quinta-feira, 7 de novembro de 2013

BIOGRAFIA DE KARDEC JÁ É UM SUCESSO NACIONAL

Há menos de 20 dias nas livrarias do país, a biografia de Allan Kardec, o codificador do espiritismo, já figura entre as obras mais vendidas. O livro “Kardec: A Biografia” (editora Record) é de Marcel Souto Maior e foi lançado no dia 21 de outubro. Até agora, já foram vendidos 40 mil dos 100 mil exemplares colocados no mercado.

Se depender da força do personagem, esse número atingido em pouco tempo não será apenas “fogo de palha”. Em “Kardec: A Biografia”, Souto Maior vai além da doutrina para contar como o cético professor Hippolyte se tornou um missionário que deu origem ao espiritismo. Em sua pesquisa, o jornalista e escritor usou documentos históricos, como jornais e revistas da época, inclusive originais da “Revista Espírita”, publicada todo mês por Kardec durante 12 anos.

A expectativa é de que a publicação siga os passos do sucesso de "As Vidas de Chico Xavier" (editora LeYa), biografia do mesmo autor. Desde 2003, quando foi lançada, a narrativa sobre o brasileiro já vendeu mais de um milhão de cópias no país, e sua adaptação para o cinema, no filme "Chico Xavier", dirigido por Daniel Filho, ultrapassou a marca de 3 milhões de espectadores.

De acordo com o IBGE, o número de espíritas autodeclarados no Brasil é de 3,8 milhões, apenas, mas o grupo de simpatizantes com a doutrina criada por Kardec é de 30 milhões, segundo a Federação Espírita Brasileira.

Isso pode explicar o bom desempenho das produções anteriores e o rápido aparecimento de “Kardec: A Biografia” nas listas de mais vendidos das grandes publicações. Nas edições desta semana da revista Veja e da Época, o livro recém-lançado ficou em 7º e 6° lugar, respectivamente, na categoria Não Ficção. Nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo do dia 2 de novembro, a história de Allan Kardec ficou, respectivamente, em 6° e 9º lugar na categoria Não Ficção.

Fonte: Exame On Line

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Kardec, A Biografia, já vai virar filme pelo diretor de "Nosso Lar"

Em meio a polêmica sobre biografias, uma aposta da editora Record promete sacudir o mercado: Kardec: A Biografia, de Marcel Souto Maior. O livro sobre o fundador do espiritismo, do mesmo autor de As Vidas de Chico Xavier (LeYa), tem tiragem inicial de 100 mil cópias. E já vai virar filme. As gravações estão previstas para 2015, com direção de Wagner de Assis, o mesmo que dirigou Nosso Lar em 2011.

O francês Allan Kardec (1804-1869), é ele próprio um best-seller. Vendeu mais de 11 milhões de livros no Brasil, segundo os números da maior editora do gênero, a Federação Espírita Brasileira. 

Embora só 2% (3,8 milhões) da população brasileira se diga espírita, segundo o Censo de 2010, eles são bons pagadores. Considerado só o faturamento com a venda de livros religiosos, os títulos espíritas correspondem a 32,63%, à frente dos católicos (31,79%) e dos evangélicos (19,92%).


IstoÉ: Kardec, A Biografia, o novo livro de Marcel Souto Maior

Como o cientista francês Hippolyte Rivail se tornou, aos 53 anos, Allan Kardec, criador da doutrina espírita e fonte de inspiração do médium brasileiro Chico Xavier

Por Andres Vera - Revista IstoÉ, N° Edição:  2294 |  01.Nov.13
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"A pessoa que estudar a fundo as ciências rirá dos ignorantes. Não mais crerá em fantasmas ou almas do outro mundo.” Era assim que o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, membro de nove sociedades científicas e autor de cerca de 20 livros sobre pedagogia na França do século XIX, resumia seu ceticismo. Intelectual respeitado, ele vivia em um universo no qual a ciência estava em ebulição, em meio a discussões sobre eletromagnetismo, motor a vapor e lâmpada incandescente. Apesar disso, tornou-se o criador da doutrina espírita tal qual ela está sistematizada hoje, que crê, entre outras coisas, na reencarnação e na comunicação entre vivos e mortos. É a história dessa transformação que está sendo contada no recém-lançado “Kardec, a Biografia” (ed. Record), do jornalista brasileiro Marcel Souto Maior. “Kardec precisou ir além da religião para criar uma doutrina inteira em apenas 13 anos”, diz o autor. De 1857, ano de sua conversão, aos 53 anos, a 1869, quando morreu de aneurisma cerebral, o francês já havia arrebatado sete milhões de seguidores no mundo.  Um número impressionante para um planeta com então 1,3 bilhão de habitantes e comunicação precária. Os créditos da velocidade recaem sobre o próprio. “Ele alcançou isso porque dava tratamento científico aos estudos e sabia divulgá-los”, afirma Souto Maior.
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PASSE 
Sessão num centro espírita brasileiro: religião baseada nos livros de Kardec
 
A aproximação do cientista com o espiritismo começou em 1855, quando um fenômeno agitava a França: as mesas “girantes”. Em reuniões fechadas ou salões públicos, participantes ditavam perguntas a mesas que se moviam, no que era identificado como um sinal de resposta, de mortos ilustres ou anônimos. Curioso, Rivail passou a frequentá-las em Paris. Procurava, antes, por cabos, roldanas e fios. “Estamos longe de conhecer todos os agentes ocultos da natureza”, escreveu. Convencido da boa-fé de alguns grupos, ele passou a crer. Tempos depois, um espírito contou que o conhecera na época do imperador romano Júlio César, em 58 a.C. Na época, Rivail chamava-se Allan Kardec – daí a mudança de nome. Os primeiros registros do professor sobre o espiritismo viraram “O Livro dos Espíritos” (1857). Ele assinaria também outras quatro obras básicas, a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e a publicação mensal, ao longo de 12 anos, de uma revista – tornando-se, assim, o grande codificador da doutrina. Mas Kardec também presidia sessões espíritas e nelas presenciou, por exemplo, uma jovem de 12 anos receber, de lápis em punho, as palavras de Luís IX, rei da França morto seis séculos antes. Em outra concorrida reunião, o missionário e uma plateia embasbacada testemunharam um médium receber – e executar – uma partitura atribuída a Mozart.
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Para confeccionar sua obra, Souto Maior percorreu as bibliotecas de Paris em busca de material sobre o “papa dos espíritas”. Jornais de época mostram, por exemplo, a briga entre o criador do espiritismo e a Igreja Católica. Em 1861, em um episódio conhecido como “Auto de Fé de Barcelona”, foram queimados 300 livros espíritas na cidade espanhola. Entre eles estavam “O Livro dos Espíritos” e a tal sonata de Mozart. “Kardec era político”, diz Souto Maior. “Depois das brigas, ele media as palavras com a Igreja e sabia que isso traria publicidade.” A perseguição ao espiritismo não poupava o francês, médiuns admirados por ele ou mesmo seguidores novatos. Em 1865, dois jovens de Nova York voaram a Paris para mostrar “toques espontâneos de instrumentos musicais e transporte de objetos no ar.” Durante a exibição, um espectador invadiu o palco e revelou à plateia o truque: tábuas soltas e uma passagem secreta. A imprensa transformou o episódio em piada. Kardec se defendeu. Disse que o embuste não atingia a verdadeira ciência espírita, devota à evolução do ser humano. “Fora da caridade não há salvação”, escreveu. Insistentemente perseguido, começou a demonstrar sinais de exaustão e teve um problema cardíaco. “Daí em diante foi uma contagem regressiva até sua morte”, diz Souto Maior. Em seu túmulo, no Cemitério Père-Lachaise, em Paris, há hoje mais mensagens em português do que em francês. Por quê?
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A resposta está tanto no espiritismo como no povo brasileiro. Entre 2000 e 2010, o número de espíritas no País cresceu 65%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O espiritismo tem 3,8 milhões de fiéis autodeclarados, segundo o IBGE, e 30 milhões de simpatizantes, segundo a Federação Espírita Brasileira. “Nossa população aceita muito bem a ideia de vida após a morte”, diz Geraldo Campetti, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. Há um consenso entre biógrafos céticos, estudiosos da religião ou espíritas devotos: o kardecismo é praticamente uma criação brasileira. Três fatores ajudaram a disseminação da doutrina: o sincretismo brasileiro, que facilita a convivência entre crenças, a proximidade entre espiritismo e cristianismo e, por último, um certo médium de Uberaba, em Minas Gerais. “A repercussão alcançada por Chico Xavier é o maior fator da expansão dos espíritas no País”, diz o sociólogo Reginaldo Prandi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro “Os mortos e os vivos”. O espiritismo chegou ao Brasil em 1860 e ganhou relevância com Bezerra de Menezes, médico e político que, além de expoente da doutrina, traduziu obras de Kardec para o português. Mas coube a Chico Xavier, falecido em 2002, o fenômeno da explosão da doutrina a partir da década de 1970. O mineiro ostenta mais de 450 livros publicados. Sua biografia “As Vidas de Chico Xavier”, escrita pelo mesmo Marcel Souto Maior, vendeu mais de um milhão de exemplares e chegou ao cinema com direção de Daniel Filho. Fez 3,4 milhões de espectadores.
Souto Maior diz que o roteiro cinematográfico da história de Rivail-Kardec já foi finalizado. “O filme deve ficar pronto no ano que vem.” Discípulo fiel do kardecismo, Chico Xavier costumava recomendar a todos as palavras de Kardec. Se o conselho valer para a nova biografia e o futuro filme, a história de Hippolite Rivail deve manter o fenômeno de público.
foto: Arquivo/ag. O Globo
Fontes: IBGE e Federação Espírita Brasileira
fotos: ROBERTO CASTRO/AG. ISTOÉ

