caballero (que perdeu a mãe e duas filhas na tragédia), diz que a família se sentiu ofendida pela obra.
Livro espírita diz que vítimas de acidente com Airbus da TAM foram algozes no passado Segundo o "Diário da Região", jornal da cidade do médium, desde a divulgação do caso, dobrou a venda do livro "Voo da Esperança". Em novembro, a livraria espírita Terceiro Milênio, da cidade, tinha comercializado 15 exemplares. Só ontem, saíram 30 cópias.
No processo, o advogado incluiu trechos do livro para fundamentar a petição. A Livraria da Folha procurou o médium Woyne Figner Sacchetin e a editora Lachâtre, mas eles ainda não se manifestaram. Também foi procurada a Federação Espírita do Estado de São Paulo, que não retornou às ligações.
Leia alguns trechos de "Vôo da Esperança".
"Do outro lado de uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo, em prédio pertencente à mesma empresa de aeronave, estavam alguns dos soldados do batalhão dos Leões, participantes das carnificinas na Gália, trabalhando em um posto de gasolina, ao lado da companhia aérea, quase esmagando um táxi na na avenida [...] Ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados"
"É a lei da ação e reação [...] A providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros [...]"
"Esse grupo, de mais de duzentas pessoas, comprometidas com o passado de falta de compaixão para com os semelhantes [...]"

Comentário de Ariston: É absolutamente desnecessária esta obra. No mínimo ela é extremamente insensível com o sofrimento das muitas famílias que perderam seus entes queridos. Falar das vítimas de um desastre como algozes de outras vidas é se perder no julgamento de juizo, é esquecer que o perdão das ofenças é uma premissa do Espiritismo cristão. Usar a lei de causa e efeito desta forma é ser leviano com a providência divina. Enfim, não é assim que o verdadeiro Espiritismo se manifesta. Bizarro.

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