segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Discovery Channel: A Ciência da Mágoa

(via Kardec Online)
Um fascinante documentário que investiga alguns dos mistérios mais intrigantes do coração e acompanha os cientistas na linha de frente da ciência cardíaca. Histórias incríveis do mundo inteiro parecem sugerir que o coração é um órgão muito mais complexo e misterioso do que se imaginava. Será realmente possível morrer por um coração partido? As experiências com pacientes de transplante de coração provam que o órgão é capaz de armazenar memórias? Como as doenças cardíacas são hoje a maior causa de mortes no mundo, este programa analisa o músculo mais importante do corpo humano de uma forma revolucionária. Desde as incríveis novas conexões entre o coração e a mente até o intrigante sistema de neurônios apelidado de “o pequeno coração no cérebro”, esta é a vida secreta do coração humano.

 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Onde você vê




















Fernando Pessoa


“Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer

Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência

Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa

Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.

Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo

E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar

Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura.”

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Curso de Passe com Manoel Messias


Por Katherine Quadros

Nos dias 05 e 12 de novembro, a Sociedade de Educação Espírita da Bahia, SEEB, promoveu o curso de passe com a presença do cientista espírita Manoel Messias. O curso aconteceu na sede da SEEB e contou com a participação de cerca de 30 pessoas em estágios diversos de conhecimento espírita, o que não foi empecilho para acontecer um evento harmonioso e agradabilíssimo.

Não é preciso discorrer sobre o conhecimento desse espírita que, com simplicidade vai despejando todo o seu tesouro adquirido com seriedade e muito amor. Aliás, o amor dá para respirar nas suas palavras – amor pela doutrina, pelo estudo e pelos mistérios que estão ocultos nesse grande iceberg que ainda é o nosso entendimento sobre o universo.

O assunto foi amplo e foi abordado conceitos sobre passe, corpo humano, onda, radiações, mente, fluidos, magnetismo, perispírito, cordões fluídicos, duplo etérico, saúde, água fluidificada, entre outros que foram resumidos em uma apostila que pode ser adquirida na sede da SEEB. Durante o curso, um vasto material de pesquisa feito pelo próprio Messias e por outros pesquisadores em todo o mundo foi acrescentado com leveza e bom humor. É difícil colocar aqui a riqueza deste material, pois não tem em livros, e é um resumo de anos de aprofundamento sobre o assunto.

Gostaria de mencionar uma colocação que me sensibilizou: “Quando dou um passe, eu sinto coisas que não entendo, mas sigo a intuição, observo depois estudo”. Conceitos e uma ampla literatura sobre cura foram mostrados, com comprovação científica sobre a melhora imunológica, cicatrização de feridas e influências diversas do passe sobre corpo humano e a natureza em geral. Foi discutido também a influência do passe sobre a água, inclusive a diferença de diversos recipientes como o metal sobre a qualidade da água. O passe muda a tensão superficial da água, permitindo que esta absorva os fluidos. Estudos com moléculas marcadas comprovaram a ação do passe sobre estas, mostrando que elas mudam de direção, inclusive quando o passe foi dado a distância.

Gostaria de finalizar com algumas sugestões de bibliografia sugeridas por Messias: Energia do Médium de Robson Pinheiro; a Codificação Espítita de Alan Kardec; As Palavras Curam, de Larry Dossey; Medicina Vibracional, de Richard Gerber; Medicina Espiritual da Cura, de Herbert Benson; entre muitos outros que foram mencionados durante o curso.

Natural de Aracajú-SE, formado em Engenheira Civil, Manoel Messias é articulista e expositor espírita. Atual Secretário para Assuntos Culturais e Científicos da Associação de Medicina e Espiritismo da Bahia, efetua pesquisas nas áreas de bioenergia, mediunidade e kirliangrafia utilizando equipamento de última geração. Coordenou pesquisa laboratorial a respeito da Influência da Bioenergia do Passe sobre a água, concluindo pela efetiva alteração físico-química das amostras e pela possibilidade de medição daquela alteração.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