terça-feira, 1 de outubro de 2013

LIVROS: Médico teve medo de publicar resultado de terapia de vidas passadas


"Muitas Vidas, Muitos Mestres", de Brian Weiss, ganha nova edição no Brasil



Médico e psiquiatra, Brian Weiss conta que teve medo de divulgar os resultados de sua experiência com a terapia de vidas passadas. "Levei quatro anos para decidir escrever o que aconteceu, quatro anos para reunir coragem e assumir o risco profissional de revelar esses fatos nada ortodoxos", revela em "Muitas Vidas, Muitos Mestres".
Segundo Livio Túlio Pincherle, médico psicoterapeuta, a iniciativa de Weiss "requer uma coragem que muitos cientistas não têm, porque o medo de ser criticado e mesmo ridicularizado impede a decisão de enfrentar o paradigma científico vigente".Ao publicar o livro, Weiss colocou em risco sua carreira e reputação. A regressão à vida antes da concepção não tem reconhecimento científico. Ele poderia se tornar alvo de chacota de seus companheiros de profissão.
Devido sua formação acadêmica --graduado na Universidade de Columbia e na Faculdade de Medicina de Yale e diretor do departamento de psiquiatria do Mount Sinai Medical Center--, Weiss era cético.
"Fui treinado para pensar como cientista e médico, amoldando-me aos estreitos caminhos do conservadorismo na minha profissão", escreve. "Desconfiava de tudo que não se pudesse provar por métodos científicos tradicionais".
Porém, em 1980, Catherine mudou a visão de mundo do autor. Com 27 anos, ela buscava ajuda para controlar crises de ansiedade, pânico e fobias, sintomas que se manifestavam desde a infância. "Durante 18 meses utilizei os métodos convencionais", conta Weiss. Então decidiu usar a hipnose para tratá-la.
Com a terapia, Catherine passou a narrar experiências de vida após a morte e receber mensagens de seres do "espaço entre vidas". Esses relatos apresentavam a origem dos traumas em outras encarnações.
"Muitas Vidas, Muitos Mestres" surpreendeu a comunidade científica, principalmente por defender abertamente os benefícios terapêuticos da terapia de vidas passadas. "Em toda a história, a humanidade tem resistido às mudanças e à aceitação de novas ideias", diz o autor. "A tradição histórica está repleta de exemplos".

Fonte: Livraria da Folha

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Transtornos mentais podem ser reflexo de vidas passadas


No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas precisam de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos graves e persistentes

Fonte: Saúde Plena
Por Luciane EvansPublicação:26/08/2013

A psiquiatria é a área da medicina em que os ensinamentos espíritas mais conseguem aparecer
Para a medicina tradicional, uma questão genética, complexa, que pode ser, talvez, causada por alterações químicas no cérebro. E que, apesar de tantos estudos, ainda não se sabe ao certo a causa deles. Mas para os médicos espíritas, os transtornos mentais têm, sim, explicações. Essa área da medicina, inclusive, é a que mais se distancia da medicina tradicional. Questões emocionais desta e de outras vidas entram em jogo. "O transtorno mental é um resquício do passado", define o presidente da Associação Mineira dos Médicos Espíritas, Andrei Moreira, apontando aí as vidas passadas como ponto de partida para essa discussão.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, as doenças mentais e neurológicas atingem aproximadamente 700 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que 23 milhões de pessoas precisam de algum atendimento em saúde mental. Pelo menos 5 milhões sofrem com transtornos graves e persistentes.

Segundo o psiquiatra e diretor-técnico do Hospital André Luiz, Roberto Lúcio Vieira, a psiquiatria é a área da medicina em que os ensinamentos espíritas mais conseguem aparecer. Isso porque, segundo ele, além de levar em consideração questões genéticas, assim como a medicina tradicional, os médicos espíritas, diante de um paciente com transtorno mental grave, levam em conta as vidas passadas. "O adoecer é o caminho para cura. Temos percebido que muitos males, como os quadros graves de esquizofrenia, geralmente são de espíritos que, em outras vidas, abusaram muito do poder que tinham, cometeram homicídios ou tentaram o suicídio várias vezes. Quando eles adoecem nesta vida, é porque bateu a culpa da vida anterior", explica Roberto.


Também membro da Associação Mineira Médico Espírita, Roberto, em um artigo escrito no portal da entidade, diz que a doutrina espírita tem mostrado que os processos mentais seriam frutos da atividade espiritual, com repercussão na estrutura física cerebral. "Sendo assim, o cérebro seria apenas o instrumento. No entanto, para ocorrer essa integração entre a essência espiritual, sua manifestação e a estrutura física, é necessária a existência de um elemento que seja intermediário, tanto na função quanto em sua composição. Esse corpo é chamado espiritual ou perispírito", define.


MATÉRIA 
O perispírito, de acordo com o conhecimento espírita, é envoltório fluídico que uniria a alma humana ao corpo físico e, através do qual, o espírito atuaria na matéria. Mas, antes de mais nada, é preciso compreender que, para o espiritismo, somos seres em constante evolução e estar encarnado é o processo para evoluir. No livro a Cura e Auto-Cura, uma visão médico espírita, do homeopata Andrei Moreira, ele explica que a reencarnação é a lei biológica natural, "instrumento da evolução, em que o ser experimenta o contato com a diversidade e desenvolve aptidões necessárias ao progresso." Ele diz que a reercarnação devolve ao homem o fruto de suas escolhas, "em mecanismos naturais de reencontros, saúde ou doença."

O médico psiquiatra Jaider Rodrigues diz que usa recursos da ciência acrescidos da compreensão espírita no tratamento dos pacientes
Segundo explica o psiquiatra espírita Jaider Rodrigues, o paciente da psiquiatria é visto por dois viés: "Levamos em conta a influência espiritual, que pode ser do próprio paciente, ou seja, questões do próprio espírito e, também, as influências externas, que podem ser de outros espíritos que passam a influenciar no quadro mental do paciente", explica, acrescentando que todos os casos são passivos de auxílio. "Usamos os recursos da ciência, acrescidos da compreensão espírita."

Jaider lembra do caso de uma paciente que lhe chamou a atenção. Muito bonita e, com no máximo 30 anos, essa mulher, de BH, desenvolveu um quadro de esquizofrenia grave, sem motivo aparente. "Ela entrou em um quadro psicótico e tivemos que interná-la no Hospital André Luiz, pois estava agressiva, falava coisas sem sentido. Durante as sessões mediúnicas que fazemos para os pacientes, apareceu um espírito dizendo ter sido escravo na vida anterior e contou que aquela mulher, na sua última vida, tinha sido casada com um senhor de engenho e abusava muito dos escravos, com requinte de crueldade. Nesta vida, esses espíritos a perturbaram", conta, dizendo que o espírito avisou ainda que seria difícil livrá-la dessas influências externas, e que por mais que os médicos fizessem, nada ia adiantar. "Por um tempo, ela conseguiu melhorar. Mas não durou muito e faleceu", lamenta Jaider.

Processo de evolução
Geralmente, os transtornos quando se manifestam, é a culpa do que se fez em outra vida, como apontam os estudos espíritas. Mas, de acordo com os médicos, não se trata de um castigo divino. Faz parte do processo de evolução daquele espírito. Ouvir vozes, de acordo com Jaider, pode ser, sim, um espírito falando. A obsessão, de acordo com o precursor do espiritismo, Alan Kardec, é a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. "Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral sem perceptíveis sinais exteriores até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais", diz em seu livro, o Evangelho segundo o espiritismo. Ele diz que a obsessão ocorrerá toda vez que alguém, encarnado ou desencarnado, exercer sobre o outro constrição mental negativa.

De acordo com Kardec, há vários tipos de obsessão, sendo o mais grave o de subjugação, em que o obsessor interfere e domina o cérebro do encarnado. A subjugação pode ser psíquica, física ou fisiopsíquica. Assim, as doenças mentais ou físicas podem, sim, de acordo com o conhecimento espírita, sofrer influências externas. Um dos tratamentos indicados são os passes, idas ao centro espírita e sessões de desobsessão, em que os médicos médiuns ajudam os espíritos desencarnados e encarnados envolvidos no processo a receber esclarecimentos, para que ambos tenham bases sólidas para mudar hábitos e atitudes, condicionando-se a atitudes mentais mais saudáveis. Segundo escreveu Francisco Cândido Xavier, ao psicografar a obra de André Luíz, Mundo maior, "o processo obsessivo não é, na realidade, uma doença, é simplesmente um reflexo de mentes doentias que se unem. Ele não é uma causa, é o efeito de um 'mal' anterior".

