segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Transtornos mentais podem ser reflexo de vidas passadas


No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas precisam de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos graves e persistentes

Fonte: Saúde Plena
Por Luciane EvansPublicação:26/08/2013

A psiquiatria é a área da medicina em que os ensinamentos espíritas mais conseguem aparecer
Para a medicina tradicional, uma questão genética, complexa, que pode ser, talvez, causada por alterações químicas no cérebro. E que, apesar de tantos estudos, ainda não se sabe ao certo a causa deles. Mas para os médicos espíritas, os transtornos mentais têm, sim, explicações. Essa área da medicina, inclusive, é a que mais se distancia da medicina tradicional. Questões emocionais desta e de outras vidas entram em jogo. "O transtorno mental é um resquício do passado", define o presidente da Associação Mineira dos Médicos Espíritas, Andrei Moreira, apontando aí as vidas passadas como ponto de partida para essa discussão.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças mentais e neurológicas atingem aproximadamente 700 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas precisam de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos graves e persistentes.

Segundo o psiquiatra e diretor-técnico do Hospital André Luiz, Roberto Lúcio Vieira, a psiquiatria é a área da medicina em que os ensinamentos espíritas mais conseguem aparecer. Isso porque, segundo ele, além de levar em consideração questões genéticas, assim como a medicina tradicional, os médicos espíritas, diante de um paciente com transtorno mental grave, levam em conta as vidas passadas. "O adoecer é o caminho para cura. Temos percebido que muitos males, como os quadros graves de esquizofrenia, geralmente são de espíritos que, em outras vidas, abusaram muito do poder que tinham, cometeram homicídios ou tentaram o suicídio várias vezes. Quando eles adoecem nesta vida, é porque bateu a culpa da vida anterior", explica Roberto.


Também membro da Associação Mineira Médico Espírita, Roberto, em um artigo escrito no portal da entidade, diz que a doutrina espírita tem mostrado que os processos mentais seriam frutos da atividade espiritual, com repercussão na estrutura física cerebral. "Sendo assim, o cérebro seria apenas o instrumento. No entanto, para ocorrer essa integração entre a essência espiritual, sua manifestação e a estrutura física, é necessária a existência de um elemento que seja intermediário, tanto na função quanto em sua composição. Esse corpo é chamado espiritual ou perispírito", define.


MATÉRIA 
O perispírito, de acordo com o conhecimento espírita, é envoltório fluídico que uniria a alma humana ao corpo físico e, através do qual, o espírito atuaria na matéria. Mas, antes de mais nada, é preciso compreender que, para o espiritismo, somos seres em constante evolução e estar encarnado é o processo para evoluir. No livro a Cura e Auto-Cura, uma visão médico espírita, do homeopata Andrei Moreira, ele explica que a reencarnação é a lei biológica natural, "instrumento da evolução, em que o ser experimenta o contato com a diversidade e desenvolve aptidões necessárias ao progresso." Ele diz que a reercarnação devolve ao homem o fruto de suas escolhas, "em mecanismos naturais de reencontros, saúde ou doença."

O médico psiquiatra Jaider Rodrigues diz que usa recursos da ciência acrescidos da compreensão espírita no tratamento dos pacientes
Segundo explica o psiquiatra espírita Jaider Rodrigues, o paciente da psiquiatria é visto por dois viés: "Levamos em conta a influência espiritual, que pode ser do próprio paciente, ou seja, questões do próprio espírito e, também, as influências externas, que podem ser de outros espíritos que passam a influenciar no quadro mental do paciente", explica, acrescentando que todos os casos são passivos de auxílio. "Usamos os recursos da ciência, acrescidos da compreensão espírita."

Jaider lembra do caso de uma paciente que lhe chamou a atenção. Muito bonita e, com no máximo 30 anos, essa mulher, de BH, desenvolveu um quadro de esquizofrenia grave, sem motivo aparente. "Ela entrou em um quadro psicótico e tivemos que interná-la no Hospital André Luiz, pois estava agressiva, falava coisas sem sentido. Durante as sessões mediúnicas que fazemos para os pacientes, apareceu um espírito dizendo ter sido escravo na vida anterior e contou que aquela mulher, na sua última vida, tinha sido casada com um senhor de engenho e abusava muito dos escravos, com requinte de crueldade. Nesta vida, esses espíritos a perturbaram", conta, dizendo que o espírito avisou ainda que seria difícil livrá-la dessas influências externas, e que por mais que os médicos fizessem, nada ia adiantar. "Por um tempo, ela conseguiu melhorar. Mas não durou muito e faleceu", lamenta Jaider.

Processo de evolução
Geralmente, os transtornos quando se manifestam, é a culpa do que se fez em outra vida, como apontam os estudos espíritas. Mas, de acordo com os médicos, não se trata de um castigo divino. Faz parte do processo de evolução daquele espírito. Ouvir vozes, de acordo com Jaider, pode ser, sim, um espírito falando. A obsessão, de acordo com o precursor do espiritismo, Alan Kardec, é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. "Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral sem perceptíveis sinais exteriores até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais", diz em seu livro, o Evangelho segundo o espiritismo. Ele diz que a obsessão ocorrerá toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exercer sobre o outro constrição mental negativa.