É impossível esquecer o Auto-de-Fé de Barcelona

Jávier Godinho
JORNAL DA MANHÃ
Há 150 anos - mais exatamente no dia 9/10/2011 -, 300 exemplares de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, enviados da França, foram confiscados na Espanha pelo arcebispo dom Antônio Palau Y Termenes e queimados em praça pública, no denominado Auto-de-Fé de Barcelona.
Auto-de-fé era uma coisa muito feia e triste, explosão de intolerância religiosa, que até hoje provoca atos de destruição e morte e guerras, principalmente no Oriente Médio. A enciclopédia ensina que por auto-de-fé se entendia a cerimônia pública em que se liam as sentenças da Inquisição, muitas vezes com a presença da realeza. Em geral, aconteciam na principal praça da cidade, com uma procissão prolongada, missa solene, juramento de obediência ao Tribunal do Santo Ofício, sermão e leitura das sentenças de condenação. Constituíam a maioria das vítimas os cristãos-novos apóstatas, alumbrados, acusados de bruxaria e de bigamia, e protestantes. A pena máxima que o inquisidor podia aplicar era de prisão perpétua. Pena de morte, quem impunha era a autoridade civil. Entre o primeiro auto-de-fé, realizado em Sevilha, na Espanha, em 1481, e o último, que teve lugar no México, em 1850, os penitenciados somaram dezenas de milhares. Somente em Lisboa, entre o primeiro, em 1540, e o último, em 1767, esse número ultrapassou 23 mil condenados.
O Auto-de-fé de Barcelona foi uma dessas violências históricas, cometidas por uma autoridade católica contra o Espiritismo, que então surgia, tomando-lhe indevidamente as primeiras obras e determinando sua queima no melhor estilo inquisitorial, mesmo já tendo a Inquisição terminado na Espanha em 1820.
Na manhã daquele dia, milhares de cidadãos de Barcelona, capital da província de Catalunha, afluíram à esplanada da cidade para assistir à incineração das três centenas de livros espíritas, importados da França. Dom Antônio Palau Y Termens mandou apreendê-los sob alegação de serem "imorais e contrários à fé católica".
Por volta de 10h30, surgiu um padre, vestido com paramentos especiais para ritos daquela espécie, trazendo numa das mãos uma cruz e, na outra, uma tocha. Cuidando do aspecto legal, acompanhavam-no um notário, espécie de assessor, encarregado de redigir a ata da cerimônia; um funcionário superior da administração aduaneira; três serventes, encarregados de manter aceso o fogo, e um agente da alfândega, representando o adquirente das publicações que seriam queimadas. Cumprindo os rituais da Igreja, o padre lançou a tocha sobre as pilhas de livros, encarregando-se os serventes de manterem acesa mais uma fogueira da Inquisição, oficialmente extinta na Espanha há 41 anos.
Um artista registrou a cena principal numa aquarela e, quando, finalmente, o fogo se apagou, a comitiva clerical se retirou, sob as vaias da multidão e os gritos de "abaixo a Inquisição!".
Os tribunais do Santo Ofício, durante seis séculos, perseguiram, apropriaram-se de propriedades e torturaram milhares de inocentes, os chamados hereges (aqueles que professam doutrina contrária a dogmas da Igreja), milhares dos quais foram queimados vivos, como aconteceu até a Joana D'Arc, heroína das Cruzadas, mais tarde considerada santa pela própria Igreja Católica.
O adquirente dos 300 exemplares era o renomado escritor e editor francês Maurice Lachâtre, autor da História dos Papas (10 volumes) e História da Inquisição. Ele estava refugiado em Barcelona, fugindo do regime absolutista de Napoleão III, que o condenara a cinco anos de prisão por haver editado o célebre Dicionário Universal Ilustrado.
Os exemplares de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O que é o Espiritismo chegaram a Barcelona num lote juntamente com outros, todos devidamente comprados e pagos, sem direito a reembolso pelo proprietário. Enviados de Paris, haviam sido inspecionados na alfândega espanhola, cobrando-se do destinatário todos os tributos correspondentes.
O bispo Antônio Palau Y Termens era homem de ampla cultura, doutor em Teologia, catedrático do Seminário de Barcelona, cônego magistral de Tarragona e autor de várias obras religiosas. Ele alegou, para desapropriar e mandar destruir os livros espíritas:
"A Igreja Católica é Universal, e sendo esses livros contrários à moral e à fé católica, o governo não pode permitir que eles pervertam a moral e a religião dos outros países".
A propósito, o jornal La Carona publicou, à época, o seguinte:
"Os sinceros amigos da paz, do princípio de autoridade e da religião, se afligem com essas demonstrações reacionárias porque compreendem que às reações sucedem as revoluções. Os liberais sinceros se indignam de semelhantes espetáculos, dados por homens que não compreendem a religião sem a intolerância e querem impor como Maomé impunha o seu Alcorão".
Por sua vez, perdão é uma coisa muito bonita e feliz, nesse caso impondo o bom senso e a paciência sobre a intolerância e a arbitrariedade. Jesus, no seu momento supremo na cruz, não pediu ao Pai perdão para seus algozes?
Allan Kardec seguiu em frente, determinado e sereno, no seu trabalho, reconhecendo nessa agressão tão somente a reação de incomodados com a crescente aceitação da Doutrina Espírita ainda no seu dealbar. Não permitiu que se fossem à imprensa reclamar e aos tribunais exigir indenização. O edital de outubro da revista Reformador, da Federação Espírita Brasileira, é justamente sobre esse assunto e merece reflexão.
Perdoar é a expressão maior da caridade e se manifesta nas almas nobres, independentemente de crença religiosa.
A frase mais conhecida de Nelson Mandela, por exemplo, é um primor dessa virtude. Preso 28 anos por sua luta contra o apartheid - odioso domínio total da minoria branca sobre a imensa maioria negra -, ao ser eleito presidente da república, ele emocionou o mundo com a frase que proferiu, alusiva ao que sofrera e ao que faria no comando da África do Sul renovada para o bem: "Não posso esquecer, mas posso perdoar".

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A vida após a morte e suas distintas interpretações






Conteúdo do site BONS FLUIDOS


Publicado em 01/08/2011Raphaela de C. Mello
Veja como cada religião - espiritismo, budismo, hinduísmo, judaísmo, candomblé, islamismo, catolicismo - compreende a vida após a morte


Se a vida depois da morte existe ou não ninguém poderá emitir atestado de garantia. Mas o que com certeza se conhece muito bem é o avassalador interesse do público pelo tema.

