quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

OS ESPÍRITAS E OS PRETOS VELHOS

Artigo de Javier Gadinho,
publicado na Revista Espírita Allan Kardec

A edição de março de 1995 do CORREIO FRATERNO DO ABC publica oportuno artigo de Carlos Bernardo Loureiro - Apartheid Mediúnico -, no qual ele questiona se esta expressão inglesa, que na África do Sul servia, desde 1913, para indicar segregação de pessoas de cor, não poderia ser aplicada por extensão e terminologia, à rejeição que se faz aos pretos velhos e silvícolas que se comunicam nas casas espíritas do Brasil.

"Parece que sim" - responde. "Não se deve, de jeito nenhum, generalizar; todavia, há espíritas que votam verdadeira ojeriza a esses Espíritos: não os querem em suas mesas mediúnicas. Quando se arriscam aparecer, são convidados, fraternalmente, a baterem em retirada. 'Aqui'– dizem os dirigentes dessas sessões – é um centro Kardecista, meu irmão..."

Carlos Bernardo cita o professor J.Herculano Pires, no livro CIÊNCIA ESPÍRITA, dele transcrevendo:
"As manifestações espíritas de negros e índios são comuns, não raro intervindo nos processos de cura. Isso causa espécie a pessoas ainda impregnadas de antigos preconceitos. 'Como podem esses espíritos primários, ainda apegados à era do barro' - dizia-nos famoso jornalista, - 'manifestar-se como orientadores e terapeutas num meio de civilização superior?' Acontece que a população espiritual da terra é semelhante à sua população encarnada. Não existem discriminações injustas no tocante às possibilidades de intercâmbio espiritual. Pretos velhos e índios deveriam encontrar guarida nas casas espíritas, desde que se proceda a um programa de orientação, corrigindo-se os excessos, preservando-se a integridade científica e filosófica do Espiritismo."

Outra advertência do autor de CIÊNCIA ESPÍRITA:
"O Espírito que se manifesta como negro, poderia também manifestar-se apenas como Espírito de uma encarnação de amarelo ou de branco pela qual já passara."

J. Herculano Pires, ainda apresenta, em detalhes, um caso ligado ao notável médium curador, nascido na Bahia e radicado em São Paulo, doutor Urbano de Assis Javier, orientado por um preto velho que se identificava como Pai Jacó. Foi Pai Jacó quem o aconselhou a procurar, na cidade de Matão, o farmaceutico espírita Cairbar Schutel, que resolveu submeter o doutor Urbano a uma experiência mediúnica, aceitando, a contra gosto, a participação daquela entidade. Posteriormente, Cairbar confidenciou-lhe: - "Nunca gostei dessas manifestações de negros e índios, mas o seu Pai Jacó encheu-me as medidas, revelando um conhecimento doutrinário que me assombrou." À época, o doutor Urbano era católico e atribuía seu poder de cura à ocorrência epileptóide. Mais tarde, Pai Jacó revelou a Schutel que já vivera na Holanda como médico. Na última encarnação, vivera como negro para aprender a ser humilde e tolerante.

O fundamentado trabalho de Carlos Bernardo Loureiro concluiu que pretos velhos e índios deveriam encontrar guarida nas casas espíritas desde que se proceda a um trabalho de orientação, corrigindo-se os excessos, preservando-se a integridade científica e filosófica do Espiritismo.
O livro MANDATO DE AMOR editado em 1992 pela União Espírita Mineira, oferece-nos ensinamento de Francisco Cândido Xavier.
Era uma conversa descontraída, impregnada de alegria cristã, típica desses encontros fraternais com a presença do médium de Uberaba. Alguém comenta o fascínio que muitas pessoas importantes, civis e militares, sobretudo no Rio de Janeiro, sentem pelos pretos velhos, ávidos de uma palavra amiga, um conselho, uma orientação. Chico, com a sua costumeira simplicidade, explicou: "Geralmente, essas pessoas de elevada posição social procuram humildemente os pretos velhos, como se estivessem pedindo perdão pelo mal que lhe fizeram no passado, na posição de grandes latifundiários, de senhores feudais. No íntimo da consciência pesa-lhes o haver sido, na sua grande maioria, impiedosos com os irmãos procedentes da África distante. Explica-se aí a posição de humildade com que se apresentam ante o preto velho, que lhes dirige a palavra sempre consoladora e repleta de sabedoria. São os verdugos de ontem na benção do arrependimento de hoje. Descansam a consciência pesada diante do carinho dos generosos pretos velhos."

2 comentários:

  1. Concordo com o Carlos Bernardo e fico as vezes assustados quando encontro alguns irmãos com aversão a cor negra ou quando na mesa mediunica vem com escusas informando que alin é um centro kardecista. Considere que o trabalho de Kardec não apresenta qualquer referência sobre o problema e apenas recomenda o cuidado com a mensagem, pois ela é que apresentará as "credencias" do espírito comunicante.

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  2. Quem se diz Espirita não tem que ser preconceituoso com nossos queridos Irmão Pretos Velhos,Cablocos,ciganos,indianos,padres,freiras entre outras denominações religiosas.
    KARDEC ensina que não devemos levar tudo que os ESPÍRITOS dizem e sim o conteúdo MORAL da mensagem.
    Estudemos mais o PEDAGOGO ALLAN KARDEC e entenderemos melhor esses assuntos.
    Muita PAz

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