sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Os Melhores Livros Espíritas do Século 20

A Livraria Candeia de Catanduva, SP, realizou uma pesquisa em 1999 para descobrir quais os melhores livros espíritas lançados no século passado. Para a realização desta pesquisa, o conselho editorial da referida livraria convidou estudiosos do Espiritismo, dentre eles inúmeros escritores, alguns dirigentes e todos os presidentes das Federações e Órgãos Estaduais, que faziam parte do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira à época. A cada um deles foi solicitada uma lista com os dez melhores livros, seus autores e, se achassem necessário, comentários e impressões pessoais acerca das obras. A pesquisa se ateve às obras cuja primeira edição se deu no século XX, no Brasil ou em outros países.

Para dar ainda mais credibilidade, foram encaminhadas cópias das participações de cada convidado à Federação Espírita Brasileira (FEB) e à Associação de Editoras, Distribuidoras e Divulgadoras do Livro Espírita (ADELER), para que pudessem conhecer e acompanhar o resultado.

Sem muita surpresa, a melhor obra espírita do último século é Nosso Lar, de André Luiz através do glorioso médium Chico Xavier. Esta obra, segundo o escritor Alysson Mascaro, tem o mérito de ter sido a primeira grande descrição do plano espiritual que influenciou, de maneira decisiva, os estudos e as pesquisas espíritas brasileiras e mundiais. O autor inconteste, com sete indicações, é o próprio Francisco Cândido Xavier, com mais de 400 livros psicografados que o colocaram na posição de o mais respeitado dos autores espíritas do século.

Além das obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, os outros títulos indicados foram: O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis; Memórias de um Suicida, de Yvonne A. Pereira; e O Espírito e o Tempo, de J. Herculano Pires.

Outros autores consagrados também se destacaram na pesquisa com várias citações. É o caso de Arthur C. Doyle, Carlos Imbassahy, Carlos Toledo Rizzini, César Lombroso, Deolindo Amorim, Divaldo P. Franco, Ernesto Bozzano, Francisco Thiesen, Gabriel Dellane, Dr. Jorge Andréa, Hermínio C. Miranda, Dr. Hernani G. Andrade, Ney Lobo, Pedro Granja e Waldo Vieira.

Os Melhores Livros Espíritas do Século 20:


1º - NOSSO LAR
223 pontos
Francisco C. Xavier (médium)
André Luiz (Espírito)
FEB






2º - PAULO E ESTÊVÃO
194 pontos
Francisco C. Xavier (médium)
Emmanuel (Espírito)
FEB





3º - PARNASO DO ALÉM-TÚMULO
144 pontos
Francisco C. Xavier (médium)
Espíritos diversos
FEB






4º - O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR
103 pontos
Léon Denis
FEB







5º - MEMÓRIAS DE UM SUICIDA
84 pontos
Yvonne A. Pereira (médium)
Camilo Castelo Branco (Espírito)
FEB






6º - A CAMINHO DA LUZ
78 pontos
Francisco C. Xavier (médium)
Emmanuel (Espírito)
FEB


7º - O ESPÍRITO E O TEMPO
59 pontos
José Herculano Pires 
EDICEL







8º - HÁ DOIS MIL ANOS
59 pontos
Francisco C. Xavier (médium)
Emmanuel (Espírito)
FEB


9º - EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS
57 pontos
Francisco C. Xavier e Waldo Vieira (médiuns)
André Luiz (Espírito)
FEB


10º - MISSIONÁRIOS DA LUZ
39 pontos
Francisco C. Xavier (médium)
André Luiz (Espírito) 
FEB








FONTE: candeia.com

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Refutação aos que colocam Kardec como racista


Tem sido muito comum ultimamente, alguns críticos da Doutrina Espírita atacarem a pessoa de seu codificador, Allan Kardec, chamando-o de racista. Essas pessoas retiram-no de seu contexto histórico, por falta de conhecimento ou má fé, para macular não só a pessoa do eminente pedagogo, mas de toda a doutrina. Recentemente, as editoras que publicam as obras de Kardec se viram na necessidade de adicionar uma nota explicativa para tirar qualquer dúvida a respeito do tema. Segue:



NOTA EXPLICATIVA

"Hoje crêem e sua fé é inabalável, porque assentada na evidência e na demonstração, e porque satisfaz à razão. […] Tal é a fé dos espíritas, e a prova de sua força é que se esforçam por se tornarem melhores, domarem suas inclinações más e porem em prática as máximas do Cristo, olhando todos os homens como irmãos, sem acepção de raças, de castas, nem de seitas, perdoando aos seus inimigos, retribuindo o mal com o bem, a exemplo do divino modelo." (KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1868. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. P. 28, janeiro de 1868.)