Em meio a tantas incertezas - de terremotos e tsunamis a doenças de cura desconhecida, mesmo com tanta oferta de tecnologia -, a continuidade da vida em planos superiores soa como o refrigério de que necessitamos para nos mantermos em pé. "Essa certeza é um consolo incrível. Apegados a ela, não precisamos depositar todas as esperanças apenas na vida física", diz Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira.

Por outro lado, a imortalidade do espírito nos responsabiliza pelos sentimentos, pensamentos e ações praticados aqui, no plano terrestre. Carregaremos para a vida depois da morte os créditos e os débitos angariados no dia a dia. "Se acredito que a morte é passagem, transformação, eu vivo a vida de forma mais consciente e coerente", afirma Geraldo. Assim, não corremos o risco de ser abatidos pela desmotivação, manifesta em questionamentos como estes: "Para que me esforçar para ser um ser humano melhor, se tudo vai acabar um dia?", "Se existe um Deus justo, por que pessoas inocentes são alvo de tantas calamidades?".

Confira então de que maneira cada religião compreende o que nos espera além desta vida!

Espiritismo

"De acordo com a doutrina espírita, o espírito - a essência do ser - continua vivo depois da morte, que só atinge o corpo. O que encontramos do outro lado reflete o que realizamos na Terra. É uma consequência justa, baseada no merecimento. Desencarnação é o processo de libertação do espírito. No entanto, este pode ficar apegado a dores, paixões, vícios, materialismo, preocupações. O desligamento do plano material consome dias, meses ou até anos. Há, inclusive, aqueles que não sabem que desencarnaram. Por isso, é importante termos em vida a compreensão de que haverá continuidade e de que não faremos a travessia sozinhos. O espírito é acompanhado por amigos espirituais e familiares. Pela sintonia que estabelece por meio de pensamentos e sentimentos, será atraído para comunidades de luz ou para o umbral, espécie de purgatório temporário, onde terá a chance de aprender e se elevar. Quando estiver preparado, o espírito retornará ao plano físico num novo corpo para quitar dívidas e adquirir créditos. Alguns chegam devendo e voltam ainda mais endividados por causa de orgulho, desequilíbrios e faltas graves. Reencarnamos quantas vezes forem necessárias. Seres de luz podem ascender ao mundo superior e não mais voltar à Terra."
Geraldo Campetti, diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB)


Budismo

"Vida e morte são uma unidade, não se separam. Tudo, a cada instante, está nascendo e morrendo e logo não há nascimento a ser desejado nem morte a ser rejeitada. Dentro do quadro imenso do universo, os seres estão em movimento e cada um carrega uma personalidade perecível. O budismo nega o eu eterno. Os seres morrem e renascem abandonando a ideia do que foram. Buda dizia que o corpo morto é uma carroça quebrada e não se deve arrastar uma carroça quebrada, ou seja, devemos nos desapegar dessa forma. O budismo japonês não nega nem afirma categoricamente esse processo. A vertente tibetana aceita a volta do espírito em outras vidas. Para os discípulos dessa corrente, depois da morte do corpo físico a consciência cumpre 49 etapas em 49 dias, a fim de se reorganizar. Depois, há o renascimento em algum nível de realidade, seja humano, animal ou inanimado, determinado pelo carma vivido. Se fatos e circunstâncias influenciaram a vida da pessoa, depois da morte continuam a produzir efeitos e consequências na trajetória dela. Os budistas criam alegorias para entender o que acontece depois desse plano - cada um terá sua própria experiência. Portanto, cabe aqui uma única recomendação: faça o bem a todos os seres. Afinal, não há criaturas piores ou melhores. Todos somos interligados, cada espécie com sua função e necessidade no mundo."
Monja Coen, fundadora da Comunidade Zen Budista, em São Paulo.


Hinduísmo

"Na Índia, quando uma pessoa morre, seu corpo é levado pelos parentes para o Rio Ganges. Lá ocorre a cremação, num ritual repleto de detalhes. Para os indianos, a pessoa não é o corpo, mas a alma, que parte para outra dimensão. Por isso, cantam e festejam. Dependendo do mérito conquistado em vida, o espírito passará um período no loka - uma espécie de céu. Esgotadas as credenciais, tem de retornar à instância física. No trajeto, assimila o que necessita vivenciar na próxima estada - o espírito percorre as dimensões mentais e emocionais e vai conhecendo os desafios que terá de enfrentar na vida nova. Nasce, portanto, imbuído da missão que vem cumprir na encarnação atual, resgatando uma parcela dos erros cometidos no decorrer das vidas anteriores. E regressa para as famílias alinhadas a seu mérito (ou demérito) espiritual, mental e emocional. Almas evoluídas nascem na mais alta casta, a dos brâmanes, representada por sacerdotes e filósofos. O grupo logo abaixo cai na casta dos xátrias, composta de guerreiros e políticos. As almas menos nobres vão para a casta dos comerciantes, os vaishas, e, por último, para a casta dos trabalhadores, os shudras. Quando a alma atinge um patamar espiritual elevado e consegue finalmente se desapegar do mundo material, mental e emocional, passa a ter um entendimento perfeito das coisas, sem ilusões. Aí não precisa mais encarnar. A grande maioria dos indianos aceita essa sina plenamente. Entende que está onde está por mérito e, se ascender, passando por todas as instâncias no decorrer de sucessivas encarnações, haverá uma grande ordem social. Do contrário, imperará a desordem."
Luís Malta Louceiro, filósofo e especialista em cultura indiana.


