quinta-feira, 31 de março de 2011

Vida de Allan Kardec vai virar filme

Filmes inspirados no espiritismo ganham as salas de cinema

Daniel Feix
ZERO HORA
 As Mães de Chico Xavier marca a volta dos responsáveis por lançar a onda espírita que constitui hoje um dos filões de maior sucesso do cinema nacional. Os diretores Glauber Filho e Halder Gomes e o produtor Luís Eduardo Girão, da Estação Luz, foram os responsáveis, em 2008, pelo longa Bezerra de Menezes, produção tímida que custou R$ 1,5 milhão mas que surpreendeu arrastando mais de 500 mil pessoas às salas de cinema.

— A meta, com As Mães de Chico Xavier, é superar os 4 milhões de espectadores de Nosso Lar (o título da onda que mais levou gente aos cinemas) — diz o coprodutor Ricardo Rihan.

Conta Rihan que tudo começou quando Girão, empresário de Fortaleza (CE), criou a Mostra de Teatro Transcendental, nove anos atrás. Glauber Filho — nada a ver com Glauber Rocha, por suposto - é um nome conhecido no cenário cultural da capital cearense. Propôs que o produtor investisse na temática mítico-religiosa também no cinema.

— Daí nasceu Bezerra. Com o centenário do Chico Xavier, vieram os outros filmes — relata Rihan, ex-executivo de TV que com a produtora Lighthouse se associou a Girão logo depois. — As dificuldades de produção do Bezerra eram notáveis, coisa que não se viu em Chico Xavier, o Filme e Nosso Lar e que não se verá em As Mães de Chico Xavier — afirma o produtor, que esteve no Sul para organizar a sessão de pré-estreia, semana passada.

O novo filme custou mais de R$ 7 milhões e chega com status de grande lançamento: são cerca de 400 cópias espalhadas pelo país. De As Mães de Chico Xavier, contudo, não se deve esperar mudança estética: embora o discurso dos autores seja o de dialogar com o público que não é famíliar ao espiritismo, seu principal parâmetro é Nosso Lar, longa que não alcança qualquer transcendência artística.

O passo seguinte dessa turma é uma cinebiografia de Allan Kardec, para a qual vão tentar uma coprodução internacional. Antes, a onda espírita vai ganhar mais um representante: O Filme dos Espíritos, produção baseada em O Livro dos Espíritos, de Kardec, dirigida por André Marouço e Michel Dubret e estrelada novamente por Nelson Xavier, cuja estreia no Brasil está marcada para 7 de outubro.

Centenário de Chico Xavier inspira espetáculo de música, teatro e dança

Show acontece no Centro de Convivência em Campinas, nesta sexta-feira (1º), às 20h

30/03/2011 - 17:29
EPTV.com - Aline Guevara
Há quase 101 anos (especificamente no dia 2 de abril de 1910) nascia na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, Francisco Cândido Xavier, que ficou conhecido em todo o país e no mundo como Chico Xavier. O maior expoente e divulgador do espiritismo no Brasil ganha uma homenagem com o espetáculo “Chico Xavier: Eu fiz minha parte”, que desembarca em Campinas nesta sexta-feira (1º), às 20h, no Centro de Convivência Cultural.
“Este é o último show de homenagem ao centenário do nascimento do Chico”, diz a cantora Ana Ariel, que integra o espetáculo. Crescida em meio ao projeto (criado pela mãe, a pedagoga Eliana Santos) a jovem lembra de seus contatos com o médium. “Eu frequentei por muitos anos a sua casa e tenho um carinho muito grande por ele. Talvez por isso o show seja tão importante pra mim”.
O show reúne quase 200 pessoas que se alternam entre o coral, as artes cênicas e dança. As músicas cantadas por Ana Ariel em homenagem ao médium serão mescladas com cenas no palco que descrevem passagens do cotidiano de Chico Xavier atendendo as pessoas. “Tem momentos maravilhosos, que me fazem chorar todas as vezes que assisto”, explica emocionada.
O espetáculo tem a direção de Eliana, mas é realizado a partir de uma iniciativa conjunta de quatro grupos. O Grupo En-Cantando Deus inclui, além da cantora Ana Ariel, músicos (bateria, contrabaixo, piano, viola caipira, violino e violocelo) e também um coral de crianças que cantarão um rap em homenagem ao médium. O Grupo Teatro Eurípedes Barsanulfo também participa do show, com o ator Edilson Oliveira no papel de Chico Xavier e Luciene Domenicone, interpretando uma catadora de lixo.
O Grupo de Dança APAIS (Amor, Paz, Amizade, Igualdade, Solidariedade) também marca presença no espetáculo. As crianças que dançam no projeto se reunirão com o “coral rapper” para apresentar o espetáculo. O último grupo é a AMIC (Associação Amigos da Criança), fundada em Campinas por Eliana em 1990, que desde então desenvolve um amplo trabalho de combate à fome e inclusão social no 2º maior assentamento da América Latina, o Parque Oziel. Trinta crianças do coral AMIC se apresentarão durante o show.
O grupo se prepara para continuar a turnê de “Chico Xavier: Eu fiz minha parte” pelo Brasil, mas também tem planos de levar a mensagem do médium para o exterior. Com turnê marcada nos EUA, a Europa também é alvo da produção. “Gostaríamos muito de levar o show para a Europa, porque apesar da obra de Chico Xavier ser conhecida por lá, sua biografia não é”, diz Ana.
O subtítulo do espetáculo, “Eu fiz minha parte”, tem seu significado. Ana lembra que mais do que uma homenagem ao querido médium, o espetáculo chega às pessoas como uma mensagem de caridade e de ajuda aos necessitados, ação recorrente durante a vida do médium. “Muitos não conhecem a imensa obra de caridade que ele realizava e queremos divulgar isso, além de repassar essa ação para o público. Com isso, Chico é eterno”, finaliza Ana.
A renda do show e das vendas dos DVDs será revertida para o projeto AMIC.
Serviço:
O quê: Show “Chico Xavier: Eu fiz a minha parte”
Quando: Sexta-feira (1º), às 20h
Onde: Centro de Convivência Cultural de Campinas (Praça Imprensa Fluminense, s/n, Cambuí, fone: 19 3232-4168)
Quanto: R$ 20 (no dia) e R$ 10 (antecipado e meia entrada)