A investigação rigorosamente racional e científica de fatos que revelavam a comunicação dos homens com os Espíritos, realizada por Allan Kardec, resultou na estruturação da Doutrina Espírita, sistematizada sob os aspectos científico, filosófico e religioso.

A partir de 1854 até seu falecimento, em 1869, seu trabalho foi constituído de cinco obras básicas: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865), A Gênese (1868), além da obra O Que é o Espiritismo (1859), de uma série de opúsculos e 136 edições da Revista Espírita (de janeiro de 1858 a abril de 1869). Após sua morte, foi editado o livro Obras Póstumas (1890).

O estudo meticuloso e isento dessas obras permite-nos extrair conclusões básicas:
a) todos os seres humanos são Espíritos imortais criados por Deus em igualdade de condições, sujeitos às mesmas leis naturais de progresso que levam todos, gradativamente, à perfeição;
b) o progresso ocorre através de sucessivas experiências, em inúmeras reencarnações, vivenciando necessariamente todos os segmentos sociais, única forma de o Espírito acumular o aprendizado necessário ao seu desenvolvimento;
c) no período entre as reencarnações o Espírito permanece no Mundo Espiritual, podendo comunicar-se com os homens;
d) o progresso obedece às leis morais ensinadas e vivenciadas por Jesus, nosso guia e modelo, referência para todos os homens que desejam desenvolver-se de forma consciente e voluntária.

Em diversos pontos de sua obra, o Codificador se refere aos Espíritos encarnados em tribos incultas e selvagens, então existentes em algumas regiões do Planeta, e que, em contato com outros pólos de civilização, vinham sofrendo inúmeras transformações, muitas com evidente benefício para os seus membros, decorrentes do progresso geral ao qual estão sujeitas todas as etnias, independentemente da coloração de sua pele.

Na época de Allan Kardec, as idéias frenológicas de Gall, e as da fisiognomonia de Lavater, eram aceitas por eminentes homens de Ciência, assim como provocou enorme agitação nos meios de comunicação e junto à intelectualidade e à população em geral, a publicação, em 1859 – dois anos depois do lançamento de O Livro dos Espíritos – do livro sobre a Evolução das Espécies, de Charles Darwin, com as naturais incorreções e incompreensões que toda ciência nova apresenta. Ademais, a crença de que os traços da fisionomia revelam o caráter da pessoa é muito antiga, pretendendo- se haver aparentes relações entre o físico e o aspecto moral.

O Codificador não concordava com diversos aspectos apresentados por essas assim chamadas ciências. Desse modo, procurou avaliar as conclusões desses eminentes pesquisadores à luz da revelação dos Espíritos, trazendo ao debate o elemento espiritual como fator decisivo no equacionamento das questões da diversidade e desigualdade humanas.

Allan Kardec encontrou, nos princípios da Doutrina Espírita, explicações que apontam para leis sábias e supremas, razão pela qual afirmou que o Espiritismo permite “resolver os milhares de problemas históricos, arqueológicos, antropológicos, teológicos, psicológicos, morais, sociais, etc.” (Revista Espírita, 1862, p. 401). De fato, as leis universais do amor, da caridade, da imortalidade da alma, da reencarnação, da evolução constituem novos parâmetros para a compreensão do desenvolvimento dos grupos humanos, nas diversas regiões do Orbe.

Essa compreensão das Leis Divinas permite a Allan Kardec afirmar que:

"O corpo deriva do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes das raças apenas há consangüinidade." (O Livro dos Espíritos, item 207, p. 176.)

"[…] o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na Criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, faz com que desapareçam, naturalmente, todas as distinções estabelecidas entre os homens, conforme as vantagens corporais e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor." (Revista Espírita, 1861, p. 432.)

"Os privilégios de raças têm sua origem na abstração que os homens geralmente fazem do princípio espiritual, para considerar apenas o ser material exterior. Da força ou da fraqueza constitucional de uns, de uma diferença de cor em outros, do nascimento na opulência ou na miséria, da filiação consangüínea nobre ou plebéia, concluíram por uma superioridade ou uma inferioridade natural. Foi sobre este dado que estabeleceram suas leis sociais e os privilégios de raças. Deste ponto de vista circunscrito, são conseqüentes consigo mesmos, porquanto, não considerando senão a vida material, certas classes parecem pertencer, e realmente pertencem, a raças diferentes. Mas se se tomar seu ponto de vista do ser espiritual, do ser essencial e progressivo, numa palavra, do Espírito, preexistente e sobrevivente a tudo cujo corpo não passa de um invólucro temporário, variando, como a roupa, de forma e de cor; se, além disso, do estudo dos seres espirituais ressalta a prova de que esses seres são de natureza e de origem idênticas, que seu destino é o mesmo, que todos partem do mesmo ponto e tendem para o mesmo objetivo; que a vida corporal não passa de um incidente, uma das fases da vida do Espírito, necessária ao seu adiantamento intelectual e moral; que em vista desse avanço o Espírito pode sucessivamente revestir envoltórios diversos, nascer em posições diferentes, chegase à conseqüência capital da igualdade de natureza e, a partir daí, à igualdade dos direitos sociais de todas as criaturas humanas e à abolição dos privilégios de raças. Eis o que ensina o Espiritismo. 
Vós que negais a existência do Espírito para considerar apenas o homem corporal, a perpetuidade do ser inteligente para só encarar a vida presente, repudiais o único princípio sobre o qual é fundada, com razão, a igualdade de direitos que reclamais para vós mesmos e para os vossos semelhantes." (Revista Espírita, 1867, p. 231.)