REBELDES 
Nesses casos de transtornos mentais, além do conhecimento espírita, medicamentos são usados. Kardec acreditava que somente medicação não traria alívio. No Hospital André Luiz, em BH, que tem 45 anos de funcionamento, sendo referência para casos psiquiátricos, os pacientes, de acordo com o diretor, Roberto Lúcio Vieira, são de todas as crenças, sendo o diferencial da unidade o tratamento espiritual. Segundo ele, há no hospital 350 funcionários que trabalham voluntariamente. "Com autorização do paciente ou da família, aplicamos os conhecimentos do espiritismo." De acordo com ele, algumas doenças psiquiátricas, geralmente, são de indivíduos mais rebeldes.

É o caso, por exemplo, da depressão, que afeta cerca de 35 milhões de pessoas no Brasil. "É uma doença que demarca a grande rebeldia do espírito", diz Roberto. Segundo Jaider, geralmente, é o espírito não se contentando com a vida que Deus lhe deu. "É como se dissesse 'já que não tenho a vida que quero, não aceito a vida que tenho'. Se o paciente der espaço, a gente estimula a relação com Deus e o hábito da oração", conta. Os pensamentos negativos também contribuem para o quadro.

Outro mal apontado pelos médicos é o de Alzheimer. Segundo Roberto, assim como a medicina tradicional vem tentando entender essa doença que afeta a memória do paciente, o espiritismo também busca suas explicações. Um dos esclarecimentos para a causa da enfermidade é que a grande maioria dos portadores da doença foi culturalmente pobre durante a vida, se prendeu a questões materiais e dificuldades de relacionamento. "Quando ocorre o Alzheimer, é como se fosse uma oportunidade para que essa pessoa chegue mais "limpa" espiritualmente no outro plano. E para os familiares, é uma prova de paciência."


KARDEC, A BIOGRAFIA, POR MARCEL SOUTO MAIOR

No que parece ser o maior lançamento espírita do ano (mesmo que o autor não seja espírita), o jornalista Marcel Souto Maior, autor de "As Vidas de Chico Xavier", escreve agora sobre a vida Allan Kardec, francês que codificou o espiritismo no século 19.

O que transformou o cético em referência fundamental de uma religião? O que o convenceu a acreditar que os mortos estavam vivos e se comunicavam através de médiuns? O que o fez enfrentar adversários ferrenhos da Igreja e da imprensa para levar ao maior número de leitores sua fé na sobrevivência do espírito?

Foi em busca de respostas para estas perguntas que o autor, biógrafo de Chico Xavier, saiu a campo. O resultado de sua pesquisa é um retrato surpreendente do homem que virou símbolo de uma doutrina para milhões de seguidores e ajudou a transformar o Brasil no maior país espírita do mundo.

Além de "As Vidas de Chico Xavier", livro adaptado para o cinema com o título "Chico Xavier", o autor também assina "Por Trás do Véu de Ísis" e "As Lições de Chico Xavier".

"Kardec"está com lançamento previsto para 21 de outubro.


"O Livro dos Espíritos é fundamental para quem quer entender a origem, a lógica e o sentido da Doutrina Espírita. Li e reli várias vezes para conseguir decifrar Chico Xavier. Durante toda a vida ele se dedicou a seguir os principais valores descritos/defendidos no livro de Allan Kardec: a fé na vida depois da morte, o valor da caridade, a importância do trabalho em favor do outro." 
"(Kardec) é outro personagem muito forte. Eu resumiria a história dele com poucas palavras: “Ele nasceu Hippolyte Léon Denizard Rivail na França do século 19. Sempre foi cético. Um professor respeitado em seu tempo, discípulo do educador Pestalozzi. Até que mesas começaram a girar e mensagens passaram a chegar de muito longe... Com 54 anos, depois de testemunhar estes fenômenos – batizados de “mesas girantes” -, Rivail mudou de vida e de nome. Tornou-se Allan Kardec para dar voz aos espíritos...” A história de Kardec é a história de uma conversão."
"Eu era um “cético absoluto” quando me aproximei de Chico Xavier pela primeira vez. Hoje digo que minha fé “não é consolidada”, é cheia de altos e baixos... Às vezes acredito na possibilidade da “vida depois da morte”, às vezes duvido totalmente, mas esta nova “posição” já é um avanço para quem não acreditava em absolutamente nada há 15 anos. Não tenho nenhuma religião, mas tenho fascínio por este tema: a fé."
– Marcel Souto Maior 

Autor: Marcel Souto Maior
Editora: Record
Páginas: 322
Quanto: R$ 31,90 (pré-venda)

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Revista Veja: A arte de culpar os outros

Diogo Schelp
Revista Veja - 14/05/2012

A tentativa de encontrar um bode expiatório para tudo é uma prática que acompanha a humanidade há milhares de anos — e os estudiosos dizem que podemos nos livrar dela


“Nada paralisou mais a inteligência do que a busca por bodes expiatórios”, escreveu o historiador britânico Theodore Zeldin no livro Uma História Íntima da Humanidade, de 1994. Paralisou, e continua a paralisar. A tentativa de jogar a culpa por uma situação indesejada — de desastres naturais a guerras, de crises econômicas a epidemias — nas costas de um único indivíduo ou grupo quase sempre inocente é uma prática tão disseminada que alguns estudiosos a consideram essencial para entender a vida em sociedade. Se observarmos à nossa volta, encontraremos muitos exemplos. Quando um adulto interrompe a briga de duas crianças, uma aponta o dedo inquisidor para a outra: “Foi ela quem começou!”. De maneira semelhante, a campanha para as eleições presidenciais na França, encerradas com a vitória do socialista François Hollande, foi pautada em parte pelas retóricas anti-imigração e anti-União Europeia, como se um fator qualquer vindo de fora fosse o bastante para explicar um problema tão complexo como o alto desemprego no país. Nos Estados Unidos, o culpado da vez é o 1 % mais rico da população, que paga proporcionalmente menos impostos do que a classe média. Na América Latina, a tradição populista não existiria sem a invenção de inimigos imaginários internos (as oligarquias, os bancos, a imprensa) e externos (o FMI, os Estados Unidos). A ditadura cubana sustenta-se há mais de quatro décadas sobre a fantasia de que a miséria de sua população se deve ao embargo americano à ilha, e não ao fracasso de seu sistema comunista. E o venezuelano Hugo Chávez chegou a levantar a bizarra hipótese de que os Estados Unidos haviam provocado câncer nele e em outros quatro presidentes da região diagnosticados com a doença em anos recentes, entre os quais Dilma Rousseff e Lula. Como é possível que explicações irracionais como essas convençam tanta gente, apesar da falta de evidências?

No livro Scapegoat — A History of Blaming Other People (Bode Expiatório — Uma História da Prática de Culpar Outras Pessoas), publicado nos Estados Unidos e na Inglaterra, o autor, Charlie Campbell, defende a tese de que cada ser humano tende a se considerar melhor do que realmente é, e por isso tem dificuldade de admitir os próprios erros. “Adão culpou Eva, Eva culpou a serpente, e assim continuamos assiduamente desde então”, escreveu Campbell. Junte-se a isso a necessidade intrinsecamente humana de tentar encontrar um sentido, uma ordem no caos do mundo, e têm-se os elementos exatos para aceitarmos a primeira e a mais simples explicação que aparecer para os males a nos afligir. Desde muito cedo, provavelmente com o surgimento das primeiras crenças religiosas, a humanidade desenvolveu rituais para transferir a culpa para pessoas, animais ou objetos como uma forma de purificação e recomeço. A expressão “bode expiatório” refere-se a uma passagem do Velho Testamento que descreve o sacrifício de dois ruminantes no Dia da Expiação hebraico. O primeiro bode era sacrificado imediatamente em tributo a Deus, para pagar pelos pecados da comunidade. O segundo era enxotado da aldeia, carregando consigo, simbolicamente, a culpa de todos os moradores. Os gregos antigos tinham o pharmakos, geralmente um escravo ou um marginal, que era banido para purificar o grupo e assim afastar o que consideravam punições dos deuses — pragas, secas e outros desastres. Alguns pensadores gregos questionaram a tendência de atribuir tudo aos habitantes do Olimpo. O dramaturgo Eurípides (480-406 a.C.) chegou a ponderar que em suas últimas obras as pessoas precisam se confrontar com o mal que emana delas próprias, no lugar de sempre responsabilizar os imortais.