Judaísmo

"O judaísmo prega que todos os mortos serão ressuscitados na Era Messiânica (quando o Messias chegar à Terra). Mas a ideia da reencarnação também está presente nos livros judaicos, embora os rabinos falem muito pouco sobre ela. Para a cabala - conjunto de princípios espirituais anterior às grandes religiões monoteístas -, a alma é imortal. Antes de nascer, assinamos uma espécie de contrato por meio do qual nos comprometemos a enfrentar determinadas situações desafiadoras que podem trazer tristezas e dificuldades, provações que contribuem para nosso aperfeiçoamento. Quando morremos, revisamos o que fizemos ou não na Terra antes de estar aptos a retornar. Há três níveis de alma que vão pouco a pouco se alojando no corpo. O mais "baixo", chamado nefesh, entra primeiro; o intermediário, ruach, aos 12 ou 13 anos; e o mais elevado, neshama, aos 20 anos. Quando a pessoa morre, a neshama leva uma semana para partir - por isso, nesse período, os espelhos da casa são cobertos. Assim, a alma, ainda confusa em relação a seu estado, não corre o risco de levar um choque ao visitar o local. O segundo nível demora até 30 dias para desabitar o corpo. E o mais baixo até um ano. Enquanto a alma ou partes dela estiverem ligadas ao corpo, não estará pronta para reencarnar, o que pode lhe causar sofrimento. A consciência da pessoa em vida determina seu entendimento na hora da morte. De toda forma, para proteger o ente querido e ajudar a alma a se elevar, demonstrando amor por quem partiu, os familiares entoam uma prece em sua memória, chamada kadish."
Yonatan Shani, diretor do Kabbalah Centre do Brasil


Candomblé

"O candomblé compreende diversas vertentes. Respondo pelo candomblé contemporâneo, que agrega conceitos de filosofia, psicologia e tradições orientais. Sob tal perspectiva, se o indivíduo leva uma vida imbuída de verdade, o pós-morte será uma extensão de suas ações, portanto, uma passagem confortável, sem julgamentos. Tal passagem pode ser facilitada também pela influência dos orixás - entidades que representam o vento, o mar, a mata e assim por diante - e que lhe servem de guias espirituais. Acreditamos no processo evolutivo da reencarnação e na existência de reinos espirituais, para onde se encaminham os mortos, dedicados a cada tradição religiosa. Essas comunidades interagem, não há fronteiras entre elas. Depois da morte, o tempo é relativo e o espírito pode ser resgatado ou não - tudo dependerá de como usou o livre-arbítrio. Quem realiza esse resgate nas comunidades espirituais são os espíritos de luz, como os velhos, os caboclos, os índios, as pombagiras, que recebem quem chega e também transmitem ensinamentos com vistas à evolução. Depois de sucessivas reencarnações, o espírito pode optar por servir aos homens encarnados como um ser de luz e não mais retornar à Terra. Ainda assim segue trabalhando pelo próprio aprimoramento."
Babalorixá Kabila Aruanda, de São Paulo.


Islamismo

"Os muçulmanos acreditam que todos nascem puros e inocentes, com uma beleza inata e a capacidade de progredir e adquirir conhecimento. No entanto, possuímos o livre-arbítrio. Ao mesmo tempo em que temos uma tendência natural para o bem, somos livres e capazes de crueldade e injustiça. Sendo assim, quem professa a fé islâmica será responsabilizado por todos os seus pensamentos e ações no Dia do Juízo, quando o mundo será enrolado como um pergaminho e todos serão julgados por Deus. Aqueles que apresentarem bons atos serão recompensados com o paraíso, os outros irão para o inferno - conceitos puramente metafóricos. A verdadeira natureza do céu e do inferno só é conhecida por Deus. A crença no Dia do Juízo significa que a morte não é o fim da vida, mas um portal para a vida eterna. Portanto, os muçulmanos percebem o tempo como sendo contínuo, desse mundo para o próximo; e o tempo passado aqui moldará a natureza do tempo eterno. Em suma, a salvação - neste mundo e na vida depois da morte - está em praticar boas obras e promover tudo o que seja nobre, justo e digno de louvor."
Ziauddin Sardar, autor de Em que Acreditam os Muçulmanos (Civilização Brasileira)