Médium ensina técnicas para entender melhor o "outro lado da vida"; leia trecho

Médium ensina exercícios para entender o "outro lado da vida"

da Livraria da Folha
Divulgação
Perder um ente querido pode ser uma das dores mais profundas que as pessoas podem sentir. Em "Espíritos entre Nós", o médium norte-americano James Van Praagh afirma que os espíritos de pessoas queridas estão sempre à nossa volta, olhando por nós e até interferindo em nossas escolhas para tomarmos o caminho certo.
Van Praagh diz, no entanto, que não são apenas os espíritos bons que nos cercam. Muitas vezes, pessoas que morreram tragicamente continuam presas à Terra e isso pode gerar uma série de transtornos e sofrimentos.
Mas como identificar os espíritos que estão ao nosso lado? Como saber se são anjos ou assombrações? Como reconhecer os sinais que eles nos enviam? Como compreender suas mensagens? O médium ensina técnicas e exercícios que visam ajudar a compreender melhor o "outro lado da vida", para aliviar os medos dos humanos e fazer com que a morte seja vista com maior naturalidade.
Confira abaixo um trecho do primeiro capítulo do livro.
*
Infância cheia de espíritos
"Eu vejo pessoas mortas." Estas quatro palavras do filme O sexto sentido estarão associadas para sempre a alguém capaz de enxergar espíritos e se comunicar com eles. O lançamento desse filme de tanto sucesso, em 1999, provocou um movimento significativo. Um grande número de pessoas me procura para descrever suas incríveis experiências com aparições de espíritos. Sinto-me extremamente grato por ter sido capaz de orientá-las a respeito da comunicação com a vida após a morte.
Para começar nossa jornada de descobertas, quero antes de tudo assegurar a todos que a morte não existe. A morte está ligada apenas ao fim do corpo físico. Digo isso com total convicção, porque desde os 2 anos tenho me comunicado com os "mortos". Espíritos caminham entre nós, nos influenciando com seu amor, nos orientando com sua sabedoria e nos protegendo do perigo.
O amor de um avô
Nunca me esquecerei da primeira vez em que me dei conta de que existiam outros seres de um mundo diferente. Eu era bem pequeno e estava no berço quando ouvi o som de risadas de adultos vindo de outro cômodo. Pensei que fossem meus pais e chorei para chamar a atenção deles. Minha mãe entrou no quarto, me pegou no colo, me ninou por algum tempo e me deixou sozinho de novo. A partir daí, noite após noite, eu ficava acordado ouvindo o som das risadas.
Depois de algum tempo, comecei a perceber que havia luzinhas brilhantes dançando no meu quarto e formando um desenho na parede e em torno do meu berço. Essas luzes me fascinavam. Vi a sombra de um homem de pé no canto do quarto, seus olhos azuis brilhando na escuridão. Havia uma luz em torno dele que parecia vir do seu interior. Senti o amor que emanava de sua presença e me acalmei. Ao se aproximar do meu berço, o homem sorriu. Não havia nada a temer, e ele me parecia familiar. Não disse nada, mas captei seus pensamentos. Esse espírito passou a me visitar de vez em quando e a me enviar pensamentos telepáticos de pôneis pintados trotando ao redor de um anel de formas coloridas. Seus pensamentos chegavam em forma de imagens, e eu sentia muito amor e luz vindo dele. À medida que fui crescendo, ele deixou de me visitar.
Na época em que entrei no jardim-de-infância, eu passava freqüentemente os fins de semana na casa de minha avó, com quem eu tinha uma forte ligação afetiva. Em uma dessas visitas, vimos juntos um álbum de fotos de família. Ao ver a foto de um homem de olhos azuis brilhantes, perguntei quem era.
- É seu avô - respondeu vovó. - Ele morreu antes de você nascer. Ele veio da Inglaterra e foi trabalhar no rodeio, com pôneis e cavalos.
- Eu conheço esse homem, vovó. Ele me visitava quando eu era bebê e me contava histórias sobre os cavalos.
Minha avó sorriu. Percebi que ela não acreditava em mim, mas acrescentou:
- Ele adorava contar histórias sobre caubóis e índios.
Anos mais tarde, quando comecei meu trabalho como médium, ao terminar uma sessão, ouvi um espírito dizer, do canto da sala:
- Você é um bom menino, James. Estou orgulhoso de você!
Aquele tom carinhoso reavivou a lembrança do homem de olhos azuis brilhantes. Eu sabia que era meu avô. Fiquei feliz ao pensar que ele ainda estava por perto e que me protegia.
A sensibilidade de uma criança
As visitas dos espíritos se tornaram uma parte especial da minha vida. Ao contrário do menino do filme O sexto sentido, nunca tive medo de vê-los ou ouvi-los, porque eles apareciam para mim como esferas de luz. Eu achava tão natural que pensava que todo mundo podia vê-los.
Eu era uma criança sensível e tímida. Falava com muito pouca gente além da minha mãe e dos meus irmãos. Tive uma infância relativamente normal, a não ser pelo fato de que via espíritos. Morava em uma casa pequena na região de Bayside, Queens, em Nova York. Fui superando a timidez e me tornando mais falante e extrovertido. Mas minha sensibilidade era muito aguçada em relação às pessoas ao meu redor, pois eu era capaz de prever suas ações. Conseguia também saber se alguém falava a verdade e era digno de confiança ou se era falso e mentiroso.
Ninguém sabia que eu era capaz de ver espíritos, o que me fazia sentir estranho. Tinha consciência de que era diferente dos outros e de que era preciso aceitar esse fato.
As únicas pessoas em quem eu realmente confiava eram os espíritos. Eles sempre se mostravam amistosos e interessados no meu bem. Eu esperava ansiosamente para me comunicar com esses seres porque eram os únicos que pareciam saber quem eu era e que me davam segurança. Só minha mãe tinha conhecimento da minha vida secreta com os espíritos. Temendo pelo meu bem-estar, ela me alertava dizendo:
- Jamie, nunca conte a ninguém a respeito do que vê. As pessoas não vão entender. Você é diferente das outras crianças.
Acontece que minha mãe também era diferente. Tinha habilidades psíquicas extremamente aguçadas e o dom da premonição. Às vezes eu a via conversando com sua mãe e seu pai, já mortos, pois percebia a silhueta dos dois ao pé da cama.
*
"Espíritos entre Nós"
Autor: James Van Praagh
Editora: Sextante
Páginas: 208
Quanto: R$ 19,90

Não havia espíritos inocentes no avião, diz escritor médium sobre tragédia da TAM