A escolha do bode expiatório costuma obedecer a, pelo menos, um de três requisitos. Primeiro, deve ser alguém capaz de substituir sozinho muitas vítimas potenciais. Foi o que ocorreu com Andrés Escobar, zagueiro da seleção colombiana de futebol cujo gol contra na partida com os Estados Unidos eliminou seu time da Copa do Mundo de 1994. Quando voltou à Colômbia, Escobar foi assassinado a tiros, supostamente por apostadores que haviam perdido dinheiro com a derrota. Por maior que tenha sido o erro do jogador, é óbvio que num time com onze integrantes não se pode atribuir a apenas um deles toda a culpa por um resultado ruim. O segundo quesito a ser preenchido por um candidato a bode expiatório é ser um alvo facilmente identificável. O ditador alemão Adolf Hitler, um dos mais cruéis inventores de bodes expiatórios de todos os tempos, achava que um verdadeiro líder nacional era aquele que, em vez de dividir a atenção de seu povo, tratava de canalizá-la contra um grande inimigo. Após séculos de antissemitismo na Europa, não foi difícil para os nazistas transformar os judeus — que na Idade Média chegaram a ser culpados até pelo alastramento da peste negra — em suas vítimas preferenciais, atribuindo a eles a responsabilidade por uma série de malfeitorias, entre as quais a de serem os causadores e beneficiários da crise econômica que assolava a Alemanha. A expiação coletiva imposta pelos nazistas resultou na morte de 6 milhões de judeus.

O terceiro critério para encontrar um bom culpado é suspeitar de qualquer pessoa que tente defender a inocência de um bode expiatório. Na caça às bruxas da Idade Média, que resultou no julgamento e na execução de dezenas de milhares de mulheres, funcionava assim. Os métodos para identificar uma "noiva do demônio” eram absurdos. Um deles consistia em jogar a acusada num rio com as mãos e os pés atados; se ela boiasse, era culpada, se afundasse, era inocente, mas aí já estaria morta. Nessas condições, poucos testemunhavam em favor das supostas bruxas, com medo de serem enviados juntos para a fogueira. Essa regra também é atávica dos estados totalitários, que, por princípio, não podem assumir as próprias falhas sob o risco de perderem a legitimidade, e por isso precisam de alguém para expiar suas culpas. Do soviético Josef Stalin a Hugo Chávez, tiranos e tiranetes usaram e usam a máxima de que quem nega uma conspiração é pane dela. A injustiça sofrida no fim do século XIX pelo oficial do Exército francês Alfred Dreyfus preenche os três requisitos acima. Dreyfus, oriundo de uma rica família judia, foi condenado por espionagem, submetido a um humilhante rito de desonra militar e enviado para uma solitária em uma colônia penal no Caribe. Anos depois, por iniciativa de colegas e de intelectuais como Émile Zola, provou-se que Dreyfus era inocente, mas nem por isso ele foi libertado. Seus apoiadores foram perseguidos, e Zola refugiou-se na Inglaterra. Dreyfus acabou anistiado, mas sua inocência nunca foi admitida oficialmente. "Ao longo da história, apenas em circunstâncias excepcionais os governantes foram capazes de admitir sua culpabilidade”, escreve Campbell no livro Scapegoat. Nesse sentido, um exemplo de retidão moral foi demonstrado pelo general americano Dwight Eisenhower, que dias antes da invasão da Normandia, momento decisivo da II Guerra Mundial, em 1944, deixou preparado um discurso em que assumia toda a responsabilidade se a operação fracassasse. Ele não precisou usá-lo e, em 1952, foi eleito presidente dos Estados Unidos.

O estudo mais profundo sobre a função do bode expiatório na sociedade é do francês Rene" Girard, cujo livro mais conhecido é A Violência e o Sagrado. Girard é autor da teoria do desejo mimético, segundo a qual ninguém almeja algo porque precisa, mas porque aquilo também é desejado por outra pessoa. A vida em sociedade consiste na multiplicação dessa equação, e a dificuldade de conciliar os desejos de todos cria tensões e violência. Para que a ordem social não imploda em atos de vingança, existem os rituais de sacrifício, em que os impulsos destrutivos são canalizados para um bode expiatório. No mundo moderno, os sacrifícios com derramamento de sangue deram lugar a rituais mais sutis de expiação, auxiliados por tecnologias como a internet. "O fenômeno mimético pode se propagar com muito mais rapidez e intensidade em multidões abstratas do que em multidões concentradas em um mesmo espaço físico. Eis uma maneira muito eficiente e rápida de destruir a reputação de uma pessoa”, diz o francês Jean- Pierre Dupuy, professor da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e diretor de pesquisas do instituto Imitatio, fundado por Peter Thiel. um dos dez maiores acionistas do Facebook. Thiel, vejam só, foi aluno de Girard. Mas a internet é só um instrumento para os novos rituais de sacrifício, e a humanidade não está presa a esse mecanismo arcaico. Segundo René Girard, no momento em que o ser humano se conscientiza de que o bode expiatório nada mais é que uma vítima inocente, seu sacrifício deixa de fazer sentido. Não precisamos de bodes expiatórios.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Tributo a Kardec: evento traz a Salvador importantes nomes do Espiritismo no Brasil






Organizado pela Sociedade de Educação Espírita da Bahia (SEEB), acontece em Salvador, nos dias 02 e 03 de agosto, a terceira edição do TRIBUTO A KARDEC. O evento irá reunir importantes nomes da literatura espírita na atualidade, como Robson Pinheiro e Francisco do Espírito Santo Neto, além de estudiosos da área, como Jeny Bastos, Miréia Carvalho e Artur Mascarenhas, para discutir “A Obsessão e seus Mistérios”, tema que norteará as palestras, debates e mesas de discussões que integram a programação.

Ao longo do encontro, vertentes como a visão espírita da obsessão, hábitos e vulnerabilidades psicológicas, experiências em obsessão e desobsessão, entre outras, serão discutidas e analisadas. O seminário será realizado no Hotel Vila Galé, no bairro Ondina, e os ingressos podem ser adquiridos nos balcões do Ticketmix ou no local, no dia do evento. A entrada custa R$ 50.

Na sexta-feira, 02 de agosto, a partir das 20h30, o médium e músico Vansan dá início a programação com sua palestra musical, a qual consiste num momento de reflexão profunda sobre os ensinamentos da Doutrina Espírita através da música. Temas como a importância da vida, do amor e da convivência coletiva fazem parte do percurso musical-doutrinário.

Já no sábado, 03 de agosto, às 9h, a programação recomeça com a palestra ministrada por Jeny Bastos, membro do Instituto de Difusão Espírita da Bahia (IDEBA), seguida pela do médium, escritor e palestrante, autor de mais de dez livros, Francisco do Espírito Santo Neto, o qual falará sobre a obsessão e a renovação de atitudes. Às 11h10, será iniciada a mesa redonda intitulada “ Experiências em Obsessão e Desobsessão”, com Jeny Bastos, Robson Pinheiro e Francisco do Espírito Santo Neto.

À tarde, a partir das 14h, Artur Mascarenhas e Miréia Carvalho, membros da SEEB, ministram as palestras “A Interpretação Fluídica do Processo Obsessivo” e “Os Labirintos da Auto-Obsessão: hábitos, vulnerabilidades psicológicas, resistências e mudanças”, respectivamente. Já às 16h, o Robson Pinheiro, um dos mais expressivos nomes da literatura mediúnica na atualidade, ministrará a palestra que abarca com total precisão o tema maior do seminário: “A Obsessão e os seus Mistérios”. A programação será finalizada com uma segunda apresentação do músico Vansan.

A SEEB – Fundada em 1992, a Sociedade de Educação Espírita da Bahia é uma instituição voltada ao estudo e à divulgação da Doutrina Espírita Kardecista, que busca contribuir, através da educação integral do ser humano, para a transformação moral da humanidade. Desde então, a SEEB vem consolidando seu trabalho através de palestras, seminários, grupos de estudo e pesquisas.

Robson Pinheiro – Um dos mais expressivos e reconhecidos nomes da literatura espírita atualmente, o médium e palestrante Robson Pinheiro é fundador e administrador de diversas instituições comprometidas com a difusão das espíritas de liberdade, trabalho e fraternidade, entre elas o que viria a se chamar a Universidade do Espírito Santo de Minas Gerais, a Clínica Holística Joseph Gleber e da Aruanda e a Editora Casa dos Espíritos, ambos sediados no estado de Minas Gerais. Em sua biografia, o autor acumula mais de 20 obras psicografadas por diversos autores espirituais, compreendendo gêneros como romances espíritas, estudos bíblicos, históricos e de ciência espírita, além de obras para o autoconhecimento, com destaque para “Tambores de Angola”, “Aruanda”, “Medicina da Alma e Legião: um olhar sobre o reino das sombras”. No total, o número de títulos vendidos já ultrapassa a marca de um milhão de exemplares.

Francisco do Espírito Santo Neto – Médium, escritor e palestrante, fundou, há mais de 25 anos, a Sociedade Espírita Boa Nova, a qual até hoje mantém suas atividades, abrigando instituições que atendem crianças e idosos. Autor de dezenas de livros, entre eles obras psicografadas como “Renovando Atitudes”, “Lucidez – a Luz que Acende a Alma”, “A Imensidão dos Sentidos. Atua também como diretor responsável da Revista Espírita Delfos, que traz em seu conteúdo matérias especiais, entrevistas, sessões e outras informações pertinentes ao meio literário espírita.