De acordo com Kardec, há vários tipos de obsessão, sendo o mais grave o de subjugação, em que o obsessor interfere e domina o cérebro do encarnado. A subjugação pode ser psíquica, física ou fisiopsíquica. Assim, as doenças mentais ou físicas podem, sim, de acordo com o conhecimento espírita, sofrer influências externas. Um dos tratamentos indicados são os passes, idas ao centro espírita e sessões de desobsessão, em que os médicos médiuns ajudam os espíritos desencarnados e encarnados envolvidos no processo a receber esclarecimentos, para que ambos tenham bases sólidas para mudar hábitos e atitudes, condicionando-se a atitudes mentais mais saudáveis. Segundo escreveu Francisco Cândido Xavier, ao psicografar a obra de André Luíz, Mundo maior, "o processo obsessivo não é, na realidade, uma doença, é simplesmente um reflexo de mentes doentias que se unem. Ele não é uma causa, é o efeito de um 'mal' anterior".

REBELDES 
Nesses casos de transtornos mentais, além do conhecimento espírita, medicamentos são usados. Kardec acreditava que somente medicação não traria alívio. No Hospital André Luiz, em BH, que tem 45 anos de funcionamento, sendo referência para casos psiquiátricos, os pacientes, de acordo com o diretor, Roberto Lúcio Vieira, são de todas as crenças, sendo o diferencial da unidade o tratamento espiritual. Segundo ele, há no hospital 350 funcionários que trabalham voluntariamente. "Com autorização do paciente ou da família, aplicamos os conhecimentos do espiritismo." De acordo com ele, algumas doenças psiquiátricas, geralmente, são de indivíduos mais rebeldes.

É o caso, por exemplo, da depressão, que afeta cerca de 35 milhões de pessoas no Brasil. "É uma doença que demarca a grande rebeldia do espírito", diz Roberto. Segundo Jaider, geralmente, é o espírito não se contentando com a vida que Deus lhe deu. "É como se dissesse 'já que não tenho a vida que quero, não aceito a vida que tenho'. Se o paciente der espaço, a gente estimula a relação com Deus e o hábito da oração", conta. Os pensamentos negativos também contribuem para o quadro.

Outro mal apontado pelos médicos é o de Alzheimer. Segundo Roberto, assim como a medicina tradicional vem tentando entender essa doença que afeta a memória do paciente, o espiritismo também busca suas explicações. Um dos esclarecimentos para a causa da enfermidade é que a grande maioria dos portadores da doença foi culturalmente pobre durante a vida, se prendeu a questões materiais e dificuldades de relacionamento. "Quando ocorre o Alzheimer, é como se fosse uma oportunidade para que essa pessoa chegue mais "limpa" espiritualmente no outro plano. E para os familiares, é uma prova de paciência."


KARDEC, A BIOGRAFIA, POR MARCEL SOUTO MAIOR

No que parece ser o maior lançamento espírita do ano (mesmo que o autor não seja espírita), o jornalista Marcel Souto Maior, autor de "As Vidas de Chico Xavier", escreve agora sobre a vida Allan Kardec, francês que codificou o espiritismo no século 19.

O que transformou o cético em referência fundamental de uma religião? O que o convenceu a acreditar que os mortos estavam vivos e se comunicavam através de médiuns? O que o fez enfrentar adversários ferrenhos da Igreja e da imprensa para levar ao maior número de leitores sua fé na sobrevivência do espírito?

Foi em busca de respostas para estas perguntas que o autor, biógrafo de Chico Xavier, saiu a campo. O resultado de sua pesquisa é um retrato surpreendente do homem que virou símbolo de uma doutrina para milhões de seguidores e ajudou a transformar o Brasil no maior país espírita do mundo.

Além de "As Vidas de Chico Xavier", livro adaptado para o cinema com o título "Chico Xavier", o autor também assina "Por Trás do Véu de Ísis" e "As Lições de Chico Xavier".

"Kardec"está com lançamento previsto para 21 de outubro.


"O Livro dos Espíritos é fundamental para quem quer entender a origem, a lógica e o sentido da Doutrina Espírita. Li e reli várias vezes para conseguir decifrar Chico Xavier. Durante toda a vida ele se dedicou a seguir os principais valores descritos/defendidos no livro de Allan Kardec: a fé na vida depois da morte, o valor da caridade, a importância do trabalho em favor do outro." 
"(Kardec) é outro personagem muito forte. Eu resumiria a história dele com poucas palavras: “Ele nasceu Hippolyte Léon Denizard Rivail na França do século 19. Sempre foi cético. Um professor respeitado em seu tempo, discípulo do educador Pestalozzi. Até que mesas começaram a girar e mensagens passaram a chegar de muito longe... Com 54 anos, depois de testemunhar estes fenômenos – batizados de “mesas girantes” -, Rivail mudou de vida e de nome. Tornou-se Allan Kardec para dar voz aos espíritos...” A história de Kardec é a história de uma conversão."
"Eu era um “cético absoluto” quando me aproximei de Chico Xavier pela primeira vez. Hoje digo que minha fé “não é consolidada”, é cheia de altos e baixos... Às vezes acredito na possibilidade da “vida depois da morte”, às vezes duvido totalmente, mas esta nova “posição” já é um avanço para quem não acreditava em absolutamente nada há 15 anos. Não tenho nenhuma religião, mas tenho fascínio por este tema: a fé."
– Marcel Souto Maior 

Autor: Marcel Souto Maior
Editora: Record
Páginas: 322
Quanto: R$ 31,90 (pré-venda)