Sem apontar culpados, Aeronáutica divulga relatório sobre acidente da TAM

SÉRGIO RIPARDO
da Livraria da Folha
O livro "O Vôo da Esperança", do médium Woyne Figner Sacchetin, lançado pela editora Lachâtre, ainda é vendido em São Paulo, na região da Federação Espírita do Estado, que fica no bairro da Bela Vista (centro), por R$ 26.
A obra, que traz uma abordagem espiritualista sobre o maior acidente aéreo da aviação brasileira, sustenta que os passageiros morreram porque foram algozes em uma vida passada, na qual queimavam suas vítimas. O médium diz ter recebido o espírito de Santos Dumont (1873-1932).
Paulista de Olímpia (434 km da capital), Sacchetin é médico oftalmologista e, entre seus livros espíritas, está "JK, Caminhos do Brasil" (Lachâtre, 2006), apresentado como depoimento do espírito do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976).
Nos próximos dias, o fórum de São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo) julga o pedido de recolhimento dos exemplares, feito por uma família de três vítimas do acidente com o voo 3054 da TAM, no aeroporto de Congonhas (SP), em 2007.
Também se exige uma indenização por danos morais correspondente a mil salários mínimos (R$ 465 mil, em valor atual). O advogado Marco Aurélio Bdine, que defende a professora Carmem Caballero (que perdeu a mãe e duas filhas na tragédia), diz que a família se sentiu ofendida pela obra.
Livro espírita diz que vítimas de acidente com Airbus da TAM foram algozes no passado Segundo o "Diário da Região", jornal da cidade do médium, desde a divulgação do caso, dobrou a venda do livro "Voo da Esperança". Em novembro, a livraria espírita Terceiro Milênio, da cidade, tinha comercializado 15 exemplares. Só ontem, saíram 30 cópias.
No processo, o advogado incluiu trechos do livro para fundamentar a petição. A Livraria da Folha procurou o médium Woyne Figner Sacchetin e a editora Lachâtre, mas eles ainda não se manifestaram. Também foi procurada a Federação Espírita do Estado de São Paulo, que não retornou às ligações.
Leia alguns trechos de "Vôo da Esperança".
"Do outro lado de uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo, em prédio pertencente à mesma empresa de aeronave, estavam alguns dos soldados do batalhão dos Leões, participantes das carnificinas na Gália, trabalhando em um posto de gasolina, ao lado da companhia aérea, quase esmagando um táxi na na avenida [...] Ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados"
"É a lei da ação e reação [...] A providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros [...]"
"Esse grupo, de mais de duzentas pessoas, comprometidas com o passado de falta de compaixão para com os semelhantes [...]"

Comentário de Ariston: É absolutamente desnecessária esta obra. No mínimo ela é extremamente insensível com o sofrimento das muitas famílias que perderam seus entes queridos. Falar das vítimas de um desastre como algozes de outras vidas é se perder no julgamento de juizo, é esquecer que o perdão das ofenças é uma premissa do Espiritismo cristão. Usar a lei de causa e efeito desta forma é ser leviano com a providência divina. Enfim, não é assim que o verdadeiro Espiritismo se manifesta. Bizarro.