Vansan – Natural de Mogi das Cruzes (SP), tem mais de 20 cds gravados e participa como orador e músico de diversos congressos, seminários e encontros espíritas em todo o Brasil. Sua apresentação consiste num momento de reflexão profunda sobre os ensinamentos da doutrina espírita através da música. Trata-se de uma apresentação musical-doutrinária. Temas como a importância da vida, do amor e da convivência coletiva também estão presentes em sua palestra musical.

Programação completa:


Sexta-feira / 02 de agosto

19h – Entrega de material/Inscrições
20h – Abertura do seminário
20h30 – Palestra Musical – Vansan

Sábado / 03 de agosto

09h – Palestra: Visão Espírita da Obsessão (Jeny Barros)
09h50 – Palestra: Obsessão e Renovação de Atitudes (Francisco do Espírito Santo Neto)
10h40 – Intervalor/ Sessão de autógrafos
11h10 – Mesa-redonda: Experiências em Obsessão e Desobsessão (Jeny Bastos, Robson Pinheiro, Francisco do Espírito Santo Neto) – Mediador: Kleber Monteiro

12h – 14h – Almoço
14h – Palestra: A Interpretação Fluídica do Processo Obsessivo (Artur Mascarenhas)
14h50 – Palestra: Os Labirintos da Auto-Obsessão: hábitos, vulnerabilidades psicológicas, resistências e mudanças (Miréia Carvalho)
15h40 – Intervalo
16h – Palestra: A Obsessão e os Seus Mistérios (Robson Pinheiro)
17h – Sessão de autógrafos
17h30 – Encerramento com Vansan


Serviços:


Tributo a Kardec – A Obsessão e os seus mistérios
Quando: 02 e 03 de agosto de 2013
Onde: Hotel Vila Galé, R. Morro do Escravo Miguel, 320 – Ondina, Salvador, Ba
Ingressos: R$ 50 (Balcões do Ticketmix)
Informações: (71) 8786-1597 (Grupo SEEB)

quinta-feira, 11 de julho de 2013

SEMINÁRIO - A OBSESSÃO E OS SEUS MISTÉRIOS




Os Espíritos podem influenciar em nossas vidas? Afinal, o que é a obsessão? Obsessão é o que as pessoas chamam de “encosto”? A ação dos Espíritos pode causar doenças? Qual a relação entre a obsessão e a loucura? Existe obsessão em crianças? Será que estou obsidiado? O que fazer?

Estas e outras perguntas serão respondidas no seminário TRIBUTO A KARDEC 2013: A OBSESSÃO E OS SEUS MISTÉRIOS, promovido pela SEEB – Sociedade de Educação Espírita da Bahia – nos dias 2 e 3 de Agosto de 2013, no Hotel Vila Galé Ondina. Nesta edição a SEEB traz a Salvador importantes nomes da literatura mediúnica da atualidade, como Robson Pinheiro e Francisco do Espírito Santo Neto, bem como estudiosos do tema e coordenadores de reuniões de desobsessão, como Jeny Bastos (IDEBA – Instituto de Difusão Espírita da Bahia), Miréia Carvalho e Artur Mascarenhas (SEEB). O evento conta ainda com a presença do cantor Vansan, que fará uma palestra musical de abertura e outras participações no evento.

Fundada em outubro de 1992, a SEEB é uma instituição voltada ao estudo e a divulgação da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, que busca contribuir, através da educação integral do ser humano, para a transformação moral da humanidade. A SEEB vem consolidando seu trabalho através de palestras, seminários, grupos de estudo e pesquisa, abertos à comunidade.

As inscrições para o seminário podem ser feitas nos balcões da TicketMix ou na sede do grupo, que fica na Alameda Monte Carmelo, 26, Brotas. O valor do ingresso é de R$ 50,00 e podem ser pagos em cartões de crédito, desde que a compra seja feita na TicketMix.

Local: Hotel Vila Galé – Ondina

Data: 2 e 3 de Agosto de 2012

Valor: R$ 50,00.

Contato – (71) 8786-1597

Vendas disponíveis em todos os Pontos de venda Ticketmix (Shopping BARRA – Shopping IGUATEMI – Shopping PARALELA – SALVADOR Shopping).


Especial Hermínio Miranda: Entrevista a Revista Universo Espírita

por Ana Carolina Coutinho (2012)


O sr. escreveu um livro que é considerado um guia da prática mediúnica, Diversidade dos Carismas, o que é mediunidade, Herminio? 
Ah! Se eu soubesse, eu diria (rs). A definição é simples, é a que está em O Livro dos Espíritos: “O médium é o intermediário entre um mundo e outro, entre uma face da vida e outra, entre uma dimensão e outra”. Agora, há uma variedade tão grande de recursos mediúnicos... Em Diversidade de Carismas fiz uma tentativa de dizer o que eu entendia, mais ou menos, sobre mediunidade, quando me pediram esse livro – foram até as entidades mesmo que me pediram – eu disse: “Mas o que é que vou falar sobre mediunidade, já está tudo falado...” Mas aí comecei a estudar e vi que ainda tinha muita coisa para dizer. Não tenho a pretensão de afirmar que esgotei o assunto, de forma alguma. Ainda tem muita coisa que aprender sobre mediunidade. O caso do Luciano dos Anjos [protagonista de Eu sou Camille Desmoulins], por exemplo, nele é uma faculdade animista, é o espírito dele dizendo o que está acontecendo, o que viu no passado. Mediunidade é tão difícil de definir quanto o tempo. Até hoje não sei defini-lo e não tenho a pretensão de fazê-lo tão cedo. Acho que só quando eu estiver fora dele é que vou entendê-lo. 

Nossos Filhos são Espíritos é um dos livros mais vendidos da literatura espírita, chegando a mais de 250 mil exemplares. Ao quê o sr. credita esse sucesso? 
Faço todos os meus livros com muita emoção. Envolvo-me demais naquela atmosfera. Uma vez conheci o Érico Veríssimo lá nos Estados Unidos e disse-lhe que o meu preferido dele era o Olhai os Lírios do Campo, uma obra lírica, muito bonita, eu lhe disse que esse livro tinha carga emocional muito grande e ele confirmou minha afirmação. Então, acho que isso se aplica no meu caso, ao Nosso Filhos São Espíritos. Coloquei nele todo o meu coração e não procurei me dirigir aos espíritas especificamente; sempre achei, desde que comecei a escrever, que nós, do meio espírita, tínhamos que escrever também visando o público não espírita. Porque o não espírita não pega para ler O Livro dos Médiuns, dos Espíritos, de Emmanuel; raramente lê os de André Luiz, e quando o faz é como romance e não como obra didática que é. Então, chegou a um ponto em que eu tinha de dizer as coisas, a minha experiência pessoal, como se eu tivesse conversando, contando as emoções do nascimento de minha primeira filha, se aparecerem fenômenos mediúnicos na criança como ela deve ser tratada, etc. Então, uma pessoa que não pega um livro espírita para ler, pega Nosso Filhos São Espíritos; Autismo também. Um livro com este tema interessa a muita gente que não é espírita. Claro que há uma visão espírita e não faço segredo disso. “Você não acredita? Tudo bem”. Não é nem problema de fé. Reencarnação não é uma questão de você acreditar ou não, é a Lei. Tanto faz. Você já reencarnou e ainda vai reencarnar. 

As quais conclusões chegou após pesquisar sobre o autismo? 
O autismo é um problema muito interessante. Muito curioso. Às vezes, uma pequena frase que você lê num livro lhe desperta um mundo interior de coisas. Eu estava lendo um livro que a médica, uma psicóloga de vanguarda que começou a fazer experiência de regressão com muita competência, disse que o autismo era uma rejeição à reencarnação. Essa frase acendeu uma luzinha na minha cabeça. Se é uma rejeição da reencarnação, isso faz sentido, por que a pessoa se reencarna e não quer participar, interagir com ninguém. O autismo é uma síndrome extramente complexa e muito difícil de entender se não se levar em conta o mundo espiritual. Por que crianças sadias, perfeitas, lindas, não interagem? Geralmente ocorre tudo bem até os dois, três, primeiros anos e, de repente, ela para de falar e começa a se isolar; é um drama terrível. Aí comecei a comprar livros; queria saber. Só depois de muita leitura, muita meditação, decidi escrever. Autismo é um livro muito lido fora do meio espírita. Acho que o autista não é uma pessoa perturbada, nem um doente mental, é apenas uma pessoa que tem um conflito qualquer, precisa ser entendida como ela é. Você não pode arrastá-la para o seu mundo. Afinal, o que é ser normal? Para o autista o normal é aquilo. No livro procurei dar essa visão de que a criança está diferente porque ela tem uma outra visão da vida e precisa ser respeitada. A nossa “normalidade” é a única possível? De jeito nenhum. 