Catolicismo

"O fundamento da fé na ressurreição se encontra no fato de Deus ter ressuscitado seu filho, Jesus. Morrer e ser ressuscitado significa chegar a uma ampliação plena da cognição, de tal maneira que, só na morte, a pessoa tenha a possibilidade de conhecer, com clareza total e absoluta, o significado e as consequências de sua vida vivida, no nível individual, socioestrutural, histórico e cósmico. Ela própria, junto com Deus e com base nos parâmetros dele, julga sua trajetória, percebendo, em que medida, correspondeu ou não às diretrizes divinas. Tal processo é conhecido por "juízo final". Na morte, Deus oferece a cada pessoa uma última oportunidade de conversão, momento chamado de "purgatório". No entanto, ela pode se negar a aceitar os critérios superiores por Ele estabelecido. Ao agir assim, criaria para si uma situação degradante, o "inferno". Deus quer que todas as pessoas alcancem a plenitude, o "céu", que significa a comunhão plena e íntima com Ele. Dessa forma, o ser humano fica para sempre amparado no amor divino, numa felicidade total, além de viver em comunhão com seus irmãos e irmãs."
Renold Blank, doutor em teologia e filosofia e professor emérito da Pontifícia Faculdade de Teologia de São Paulo.

O medo de errar


Martha Medeiros
Jornal Zero Hora, 25 de setembro de 2011


A gente é a soma das nossas decisões. 

É uma frase da qual sempre gostei, mas lembrei dela outro dia num local inusitado: dentro do súper. Comprar maionese, band-aid e iogurte, por exemplo, hoje requer expertise. Tem maionese tradicional, light, premium, com leite, com ômega 3, com limão, com ovos “free range”. Band-aid, há de todos os formatos e tamanhos, nas versões transparente, extratransparente, colorido, temático, flexível.

Absorvente com aba e sem aba, com perfume e sem perfume, cobertura seca ou suave. Creme dental contra o amarelamento, contra o tártaro, contra o mau hálito, contra a cárie, contra as bactérias. É o melhor dos mundos: aumentou a diversificação. E com ela, o medo de errar.

Assim como antes era mais fácil fazer compras, também era mais fácil viver. Para ser feliz, bastava estudar (magistério para as moças), fazer uma faculdade (Medicina, Engenharia ou Direito para os rapazes), casar (com o sexo oposto), ter filhos (no mínimo dois) e manter a família estruturada até o fim do dias. Era a maionese tradicional.

Hoje, existem várias “marcas” de felicidade. Casar, não casar, juntar, ficar, separar. Homem com mulher, homem com homem, mulher com mulher. Ter filhos biológicos, adotar, inseminação artificial, barriga de aluguel – ou simplesmente não tê-los.

Fazer intercâmbio, abrir o próprio negócio, tentar um concurso público, entrar para a faculdade. Mas estudar o quê? Só de cursos técnicos, profissionalizantes e universitários, há centenas. Computação Gráfica ou Informática Biomédica? Editoração ou Ciências Moleculares? Moda, Geofísica ou Engenharia de Petróleo?

A vida padronizada podia ser menos estimulante, mas oferecia mais segurança, era fácil “acertar” e se sentir um adulto. Já a expansão de ofertas tornou tudo mais empolgante, só que incentivou a infantilização: sem saber ao certo o que é melhor para si, surgiu o medo de crescer.

Todos parecem ter 10 anos menos. Quem tem 17, age como se tivesse 7. Quem tem 28, parece ter 18. Quem tem 39, vive como se fossem 29. Quem tem 40, 50, 60, mesma coisa. Por um lado, é ótimo ter um espírito jovial e a aparência idem, mas até quando se pode adiar a maturidade?

Só nos tornamos verdadeiramente adultos quando perdemos o medo de errar. Não somos apenas a soma das nossas escolhas, mas também das nossas renúncias. Crescer é tomar decisões e, depois, conviver pacificamente com a dúvida. Adolescentes prorrogam suas escolhas porque querem ter certeza absoluta – errar lhes parece a morte.

Adultos sabem que nunca terão certeza absoluta de nada, e sabem também que só a morte física é definitiva. Já “morreram” diante de fracassos e frustrações, e voltaram pra vida. Ao entender que é normal morrer várias vezes numa única existência, perdemos o medo – e finalmente crescemos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Entrevista com o Projeto Manoel Philomeno de Miranda

Há mais de 20 anos, projeto desenvolve estudo sério sobre mediunidade
Cássio Leonardo Carrara - www.oclarim.com.br
Revista Internacional de Espiritismo


Idealizado em 1990, como forma de suprir a carência de orientações às casas espíritas sobre o desenvolvimento de reuniões mediúnicas, o Projeto Manoel Philomeno de Miranda surgiu para desenvolver estudos sobre os rumos da prática mediúnica de qualidade. Ligado à Mansão do Caminho, em Salvador (BA), é composto por José Ferraz, João Neves e Nilo Calazans, que realizam seminários sobre mediunidade e atendimento fraterno em todo o país. O trio também possui oito livros publicados, sendo o mais recente intitulado Estudando O Livro dos Médiuns, um estudo comentado de O Livro dos Médiuns.

RIE – Como surgiu o Projeto Manoel Philomeno de Miranda?