Chico Xavier experimentou alucinógeno auxiliado por espírito, diz livro

da Livraria da Folha

Biografia editada em 2003 entra na lista dos livros mais vendidos Segundo o livro "As Vidas de Chico Xavier" (Planeta, 2003), escrito pelo jornalista Marcel Souto Maior, o médium mineiro (1910-2002) decidiu experimentar ácido lisérgico e recebeu apoio de Emmanuel, seu guia espiritual. Essa particularidade de sua biografia não aparece no filme.
A escolha de provar a droga tinha um sentido: Chico se sentia extremamente pessimista e deprimido. Ele acreditava atrair espíritos inferiores que provocavam diversos males aos seus familiares e amigos. Sua companhia acarretava em sofrimento para os outros.
Solitário e angustiado, pediu auxílio à virgem Maria, mãe de Jesus. Dias depois recebeu uma frase consoladora, mas o efeito foi passageiro. Por conta desse estado irreversível de tristeza, apelou para o alucinógeno, droga que se tornaria popular anos depois.
A biografia, publicada há sete anos, influenciou o filme de Daniel Filho e entrou na lista dos livros mais vendidos. Considerado santo por alguns, psicografou mais de 400 títulos e outra infindável quantidade de cartas, que consolava os vivos e pregava a paz.
Leia, abaixo, um trecho do livro:
Em outubro de 1958, Chico tomou uma decisão surpreendente: iria experimentar o ácido lisérgico. Perguntou a Emmanuel se ele poderia fazer a experiência com amigos de Belo Horizonte. O guia se ofereceu para promover a "viagem". À noite, Chico se sentiu fora do corpo, Emmanuel se aproximou dele, colocou uma bebida branca num copo e explicou: era um alcalóide capaz de produzir o mesmo efeito do LSD.
Chico engoliu a bebida, um tanto amarga, e começou a se sentir mal, como se estivesse entrando num pesadelo. Animais monstruosos se aproximavam e cenas assustadoras desfilavam diante de seus olhos. Ele acordou com mal-estar. O sol parecia uma fogueira e o irritava, as pessoas o cercavam, desfiguradas. À noite, Emmanuel reapareceu com a lição psicodélica: o alcalóide refletia seu estado mental.
Chico quis saber como recuperar a tranqüilidade e escapar da ressaca. Receita: oração, silêncio e caridade, para colher vibrações positivas. Chico seguiu as dicas à risca. Começou a visitar doentes pobres, a atrair bons fluidos e, durante cinco dias, trabalhou para se refazer. No sexto dia ele se sentiu melhor. À noite, Emmanuel voltou e propôs repetir a experiência com o mesmo alcalóide. Mesmo desconfiado, o discípulo concordou. O efeito foi surpreendente: alegria profunda.
Teve sonhos maravilhosos, visitou uma Cidade de cristal, olhou para o céu como se ele fosse de vidro. Até a Fazenda Modelo ficou deslumbrante. Os livros pareciam encadernados por safiras e ametistas, luzes saíam do corpo dos companheiros, das plantas e dos animais. Chico sentiu vontade de abraçar todo mundo. Ficou assim, em êxtase, quatro dias seguidos, em estado de alegria descontrolada, insuportável. Emmanuel apareceu com as explicações:
- Você está vendo seu próprio mundo íntimo fora de você. Moral da história:
Nós estamos aqui para cumprir obrigações, não para gozar um céu imaginário nem para fantasiar um inferno que devemos evitar.