Houve algum livro que lhe deu maior prazer na execução de sua tradução? 
A História Triste [no prelo]. É um livro raríssimo, discutidíssimo. Foi psicografado por uma médium americana e a entidade que se apresentou a ela se dizia uma mulher nascida na Inglaterra que migrou para os Estados Unidos no século 17. Este livro tem uma linguagem impressionante, antiga, arcaica, com estilo similar à 
época de Shakespeare. Deu um trabalho... Mas em todo caso, foi um livro que traduzi com prazer. Quando ele foi lançado [na segunda década do século 20], o fenômeno interessou a jornalistas, pensadores, cientistas, filósofos. A jovem senhora, casada, que escreveu, não tinha a mínima condição para fazê-lo. A história se passa na Palestina, do dia em que Cristo nasceu até quando ele foi crucificado. Levei dois anos trabalhando nele. A autora espiritual viveu lá. Conhece a história, a geografia, a política, a religião, o costume daqueles povos. Sabe de tudo. Tem um respeito e uma admiração incrível pelo Cristo. Ele teria sido uma escrava levada da Grécia pelos romanos, e César a deu de presente ao Tibérius – futuro imperador. Ela era uma mulher lindíssima, mas engravidou. Tibérius não queria complicação, pois já sabia que iria suceder Augusto no trono, então pediu que seus soldados sumissem com ela no mundo. E ela saiu pelo mundo afora e acabou na Palestina. Seu filho nasceu nas proximidades de Belém na mesma noite em que nasceu Jesus. O filho dela é terrível, se transformou num criminoso. Então, dá-se o contraste entre o Cristo, a luz, e ele, a sombra. Ela conta coisas inacreditáveis da época. Uma história muito bonita que despertou o grande interesse pela competência literária, mas o povo não estava preparado para aceitar a história fantástica que tinha por trás daquilo tudo. Esse livro me causou muita emoção. Envolveu-me muito com aqueles tempos também. 

Você escreveu um livro sobre os “hereges” cátaros. O que foi o Catarismo? 
Foi o Espiritismo do século 13. Era uma doutrina que tentava recuperar o Cristianismo primitivo. Eles tinham uma filosofia muito bonita. Era o Espiritismo puro. Foi uma pena o Cristianismo ter perdido aquela oportunidade de se refazer. 
Qual foi a fonte que eles utilizaram para recuperar os verdadeiros ensinamentos de Jesus? 
Eles vieram programados para isso. O Cristianismo começou a se desviar do que o Cristo pregou logo no principio, no fim do 1º século, quando começaram a inventar dogmas. A Dra. Elaine Pagels, que escreveu um livro sobre os Evangelhos Gnósticos, diz que o Cristianismo começou a mudar – e estou de acordo com ela – quando optou pelo poder terreno. Eles queriam o Cristianismo quantitativo e não qualitativo – uma expressão genial dela –, pois assim eles queriam uma Igreja que arrebanhasse gente e aí se inventou um monte de coisa, que Cristo era Deus, o Natal para comemorar o nascimento... Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro, isso foi uma adaptação da Igreja para que conseguisse arrebanhar aqueles que comemoravam as festas pagãs. Cristo não fundou uma Igreja. Lamento dizer essas coisas, mas já fui herege tantas vezes que mais uma não tem diferença. Ele pregou uma doutrina de comportamento: como é que você deve se portar perante a vida, o seu semelhante, perante Deus, perante você mesmo. Cristo nunca pregou ritual nenhum; ao contrário, ritual por ritual, fizesse o que faziam os judeus da época. Ele não queria convencer ninguém a ser cristão. Ele não era cristão. O Cristianismo foi uma coisa posterior, a questão dos santos, por exemplo, veio para substituir os deuses do politeísmo. Bom, realmente a Igreja teve um grande sucesso na parte de quantidade, já na de qualidade subverteu. Então, entre o 3º e 4º séculos surgiu o gnosticismo, que, na verdade, não surgiu, ressurgiu. 

O que é o gnosticismo? 
Ele ensina idéias, que são coisas religiosas, como reencarnação, imortalidade, preexistência, comunicabilidade dos Espíritos. Essas idéias precisam fazer parte de qualquer religião que se preze. Não se pode ter religião fora disso, pois como dá para entender um Deus injusto que cria pessoas saudáveis e outras não? Como dizia Santo Agostinho, ou Ele não sabia o que estava fazendo ou então Ele é muito mal. Criar um sujeito para ir para o inferno?! Essas são as coisas que questiono. Estes conceitos fundamentais – reencarnação, imortalidade, etc. – aparecem, em primeiro lugar, em Jesus. Em segundo lugar, nos gnósticos, que não era uma religião, mas uma filosofia. A palavra gnosticismo quer dizer conhecimento, uma busca do conhecimento, não importa se religioso ou não. Os neoplatônicos [corrente filosófica do 3º século] também lidavam com essas idéias. O gnosticismo passou a ser, no tempo dos neoplatônicos um tipo de filosofia. Oferece a salvação pelo conhecimento, pelo progresso espiritual, pela ampliação da observação que dá para se fazer sobre o mundo. Nesse sentido, os gnósticos tentaram reverter o Cristianismo, e foram excluídos sumariamente. Mas não foi com violência. Os gnósticos não se juntaram à Igreja, eles pegaram de Jesus aquilo que fazia sentido para eles: as vidas sucessivas, a comunicação dos Espíritos, essas coisas. Falhou o gnosticismo. 

Foi uma tentativa de resgatar os verdadeiros ensinamentos de Jesus, né? Neste sentido vieram outras tentativas posteriores? 

No século 7, conforme conta Emmanuel, Maomé veio para cá com o projeto de recomeçar todo o Cristianismo. Nasceu numa tribo que não tinha muita ligação com o mundo, tudo para recomeçar a pregação de Jesus. Segundo diz Emmanuel, Maomé se desviou dessa missão. Então veio o Islamismo, que é uma religião muito respeitável. Eu não tenho nenhuma restrição, absolutamente. Essa foi uma outra alternativa. Veio, então, o catarismo. Começou no ano 1000. Tenho um palpite que começou como programação para encontrar qual a melhor maneira de apresentar aquela filosofia dos gnósticos sem combater as religiões institucionalizadas. Enfim, os mesmos conceitos sempre ressurgem. Por causa de alguma perseguição metem eles debaixo da terra, daqui a pouco eles aparecem lá na frente. 

Após o catarismo veio a Reforma. Ela também foi uma tentativa para a retomada do verdadeiro Cristianismo? 
Sim, e isso quem diz é o próprio Emmanuel. No livro A Caminho da Luz ele conta que o mundo espiritual estava muito preocupado em ver como o Cristianismo estava mal interpretado e que isso precisava mudar. Então, ele cita uma turma que veio para cá para esse recomeço: Lutero, Calvino, entre outros. Para recomeçar, pelo Evangelho do Cristo. Era preciso voltar àqueles tempos e recomeçar. Mas não deu certo de novo. Lutero pregou suas teses na porta da Igreja. Ele era sensacional e tinha todos os recursos. Inclusive, achei que ele era a encarnação de Paulo. Não quero convencer o leitor; mas são tantas coincidências (digo que coincidência é um dos pseudônimos de Deus, quando Ele não quer assinar). Lutero veio com esse propósito, mas depois acabou se envolvendo em outras coisas... A Reforma não foi suficientemente reformista. Também começaram a se separar em seitas; uns acreditavam numa coisa, outros noutra. Ficaram ainda lidando com o problema da fé; mas não mudaram nada na substância do Cristianismo, foi muito pouco. E hoje ainda estamos vemos isso aí, né? O Cristianismo cada vez mais perdido. 

Depois veio o Espiritismo? 
Aí, desta vez, foi planejado tudo de maneira diferente. O próprio Jesus foi a liderança principal do movimento. Tinha de ser. Muita gente ainda tem dúvida se o Espírito de Verdade é o próprio Cristo. É. Aquela comunicação do Espírito de Verdade a Kardec: “Espíritas, amai-vos (...). Instruí-vos (...)”, figura em O Livro dos Médiuns assinada por Jesus e aparece também em O Evangelho Segundo o Espiritismo, com ligeiras modificações de redação, assinada como Jesus. Então o próprio Cristo resolveu retomar o assunto. Ele disse que estaria à disposição do Kardec durante 15 minutos, se não me engano, por semana, para responder as dúvidas dele. Revelou a Kardec, mas Kardec mesmo não disse, pois lhe respeitou o desejo, que queria mesmo ficar como Espírito de Verdade. 

Da mesma forma que planejou movimentos para o resgate do verdadeiro Cristianismo, como o sr. acha que a espiritualidade está fazendo isso atualmente? 
Em todos os tempos a espiritualidade passa o recado para nós. A visão de Fátima, por exemplo, foi uma coisa dramática, não tem como negar; assim como a de Guadalupe. É a espiritualidade chamando nossa atenção. Recentemente me perguntaram se eu acreditava numa reunião entre as diversas crenças, eu disse que não, pois é uma guerra de poder e todas precisariam ceder um pouco; deixar de ser o que são, enfim. Criar uma concepção nova. E é ela que o Espiritismo vem trazer. Mas não é uma peculiaridade do Espiritismo, existe e vem há milhares e milhares de anos. São conceitos que os sacerdotes egípcios sabiam de cor e salteado, pois a religião egípcia tinha sua parte iniciática e tinha a versão popular, simbólica, que tinha sua razão de ser, mas não era a religião dos grandes sacerdotes. Era a mensagem do Cristo, que é a mesma de sempre. E ele, aliás, deve estar por trás disso tudo, pois Jesus ficou incumbido de dirigir o nosso planeta, desde a criação, conforme nos contam entidades respeitáveis. 