"Com a reencarnação, desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhum há que prime, em lógica, ao fato material da reencarnação. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da Natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade." (A Gênese, cap. I, item 36, p. 42-43. Vide também Revista Espírita, 1867, p. 373.)

Na época, Allan Kardec sabia apenas o que vários autores contavam a respeito dos selvagens africanos, sempre reduzidos ao embrutecimento quase total, quando não escravizados impiedosamente. É baseado nesses informes “científicos” da época que o Codificador repete, com outras palavras, o que os pesquisadores Europeus descreviam quando de volta das viagens que faziam à África negra. Todavia, é peremptório ao abordar a questão do preconceito racial:

"Nós trabalhamos para dar a fé aos que em nada crêem; para espalhar uma crença que os torna melhores uns para os outros, que lhes ensina a perdoar aos inimigos, a se olharem como irmãos, sem distinção de raça, casta, seita, cor, opinião política ou religiosa; numa palavra, uma crença que faz nascer o verdadeiro sentimento de caridade, de fraternidade e deveres sociais." (KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1863 – 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. – janeiro de 1863.)

"O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus." (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3, p. 348.)

É importante compreender, também, que os textos publicados por Allan Kardec na Revista Espírita tinham por finalidade submeter à avaliação geral as comunicações recebidas dos Espíritos, bem como aferir a correspondência desses ensinos com teorias e sistemas de pensamento vigentes à época. Em Nota ao capítulo XI, item 43, do livro A Gênese, o Codificador explica essa metodologia:

"Quando, na Revista Espírita de janeiro de 1862, publicamos um artigo sobre a “interpretação da doutrina dos anjos decaídos”, apresentamos essa teoria como simples hipótese, sem outra autoridade afora a de uma opinião pessoal controversível, porque nos faltavam então elementos bastantes para uma afirmação peremptória. Expusemo-la a título de ensaio, tendo em vista provocar o exame da questão, decidido, porém, a abandoná-la ou modificá-la, se fosse preciso. Presentemente, essa teoria já passou pela prova do controle universal. Não só foi bem aceita pela maioria dos espíritas, como a mais racional e a mais concorde com a soberana justiça de Deus, mas também foi confirmada pela generalidade das instruções que os Espíritos deram sobre o assunto. O mesmo se verificou com a que concerne à origem da raça adâmica." (A Gênese, cap. XI, item 43, Nota, p. 292.)

Por fim, urge reconhecer que o escopo principal da Doutrina Espírita reside no aperfeiçoamento moral do ser humano, motivo pelo qual as indagações e perquirições científicas e/ou filosóficas ocupam posição secundária, conquanto importantes, haja vista o seu caráter provisório decorrente do progresso e do aperfeiçoamento geral. Nesse sentido,é justa a advertência do Codificador:

"É verdade que esta e outras questões se afastam do ponto de vista moral, que é a meta essencial do Espiritismo. Eis por que seria um equívoco fazê-las objeto de preocupações constantes. Sabemos, aliás, no que respeita ao princípio das coisas, que os Espíritos, por não saberem tudo, só dizem o que sabem ou que pensam saber. Mas como há pessoas que poderiam tirar da divergência desses sistemas uma indução contra a unidade do Espiritismo, precisamente porque são formulados pelos Espíritos, é útil poder comparar as razões pró e contra, no interesse da própria doutrina, e apoiar no assentimento da maioria o julgamento que se pode fazer do valor de certas comunicações." (Revista Espírita, 1862, p. 38.)

Feitas essas considerações, é lícito concluir que na Doutrina Espírita vigora o mais absoluto respeito à diversidade humana, cabendo ao espírita o dever de cooperar para o progresso da Humanidade, exercendo a caridade no seu sentido mais abrangente (“benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas”), tal como a entendia Jesus, nosso Guia e Modelo, sem preconceitos de nenhuma espécie: de cor, etnia, sexo, crença ou condição econômica, social ou moral.

A EDITORA