quinta-feira, 7 de novembro de 2013

BIOGRAFIA DE KARDEC JÁ É UM SUCESSO NACIONAL

Há menos de 20 dias nas livrarias do país, a biografia de Allan Kardec, o codificador do espiritismo, já figura entre as obras mais vendidas. O livro “Kardec: A Biografia” (editora Record) é de Marcel Souto Maior e foi lançado no dia 21 de outubro. Até agora, já foram vendidos 40 mil dos 100 mil exemplares colocados no mercado.

Se depender da força do personagem, esse número atingido em pouco tempo não será apenas “fogo de palha”. Em “Kardec: A Biografia”, Souto Maior vai além da doutrina para contar como o cético professor Hippolyte se tornou um missionário que deu origem ao espiritismo. Em sua pesquisa, o jornalista e escritor usou documentos históricos, como jornais e revistas da época, inclusive originais da “Revista Espírita”, publicada todo mês por Kardec durante 12 anos.

A expectativa é de que a publicação siga os passos do sucesso de "As Vidas de Chico Xavier" (editora LeYa), biografia do mesmo autor. Desde 2003, quando foi lançada, a narrativa sobre o brasileiro já vendeu mais de um milhão de cópias no país, e sua adaptação para o cinema, no filme "Chico Xavier", dirigido por Daniel Filho, ultrapassou a marca de 3 milhões de espectadores.

De acordo com o IBGE, o número de espíritas autodeclarados no Brasil é de 3,8 milhões, apenas, mas o grupo de simpatizantes com a doutrina criada por Kardec é de 30 milhões, segundo a Federação Espírita Brasileira.

Isso pode explicar o bom desempenho das produções anteriores e o rápido aparecimento de “Kardec: A Biografia” nas listas de mais vendidos das grandes publicações. Nas edições desta semana da revista Veja e da Época, o livro recém-lançado ficou em 7º e 6° lugar, respectivamente, na categoria Não Ficção. Nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo do dia 2 de novembro, a história de Allan Kardec ficou, respectivamente, em 6° e 9º lugar na categoria Não Ficção.

Fonte: Exame On Line

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Kardec, A Biografia, já vai virar filme pelo diretor de "Nosso Lar"

Em meio a polêmica sobre biografias, uma aposta da editora Record promete sacudir o mercado: Kardec: A Biografia, de Marcel Souto Maior. O livro sobre o fundador do espiritismo, do mesmo autor de As Vidas de Chico Xavier (LeYa), tem tiragem inicial de 100 mil cópias. E já vai virar filme. As gravações estão previstas para 2015, com direção de Wagner de Assis, o mesmo que dirigou Nosso Lar em 2011.

O francês Allan Kardec (1804-1869), é ele próprio um best-seller. Vendeu mais de 11 milhões de livros no Brasil, segundo os números da maior editora do gênero, a Federação Espírita Brasileira. 

Embora só 2% (3,8 milhões) da população brasileira se diga espírita, segundo o Censo de 2010, eles são bons pagadores. Considerado só o faturamento com a venda de livros religiosos, os títulos espíritas correspondem a 32,63%, à frente dos católicos (31,79%) e dos evangélicos (19,92%).


IstoÉ: Kardec, A Biografia, o novo livro de Marcel Souto Maior

Como o cientista francês Hippolyte Rivail se tornou, aos 53 anos, Allan Kardec, criador da doutrina espírita e fonte de inspiração do médium brasileiro Chico Xavier

Por Andres Vera - Revista IstoÉ, N° Edição:  2294 |  01.Nov.13
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"A pessoa que estudar a fundo as ciências rirá dos ignorantes. Não mais crerá em fantasmas ou almas do outro mundo.” Era assim que o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, membro de nove sociedades científicas e autor de cerca de 20 livros sobre pedagogia na França do século XIX, resumia seu ceticismo. Intelectual respeitado, ele vivia em um universo no qual a ciência estava em ebulição, em meio a discussões sobre eletromagnetismo, motor a vapor e lâmpada incandescente. Apesar disso, tornou-se o criador da doutrina espírita tal qual ela está sistematizada hoje, que crê, entre outras coisas, na reencarnação e na comunicação entre vivos e mortos. É a história dessa transformação que está sendo contada no recém-lançado “Kardec, a Biografia” (ed. Record), do jornalista brasileiro Marcel Souto Maior. “Kardec precisou ir além da religião para criar uma doutrina inteira em apenas 13 anos”, diz o autor. De 1857, ano de sua conversão, aos 53 anos, a 1869, quando morreu de aneurisma cerebral, o francês já havia arrebatado sete milhões de seguidores no mundo.  Um número impressionante para um planeta com então 1,3 bilhão de habitantes e comunicação precária. Os créditos da velocidade recaem sobre o próprio. “Ele alcançou isso porque dava tratamento científico aos estudos e sabia divulgá-los”, afirma Souto Maior.
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Sessão num centro espírita brasileiro: religião baseada nos livros de Kardec
 