Na sua próxima encarnação o que gostaria de encontrar de diferente neste mundo? 
O amor. Com “A” bem grande. Estamos disputando espaços, gente que só quer ganhar dinheiro, só quer ocupar posições de comando. O poder é uma coisa perigosíssima. Acho provações mais difíceis o poder, a riqueza, a beleza física, a inteligência... Falta o componente da afetividade, do bom relacionamento com o mundo. O planeta está sendo demolido, destruído, isso é a falta de uma visão amorosa das coisas: dos seres e do ambiente em que vivemos. A grande mensagem do Cristo é esta. E Pedro foi muito feliz em dizer que “o Amor cobre uma multidão de pedaços”. 

Como você vê os caminhos do Espiritismo hoje? 
Acho que ele corre dois riscos: o de ser deturpado e o de ficar engessado. Acho um pouco exagerada a fixação dos divulgadores espíritas de conversarem apenas entre si. Os grandes filósofos do passado foram grandes comunicadores, falavam para todos e todos entendiam. Com todo respeito, se você pega o livro de um filósofo contemporâneo, não dá para entender nada; parece que escrevem uns para os outros! Acho que essa espécie de síndrome prevalece em alguns setores espíritas. Não precisa se preocupar com a doutrina espírita, se ela falhar agora – e por nossa causa – ela volta depois. Um Espírito disse a Kardec que o Espiritismo será “com os homens, sem os homens ou a despeito dos homens”. Mesmo que o rejeitemos ele vai renascer em outro lugar. Não é o movimento espírita são os conceitos fundamentais do Espiritismo que vem de milhares de anos.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

DESENCARNA AOS 93 ANOS O GRANDE ESCRITOR ESPÍRITA HERMÍNIO C. MIRANDA

Hermínio Corrêa de Miranda (Volta Redonda, 5 de janeiro de 1920 - Rio de Janeiro, 8 de julho de 2013) foi um dos principais pesquisadores e escritores espíritas do Brasil. Suas últimas obras foram assinadas como Hermínio C. Miranda.

Autor de mais de 40 livros, é um dos campeões de venda da literatura espírita do Brasil. Aliás, raros escritores nacionais conseguem tiragens tão expressivas quanto o autor de Nossos filhos são espíritos (mais de 250 mil exemplares), de Diálogo com as sombras (80 mil) e de outros vinte e quatro títulos, cuja vendagem anda ao redor dos seiscentos mil exemplares.

Tendo se tornado espírita em 1957, sua vasta produção literária inclui ainda obras que tratam do tempo, de regressão de memória, de autismo, de múltiplas personalidades, dos primórdios do cristianismo, todos assuntos que atiçaram sua inesgotável curiosidade.

Realizou pesquisas sobre reencarnação de personalidades notórias na ciência e na história, como Giordano Bruno e Fénelon, entre outros. Investigou profundamente a mediunidade, a paranormalidade, deixando como legado um vasto material de estudo que revela, sobretudo, o seu exemplo inspirador para os estudiosos do presente e do futuro.

O seu primeiro livro, Diálogo com as Sombras, foi publicado em 1976. Os seus direitos autorais foram sempre cedidos a instituições filantrópicas.

Na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que acontecerá de 29 de agosto a 8 de setembro, a Editora FEB irá lançar a nova obra de Hermínio: "Estudos e Crônicas."

Desencarnou em 8 de julho de 2013, aos 93 anos. Foi sepultado no cemitério Jardim da Saudade (Sulacap), no Rio de Janeiro.

terça-feira, 9 de julho de 2013

TRIBUTO A KARDEC 2013



Swedenborg: O cientista que falava com os anjos



DIÁRIO DA MANHÃ
PEDRO FAGUNDES AZEVEDO

Um dos mais notáveis precursores do Espiritismo surgiu cerca de um século antes da Codificação de Allan Kardec. Chamava-se Emanuel Swedenborg e  veio ao mundo no seio de tradicional família sueca, o que lhe proporcionou uma excelente formação filosófica, com profundo conhecimento das ciências então predominantes, notadamente a Física, a Astronomia e a Engenharia. Foi também financista e político. E apesar de ser um apaixonado estudioso da Bíblia, não ia muito à Igreja, contrariando os costumes de seu tempo, o que provocava severas críticas de seus inimigos e justificativas de seus amigos mais íntimos. Um destes explicou que "Swedenborg não poderia continuar aceitando como verdadeiras pregações igrejistas, tão diferentes de suas revelações.” O próprio Swedenborg confidenciou ao Reverendo Ferelius que não encontrava mais prazer em ir na igreja, por causa dos anjos com quem conversava até mesmo durante o culto religioso. Eles discordavam daquilo que o ministro dizia, especialmente quando o assunto era as três pessoas da Divindade, o que seria o mesmo que admitir a existência de três deuses.

Em certa ocasião, um criado e sua esposa, pessoas simples, que trabalhavam para Swedenborg há muitos anos, vieram dizer-lhe que não poderiam mais trabalhar ali, pois o pastor lhes havia dito que Swedenborg não era cristão. Ele respondeu que, tendo trabalhado para ele por tantos anos, se eles se lembrassem de algum dia ele ter praticado algum ato não cristão, estariam livres para partir. O casal ficou. Desde menino, Swedenborg manifestou notável vidência mediúnica. Conta-se que por ocasião de um jantar em Gothemburg, onde se encontravam várias pessoas, conseguiu observar e descrever para os presentes um grande incêndio que se desenrolava naquele exato momento, a trezentas milhas de distância, em Estocolmo. Posteriormente, poucos dias após a morte de seu grande amigo Christopher Polhem, disse Swedenborg: Ele morreu na segunda-feira e falou comigo já na quinta-feira. Eu mesmo tinha sido um dos convidados para o enterro. Ele disse viu seu cortejo fúnebre e presenciou quando o féretro baixou à sepultura. Entretanto, nessa conversa comigo perguntou porque o tinham enterrado, se continuava vivo. Quando o sacerdote falou que êle se ergueria no Dia do Juízo Final , perguntou por que isso, se êle desde agora já estava de pé.

E tal como faria Chico Xavier duzentos anos depois, Swedenborg não auferia nenhum benefício com a venda de seus livros teológicos. Seu editor londrino, John Lewis, escreveu a seguinte nota num anúncio do segundo volume da obra Arcanos Celestes: "Quero, de público, testemunhar que esse cavalheiro, com infatigável labor e pesares, gastou um ano inteiro preparando e escrevendo o primeiro volume dos Arcanos Celestes e pagou, pela sua impressão, duzentas libras, tendo adiantado outras duzentas para este segundo volume. E, tendo feito isto, deu ordens expressas para que todo o dinheiro arrecadado fosse dado à obra de propagação do Evangelho. Assim, está muito longe de desejar obter lucro deste seu labor, visto que não receberá de volta nem um níquel das quatrocentas libras que gastou. Por essa razão, a obra chega ao público a um custo extraordinariamente baixo".

Entretanto, o que mais chama atenção para os espíritas, é a notável semelhança entre as suas narrativas da vida no plano espiritual e as que foram trazidas pelo espírito André Luiz, através da mediunidade de Chico Xavier. O célebre Conan Doyle, em seu livro A História do Espiritismo, expõe alguns dos principais fatos descritos por Swendenborg, dos quais extraímos o seguinte trecho: O outro mundo, para onde vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito da morte têm pouco proveito. Nessas esferas, verificou que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais e palácios onde deviam morar os chefes.

A morte era suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência. Esses recém vindos passavam imediatamente por um período de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem.Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que tinham vivido na Terra e que, ou eram almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos. De modo algum mudamos com a morte. O homem nada perde pela morte: sob todos os pontos de vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Leva consigo não só suas forças, mas seus hábitos mentais adquiridos, suas preocupações, seus preconceitos.

Todas as crianças eram recebidas igualmente, fossem ou não batizadas. Cresciam no outro mundo; jovens lhe serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras. Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para sua saída, desde que sentissem vontade. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada. Havia o casamento sob a forma de união espiritual no mundo próximo, onde um homem e uma mulher constituíam uma unidade completa (é de notar-se que Swendenborg jamais se casou). Não existiam detalhes insignificantes para sua observação no mundo espiritual. Fala de arquitetura, de artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da leitura, da ciência, das escolas, dos museus, das academias, das bibliotecas e dos esportes. Tudo isso pode chocar as inteligências convencionais, conquanto se possa perguntar por que toleramos coroas e tronos e negamos outras coisas menos materiais.