Projeto – O nosso projeto surgiu como uma proposta, uma reivindicação dos espíritas baianos durante um congresso realizado em 1990. No final do evento, uma delegação voluntária se dirigiu aos organizadores para pleitear que a Federação Espírita do Estado da Bahia criasse uma equipe para ajudá-los em suas tarefas dentro dos centros espíritas, em seus estudos; eles estavam se sentindo desamparados com muitos centros espíritas inexperientes e então a Federação, que tinha essa mentalidade de criar projetos operativos, acatou a ideia e saiu a campo para as convocações necessárias. Surgiram companheiros de vários centros, principalmente de Salvador, desejando se agregar à tarefa para organizar o movimento, para promover eventos. E a tarefa naturalmente foi apoiada pelo mundo espiritual. Surgiram catorze pessoas para o programa e na medida do possível essas pessoas começaram a realizar pequenos eventos em Salvador, mas quando surgiu a necessidade das viagens, de exteriorizar a proposta, muitos não podiam fazê-lo e foram voltando ao universo de suas casas espíritas e a responsabilidade caiu gradativamente em nós três. No início, éramos quatro, mas o companheiro que era Vice-presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia adoeceu e a proposta, então, acabou convergindo para nós três, que tínhamos uma grande sintonia de amizade, pois trabalhávamos profissionalmente na mesma empresa e no mesmo centro espírita, o Centro Espírita Caminho da Redenção, que mantém a Mansão do Caminho.

RIE – Além da realização de seminários por todo o país, vocês já possuem vários livros publicados abordando o estudo da mediunidade. Comentem um pouco sobre essas publicações.

Projeto – Subitamente surgiu a ideia de escrevermos aquilo que estávamos transmitindo em nossos seminários. Começou, então, a elaboração do nosso primeiro livro, Reuniões mediúnicas. Posteriormente escrevemos outros livros: Vivência mediúnica; Terapia pelos passes; Atendimento fraterno; Qualidade na prática mediúnica; Consciência e mediunidade. Depois surgiu a necessidade da abrangência da questão da Terapia pelos passes e escrevemos o livro Passes: aprendendo com os espíritos e, finalmente, o nosso último livro, intitulado Estudando O Livro dos Médiuns, que não tem a intenção presunçosa de substituir o original, mas representa uma colaboração para facilitar o estudo desta obra monumental que é o maior tratado sobre paranormalidade humana, escrita por Allan Kardec e intitulada O Livro dos Médiuns, que este ano, no dia 15 de janeiro, completou 150 anos de existência na Terra. Nenhuma pessoa pode, conforme ensina o prefácio do nosso patrono Manoel Philomeno de Miranda, colocar na pauta de sua vida a prática da mediunidade sem um estudo aprofundado deste livro que, segundo ele, é capaz de levar ao candidato ao exercício da mediunidade uma trajetória sem lágrimas, sem sacrifícios, mas também sem utopias, sem presunção, sem irresponsabilidade e sem encantamento.

RIE – Vocês iniciaram, há algum tempo, o exercício prático dos ensinamentos que estavam apenas no campo teórico. Descrevam esta experiência.

Projeto – Depois de completarmos dezoito anos realizando seminários pelo Brasil, nós sentimos a necessidade de colocar em prática essa atividade teórica. E Joanna de Ângelis nos ofereceu um grupo heterogêneo, de outras casas espíritas, que começaram a frequentar o Centro Espírita Caminho da Redenção. Esta prática para nós foi muito importante, pois pudemos verificar que é possível realizar reuniões mediúnicas com qualidade, utilizando os ensinamentos do Projeto Manoel Philomeno de Miranda. Nós iniciamos, durante três meses, sem reuniões mediúnicas, porque não conhecíamos todos os componentes, não tínhamos ainda intimidade com a maioria deles. O nosso centro espírita é muito grande, tem uma média de 700 pessoas por reunião, e a gente apenas via determinadas pessoas sem realmente conhecê-las. E foi muito bom, pois nesses três meses nós nos conhecemos. Primeiramente, entregamos o regimento da reunião mediúnica. Todos levaram para casa e na semana seguinte nós o discutimos. Todos ficaram a par dos seus direitos, mas também dos seus deveres: de como se comportar, do que é necessário para se preparar para a reunião e isso foi muito importante. Depois, nós instituímos a prática. Como nos nossos seminários, em muitos locais, as pessoas diziam que faziam estudos antes das reuniões, nós achamos por bem colocar em prática o que ensinávamos, e o estudo deveria ser realizado após a reunião. Num primeiro momento, estudamos o livro Trilhas da Libertação, de Manoel Philomeno de Miranda, capítulo por capítulo, através de uma distribuição em que cada um dos componentes estudava um capítulo durante uma semana e compartilhava com os demais os pontos que considerava mais importantes e os outros participavam desse estudo com suas opiniões. Terminamos o estudo do livro Trilhas da Libertação e já estamos quase finalizando Nos domínios da mediunidade, de André Luiz. Além do estudo, nós temos uma parte que é muito importante. O mundo espiritual, neste momento, ajuda a retirar os resquícios que trouxemos da reunião mediúnica e todos saem, ao término desta atividade, tranquilos, sem sequelas, alegres e sorridentes.

RIE – Com base nesse estudo prático, vocês detectaram dificuldades e muitos benefícios. Que orientações vocês poderiam dar às casas espíritas que realizam estudos mediúnicos?