A aproximação do cientista com o espiritismo começou em 1855, quando um fenômeno agitava a França: as mesas “girantes”. Em reuniões fechadas ou salões públicos, participantes ditavam perguntas a mesas que se moviam, no que era identificado como um sinal de resposta, de mortos ilustres ou anônimos. Curioso, Rivail passou a frequentá-las em Paris. Procurava, antes, por cabos, roldanas e fios. “Estamos longe de conhecer todos os agentes ocultos da natureza”, escreveu. Convencido da boa-fé de alguns grupos, ele passou a crer. Tempos depois, um espírito contou que o conhecera na época do imperador romano Júlio César, em 58 a.C. Na época, Rivail chamava-se Allan Kardec – daí a mudança de nome. Os primeiros registros do professor sobre o espiritismo viraram “O Livro dos Espíritos” (1857). Ele assinaria também outras quatro obras básicas, a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e a publicação mensal, ao longo de 12 anos, de uma revista – tornando-se, assim, o grande codificador da doutrina. Mas Kardec também presidia sessões espíritas e nelas presenciou, por exemplo, uma jovem de 12 anos receber, de lápis em punho, as palavras de Luís IX, rei da França morto seis séculos antes. Em outra concorrida reunião, o missionário e uma plateia embasbacada testemunharam um médium receber – e executar – uma partitura atribuída a Mozart.
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Para confeccionar sua obra, Souto Maior percorreu as bibliotecas de Paris em busca de material sobre o “papa dos espíritas”. Jornais de época mostram, por exemplo, a briga entre o criador do espiritismo e a Igreja Católica. Em 1861, em um episódio conhecido como “Auto de Fé de Barcelona”, foram queimados 300 livros espíritas na cidade espanhola. Entre eles estavam “O Livro dos Espíritos” e a tal sonata de Mozart. “Kardec era político”, diz Souto Maior. “Depois das brigas, ele media as palavras com a Igreja e sabia que isso traria publicidade.” A perseguição ao espiritismo não poupava o francês, médiuns admirados por ele ou mesmo seguidores novatos. Em 1865, dois jovens de Nova York voaram a Paris para mostrar “toques espontâneos de instrumentos musicais e transporte de objetos no ar.” Durante a exibição, um espectador invadiu o palco e revelou à plateia o truque: tábuas soltas e uma passagem secreta. A imprensa transformou o episódio em piada. Kardec se defendeu. Disse que o embuste não atingia a verdadeira ciência espírita, devota à evolução do ser humano. “Fora da caridade não há salvação”, escreveu. Insistentemente perseguido, começou a demonstrar sinais de exaustão e teve um problema cardíaco. “Daí em diante foi uma contagem regressiva até sua morte”, diz Souto Maior. Em seu túmulo, no Cemitério Père-Lachaise, em Paris, há hoje mais mensagens em português do que em francês. Por quê?
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A resposta está tanto no espiritismo como no povo brasileiro. Entre 2000 e 2010, o número de espíritas no País cresceu 65%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O espiritismo tem 3,8 milhões de fiéis autodeclarados, segundo o IBGE, e 30 milhões de simpatizantes, segundo a Federação Espírita Brasileira. “Nossa população aceita muito bem a ideia de vida após a morte”, diz Geraldo Campetti, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. Há um consenso entre biógrafos céticos, estudiosos da religião ou espíritas devotos: o kardecismo é praticamente uma criação brasileira. Três fatores ajudaram a disseminação da doutrina: o sincretismo brasileiro, que facilita a convivência entre crenças, a proximidade entre espiritismo e cristianismo e, por último, um certo médium de Uberaba, em Minas Gerais. “A repercussão alcançada por Chico Xavier é o maior fator da expansão dos espíritas no País”, diz o sociólogo Reginaldo Prandi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro “Os mortos e os vivos”. O espiritismo chegou ao Brasil em 1860 e ganhou relevância com Bezerra de Menezes, médico e político que, além de expoente da doutrina, traduziu obras de Kardec para o português. Mas coube a Chico Xavier, falecido em 2002, o fenômeno da explosão da doutrina a partir da década de 1970. O mineiro ostenta mais de 450 livros publicados. Sua biografia “As Vidas de Chico Xavier”, escrita pelo mesmo Marcel Souto Maior, vendeu mais de um milhão de exemplares e chegou ao cinema com direção de Daniel Filho. Fez 3,4 milhões de espectadores.
Souto Maior diz que o roteiro cinematográfico da história de Rivail-Kardec já foi finalizado. “O filme deve ficar pronto no ano que vem.” Discípulo fiel do kardecismo, Chico Xavier costumava recomendar a todos as palavras de Kardec. Se o conselho valer para a nova biografia e o futuro filme, a história de Hippolite Rivail deve manter o fenômeno de público.
foto: Arquivo/ag. O Globo
Fontes: IBGE e Federação Espírita Brasileira
fotos: ROBERTO CASTRO/AG. ISTOÉ