Os que saíram deste mundo, velhos, decrépitos, doentes ou deformados, recuperavam a mocidade e, gradativamente, o completo vigor. Os casais continuavam juntos, se os seus sentimentos recíprocos os atraíam. Caso contrário, era desfeita a união. Dois amantes verdadeiros não são separados pela morte, de vez que o espírito do morto, muitas vezes, habita com o sobrevivente até a morte deste último, quando se encontram e se unem, amando-se mais ternamente do que antes". (Obra citada, edição de 1990, páginas 38 e 39).

Quem desejar maiores detalhes sobre Emanuel Swedenborg, este precursor das revelações espíritas, encontrará amplo material em suas obras Céu e Inferno, A Nova Jerusalém e Arcana Coelestia. Quinze anos após sua morte, em 1772, seus admiradores fundaram a Igreja Swedenborgiana que ainda hoje subsiste em alguns países, com outras denominações.

domingo, 2 de junho de 2013

Divaldo Franco fala sobre a enxurrada de livros espíritas no mercado e de algumas polêmicas

Para a nossa informação, colocamos este trecho da entrevista do médium Divaldo Pereira Franco, que expressa a sua opinião sobre a enxurrada de lançamentos de livros espíritas e de algumas informações polêmicas contidas em alguns deles






Trechos da entrevista de Divaldo Franco extraída do livro Conversando com Divaldo Pereira Franco editado pela Federação Espírita do Paraná sobre as obras espíritas atuais. (fonte:www.diasdacruz.org.br)


FEP: O movimento espírita tem sido invadido por uma enxurrada de publicações que trazem a informação de serem mediúnicas. Temos visto que os dirigentes, vários deles, não utilizam qualquer critério de seleção doutrinária. O que nos aconselha?

Divaldo Franco: "O nosso pudor em torno do Index Expurgatorius da Igreja Romana leva-nos, sem nos darmos conta, a uma tolerância conivente. Como não nos é lícito estabelecer um mapa de obras que mereçam ser estudadas em detrimento daquelas que trazem informações inautênticas em torno dos postulados espíritas, muitos dirigentes, inadvertidamente, divulgam obras que prejudicam mais a compreensão do Espiritismo do que aclaram.

É muito comum dizer: mas é muito boa! Mas, muito boa, porém não uma obra espírita e no que diz respeito à mediunidade, a mediunidade ficou tão barateada, tão vulgarizada, que perdeu aquele critério com que Allan Kardec a estuda em “O Livro dos Médiuns”.

O médium é médium desde o berço. Os fenômenos nos médiuns ostensivos começam na infância e quando têm a felicidade de receber a diretriz da Doutrina, torna-se o que Chico Xavier denominava com muita beleza: mediunidade com Jesus. O que equivaleria dizer: a mediunidade ética, a mediunidade responsável, criteriosa, a mediunidade que não se permite os desvios do momento, os modismos.

Mas a mediunidade natural pode surgir em qualquer época e ela surge como inspiração. O indivíduo pode cultivá-la, desenvolve-la naturalmente..

Vem ocorrendo uma coisa muito curiosa, pela qual, alguns espíritas desavisados, de alguma maneira, são responsáveis: se o livro é de um autor encarnado, não se lê, porque como se ele não tivesse autoridade de expender conceitos em torno da Doutrina. Mas, se é um livro mediúnico, ele traz um tipo de mística, de uma chancela, e as pessoas logo acham que é o máximo. Adotam esse livro como um Vade Mecum, trazendo coisas que chocam porque vão de encontro aos postulados básicos do espiritismo.

Entra agora uma coisa que é profundamente perturbadora: o interesse comercial. Vender o livro sob a justificativa de que as Casas Espíritas necessitam de recursos. Para atender as necessidades, vendem obras de autoajuda, de esoterismo, de outras doutrinas, quando deveríamos cuidar de divulgar as obras do Espiritismo, tendo um critério de coerência.

Quando visitei Paris pela primeira vez, em 1967, eu fui ver e conhecer a Union Spirite Française que ficava na Rua Copernique, número 8. Era período de férias, agosto a setembro, praticamente a Europa fecha-se e a França, principalmente. A Union estava fechada. Chamou-me a atenção as vitrinas que exibiam obras: não tinha uma espírita. Eram obras esotéricas, eram obras hinduístas, eram obras de Madame Blavatsky. São todas respeitáveis, mas não temos compromisso com elas. O nosso compromisso é com Jesus e com Kardec, sem nenhum fanatismo e sem nenhuma restrição pelas outras obras, que consideramos valiosas para cultura, para ampliação do entendimento. Mas, temos que optar por conhecer a Doutrina que professamos.

Verificamos, neste momento, essa enxurrada perniciosa, porque saem mais de cinqüenta títulos de obras pseudomediúnicas por mês, pelo menos que nos chegam através dos catálogos, tornando-se impossíveis de serem lidas. O que ocorre? Eu recebo entre 10 e 20 solicitações mensais, pedindo aos Espíritos prefácios para obras que ainda estão sendo elaboradas. A pressa desses indivíduos de projetar a imagem, de entrarem nesse pódium do sucesso é tão grande que ainda não terminaram de psicografar - quando é psicográfica - ou de transcrevê-la, quando é inspirada, ou de escrevê-la, quando é de próprio punho, de própria concepção, já preocupado com o prefácio. Eu lhes digo: Bom, aos Espíritos eu não faço solicitações. Peço desculpas por não poder mandar o prefácio desejado. Espere, pelo menos, concluir o trabalho. Pode ser que eu morra, pode ser que você morra e pode ser que o Guia reencarne antes de terminar a obra. É uma onda de perturbação para minar-nos por dentro. O Codificador nos recorda que os piores inimigos estão no próprio Movimento, o que torna muito difícil a chamada seleção natural. Nós deveremos ter muito cuidado ao examinar esses livros.

Penso que as instituições deveriam ter uma comissão para lê-los, avaliar a sua qualidade e divulgá-los ou não, porquanto as pessoas incautas ou desconhecedoras do Espiritismo fascinam-se com ideias verdadeiramente absurdas. Tenho ouvido e visto declarações pessoais de médiuns que dizem não serem espíritas e não terem nenhum vínculo com qualquer “ismo”; são livres atiradores e as suas obras são vendidas nos Centros Espíritas, porque vendem muito. Até amigos muito queridos têm, em suas livrarias, nos Centros Espíritas que frequentam, essas obras que são romances interessantes, como os antigos romances de Agatha Christie, de M. Dellyt e tais. Mas essas obras não são espíritas, embora ditadas por um Espírito, mas ditadas ao computador.

Essas obras são muito interessantes, ninguém contesta, mas o tempo que se gasta, lendo-as, é um desvio do tempo de aprendizagem da Doutrina Espírita. As pessoas ficam sempre à margem, não se aprofundam. Observo, em nossa Instituição, pelas perguntas infantis que me fazem.

É necessário que procuremos divulgar a Doutrina, conforme nós a herdamos do ínclito Codificador e das entidades venerandas, que preservaram essa Doutrina extraordinária, para que nós possamos contribuir com a construção de um mundo melhor.

A respeito desses livros que proliferam, me causam surpresa, quando amigos com quarenta, cinqüenta anos de idade, pessoas lúcidas, pessoas cultas, que nunca foram médiuns, ou, pelo menos, jamais o disseram, escrevem livros até ingênuos, que nem são bons nem são maus, e rotulam como mediúnicos e passam a vender, porque são mediúnicos.

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Um dos livros mais vendidos, dito mediúnico, tem verdadeiras aberrações, em que a entidade fez do mundo espiritual uma cópia do mundo físico, ao invés de o mundo físico ser uma cópia do mundo espiritual. Inverteu, porque o Espírito está tão físico no mundo espiritual! E um Espírito do sexo feminino, que tem os fluxos catamênicos no mundo espiritual e que vai ao banheiro e dá descarga!

Outras obras, igualmente muito graves, falam de relacionamentos sexuais para promoverem reencarnação no Além. Ora, a palavra reencarnação já caracteriza tomar um corpo de carne. Como reencarnar no Além, no mundo de energia, de fluidos, onde não existe a carne?

O Além, com ninhos de passarinhos multiplicando-se, em que as aves vêm, chocam e nascem os filhotinhos. Não é que estejamos contra qualquer coisa, mas é que são delírios, pura fascinação.

Acredito que alguns desses médiuns são médiuns autênticos. Ocorre que eles não perderam a mediunidade, a sua faculdade mediúnica é que mudou de mãos, daquelas entidades respeitáveis para as entidades frívolas que estão criando verdadeiros embaraços, porque em determinados seminários, palestras, fazem perguntas diretas e ficamos numa situação delicada, porque citam os nomes.
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Dessa forma, o problema é mais grave do que parece, porque muitos também estão fazendo disso profissão, embolsam o resultado das vendas. Enquanto outros justificam obras de má qualidade, por terem um objetivo nobre: ajudar obras de assistência social. Os meios não justificam os fins."

"Conversando com Divaldo Pereira Franco", editado pela Federação Espírita do Paraná