Projeto – Primeiro que deem oportunidade para as pessoas que participam interagirem entre si. Essa oportunidade de estudo, de preparação, foi excelente para que todos se desinibissem e interagissem, e depois, no estudo posterior, todas as pessoas do grupo têm o seu dia de ser o facilitador, treinando assim a comunicação, o contato e se sentindo estimulados para assumir outras tarefas no centro espírita. Muitos foram para o atendimento fraterno, para o trabalho social. Então tem sido uma bênção esta oportunidade que estamos dando às pessoas. Ressaltamos que os trinta minutos que estudamos após a reunião mediúnica, não representam um estudo desconectado do que vivenciamos na prática. Sempre trazemos os problemas da prática para analisá-los à luz do estudo que estamos fazendo. Periodicamente deixamos até de fazer o estudo para avaliarmos as comunicações, as posturas dos médiuns, fazendo com que a nossa equipe tenha realizado um progresso, pois nós tínhamos uma dimensão de capacitação da nossa própria instituição e as pessoas inexperientes do nosso trabalho se desenvolveram muito mais rapidamente. Os dialogadores têm evoluído no processo de comunicação, de desinibição; os médiuns começaram a ter uma postura harmônica e equilibrada e nestes três anos de experimentações nós vemos que o trabalho da mediunidade realiza atendimentos mais complexos, o que não achávamos ser possível neste curto espaço de tempo. Sabemos que a educação da mediunidade é lenta, os médiuns vão aos poucos adquirindo experiência. O nosso benfeitor, Manoel Philomeno de Miranda. sempre vem às reuniões trazer uma mensagem e os médiuns se sentem felizes e cada vez mais integrados à casa espírita.

RIE – Suas considerações finais.

Projeto – Um detalhe muito importante é que os nossos livros estão tendo uma aceitação ascendente não só no Brasil, mas também no exterior. Diz Divaldo Franco, quando conversa conosco, que em muitos países que ele tem transitado as pessoas gostam mais de estudar os nossos livros do que propriamente O Livro dos Médiuns, o que consideramos uma precipitação, pois esse livro é insubstituível. Não devemos nunca deixá-lo à margem, mesmo porque ele tem em seu conteúdo informações preciosíssimas que não podemos esquecer de forma alguma. E temos observado que muitas pessoas, durante os nossos seminários, vêm trazer uma imagem de O Livro dos Médiuns que não achamos realista. Dizem: “O Livro dos Médiuns é um livro com muito material didático, mas do tempo de Kardec. É um livro muito difícil de estudar”. Até certo ponto, ele é sim difícil de estudar, pois representa um tratado científico de paranormalidade humana. E foi por isso que escrevemos o livro Estudando O Livro dos Médiuns, apresentando de uma forma mais didática, englobando determinados capítulos em um só e ali introduzimos as nossas observações e as nossas experiências adquiridas durante um largo período de vivência da prática mediúnica. Portanto, tem sido muito gratificante este trabalho que estamos realizando em dois aspectos: um laboratório para realização do trabalho mediúnico e, sobretudo os seminários, em que introduzimos a parte de perguntas e respostas, que enriquece muito o nosso trabalho. Os convites são frequentes, de vários Estados, mas muitas vezes não conseguimos atender a todos, pois temos compromissos no Centro Espírita Caminho da Redenção e procuramos conciliar nosso trabalho com a divulgação do Espiritismo. Nosso e-mail para contato é nilocalazans@superig.com.br e através do site www.projetomanoelphilomenodemiramanda.com as pessoas podem acessar o conteúdo dos nossos dezessete seminários, também em espanhol, e adquirirem mais informações sobre o Projeto, multiplicando a divulgação dos conhecimentos que disponibilizamos para uso.

Carlos Vereza: Ator, que é espírita, diz sentir energia das pessoas e escreve livro



Valmir Moratelli, iG Rio de Janeiro | 01/11/2011 07:00


Carlos Vereza concede a entrevista a seguir em seu apartamento, no 13º andar de um prédio cuja varanda tem ampla vista para a praia da Barra da Tijuca e a Pedra da Gávea, no Rio. É desta mesma varanda que o ator diz já ter avistado diversos discos voadores. Com ajuda do assessor pessoal, Roberto Ricardo, filmou pelo celular o que seriam alguns deles e cedeu ao iG as imagens. “Os extraterrestres estão limpando a crosta terrestre das explosões atômicas que acontecem no sul do oceano pacífico”, diz, enfático.

Ator contratado da TV Globo – vai fazer a próxima novela das 6 -, prestes a completar 53 anos de carreira, com prestígio nacional construído a partir de memoráveis papéis na televisão, premiado no teatro e com atuação marcante também no cinema, Vereza pretende lançar até março, quando completa 71 anos, o livro “Efeito Especial – Estilhaços Biográficos. Vida Privada de Karl Marx”.

Seu contato com o espiritismo, religião que segue até hoje, surgiu a partir de um incidente ocorrido durante a gravação do seriado “Delegacia de Mulheres”, da TV Globo, há 22 anos. “Explodiu pólvora no meu ouvido esquerdo e, por causa disso, fiquei três anos em depressão e internado em vários sanatórios”, conta. O episódio é relatado com detalhes em seu livro.

Divorciado, Vereza mora sozinho com uma empregada. Na sala do apartamento, entre outras, há imagens de Nossa Senhora da Conceição, de uma figura indiana, uma estátua de São Jorge. Pede para que nenhuma das imagens seja fotografada, “em respeito a elas”.

Entre uma xícara de café e outra, Vereza conta que é médium intuitivo. Relata que espíritos batem a sua porta, o chamam pelo seu nome, acendem e apagam a luz, ligam o computador. “Não tenho medo de que me achem louco”, diz o ator. Ele tem muita fé em sua religião, mas diz que não pede ajuda para compor seus personagens. “Aí é o talento que Deus me deu”.

G: Por que detalhar em um livro o episódio que afetou sua audição?
CARLOS VEREZA: O acidente mudou minha vida. Ouvia um zumbido fortíssimo que me causou depressão, labirintite, insônia Acabou meu casamento de 15 anos (com a artista plástica Delma de Oliveira Godoy). Ficava só deitado, igual a um vegetal. Foi quando minha tia falou para eu ir ao Lar do Frei Luiz (centro espírita na zona oeste do Rio), que tinha curado meu primo de leucemia.

iG: Qual é a relação da sua depressão com a “vida privada de Karl Marx”, subtítulo do livro?
CARLOS VEREZA: Fui do Partido Comunista por 15 anos, mas nunca fui ateu, por não acreditar no mundo como obra do acaso. Ia às reuniões do partido com a medalhinha de São Jorge. Gosto da história de vida do Marx que, ao contrário dos comunistas amigos do Lula, morreu na miséria e teve duas filhas que se suicidaram. Faço um paralelo da utopia dele, contando o ser humano que ele foi.

iG: Mas o senhor trocou o comunismo pelo espiritismo?
CARLOS VEREZA: Deixei de ser comunista quando a União Soviética invadiu a Hungria. Me tornei espírita quando me curaram, sem me cobrarem absolutamente nada. Ciência, filosofia e religião são o tripé do espiritismo, que foi decodificado por um cético chamado Alan Kardec. Os fenômenos paranormais existem desde que o mundo é mundo. A primeira psicografia do mundo foi a tábua dos Dez Mandamentos.

iG: Já presenciou algum fenômeno paranormal?
CARLOS VEREZA: Vários, vários, vários. Lá no Frei Luiz temos a sessão de materialização. O médico deita numa cabine, expele um ectoplasma e, dele, se forma um espírito materializado. Em carne e osso. Este espírito traz do plano astral aparelhos de laser para o tratamento de quase 40 pessoas em cerca de uma hora. O médico fica em transe. O ectoplasma é composto por gás carbônico, hidrogênio, oxigênio...

iG: Sei.
CARLOS VEREZA: O espírito vem com uma capa branca que parece de algodão. Teve um dia em que ele deixou a capa branca para a gente. Já tive um pedacinho desse pano, mas é que aqui em casa tudo some... É uma tolice achar que só existe a matéria. Taí a física quântica para mostrar que passado, presente e futuro estão num só plano.

iG: Tem algum poder sobrenatural?
CARLOS VEREZA: Todo mundo tem mediunidade, só que nem todos desenvolvem. Tem o vidente, o audiente (que ouve vozes de espíritos), o psicógrafo, o “vista dupla” (que vê pessoas ao seu lado que você não enxerga)... Todos nós somos videntes. Dizem que sou médium intuitivo. Eu pressinto, mas não sou nenhum profeta.

iG: Explique melhor.
CARLOS VEREZA: Sinto a vibração das pessoas que entram na minha casa.

iG: E o que sentiu quando chegamos?
CARLOS VEREZA: Boa, boa, boa... Muito boa.

iG: O senhor vê pessoas mortas?
CARLOS VEREZA: Nunca vi nenhum espírito, mas já senti. Às vezes escuto o meu nome, “Caaarlos, Caaarlos”, bem nitidamente. Às vezes eles batem na minha porta. Quando vejo, não tem ninguém. Já nem abro mais a porta, já estou acostumado de tanto que batem. Eles queimam interruptores, acendem a luz do nada... Mas isso não é todo dia. Queria falar também que tenho uma relação muito forte com ufologia.

iG: O senhor pede ajuda espiritual para compor personagens?
CARLOS VEREZA: São 53 anos de carreira que vou fazer em dezembro, meu filho. Aí é o talento que Deus me deu, né? Para você cair logo desmaiado, leia esta mensagem em voz alta (Vereza entrega ao repórter um texto “psicografado”, atribuído por ele à autora de novelas Janete Clair, falecida em 1983).

“Janete Clair chega emocionada junto à mesa, coloca uma rosa vermelha, manda seu amor e saudade aos filhos e netos, diz estar bem, fazendo novelas em um belo e agradável teatro, onde ensina jovens a representar peças de amor cristão com ensinamentos e muita alegria, e assim meus queridos vamos aprendendo a amar, a viver. Temos responsabilidades antes e depois, pensem nisso com fé e alegria sempre. Meus amigos, força, coragem e luz. Paz a todos. Ana Maria, oramos para você de mãos dadas, em um belo jardim cultivado por nós mesmos. Como estou feliz. A vida continua. Denise e Alfredo, meus amados, força, sigam os passam de Jesus também com alegria. Lar de Frei Luis. Médium Vanete. 14/07/2004”