"As Vidas de Chico Xavier"
Autor: Marcel Souto Maior
Editora: Planeta
Páginas: 272

sexta-feira, 25 de março de 2011

Uma questão de responsabilidade mediúnica

Artigo extraído do site : http://analisesespiritas.blogspot.com/
do bloqueiro : Anderson , Recife, Pernambuco Brasil



"De maneira sistemática e contínua, vêm-se tornando comuns algumas pseudorrevelações alarmantes, substituindo as figuras mitológicas de Satanás, do Diabo, do Inferno, do Purgatório, por Dragões, Organizações Demoníacas, regiões punitivas atemorizantes, em detrimento do amor e da misericórdia de Deus que vigem em toda parte”. (Vianna de Carvalho [1])

Não é de hoje que o nosso movimento espírita se vê envolvido por pseudorrevelações de espíritos sistemáticos, presunçosos, escrevinhadores mesmo que, à conta de um palavrório técnico, com termos bem escolhidos e apoiados em palavras como Amor e Caridade, vêm se dedicando, de forma insistente, a tornar suas informações e opiniões pessoais em lei.

Contam ainda com a ajuda de médiuns imprevidentes, muitos verdadeiros desconhecedores, ao que parece, dos mais básicos conhecimentos sobre os escolhos resultantes da comunicação entre os dois mundos e, que, fascinados, sabe-se lá por que motivos se fazem intérpretes e porta-vozes destas mistificações grosseiras, que tanto mal fazem ao Espiritismo e ao movimento espírita brasileiro, e, porque não, mundial.

O Espírito Vianna de Carvalho, no trecho citado acima, faz referência direta a personagens que, de forma contínua, somos ‘forçados’ a ver publicados em livros, divulgados em artigos de seus simpatizantes e, que ironia, até presentes em eventos espíritas de grande porte, alguns tentando abordar [ou deformar] a Ciência Espírita. Que tristeza!

All You Need Is Love: O CÃO E O ORANGOTANGO

Depois de perder os pais, este orangotango de três anos de idade estava tão deprimido que se recusava a comer e não respondia muito bem aos tratamentos e remédios. Os veterinários achavam que ele iria se entregar à morte. O velho cão foi encontrado perdido nos arredores do zoológico, e quando levado para dentro da sala de tratamento, se encontrou com o orangotango, e os dois se tornaram amigos inseparáveis desde então.


O orangotango encontrou uma nova razão para viver e se esforça ao máximo para fazer seu novo amigo acompanhá-lo em suas atividades.


Eles vivem no norte da Califórnia e a natação é o esporte favorito de ambos, embora Roscoe (o orangotango) ainda tenha um pouco de medo da água e precise da ajuda do amigo para atravessar a nado.


Eles passam o tempo todo juntos e podemos ver, pelos sorrisos e risadas, o quanto são felizes.



Juntos descobriram o lado engraçado da vida e o valor da amizade.

E encontraram mais do que um ombro amigo para debruçar.
O que mais uma vez mostra que tudo o que você precisa na vida é amor.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Um caso de bullying: Entrevista com Casey Heynes, o Zangief Kid

Com apenas 16 anos, o australiano Casey Heynes tornou-se celebridade da internet nesta semana. Tudo graças a um vídeo de 41 segundos em que ele aparece sendo agredido dentro de uma escola por outro garoto da mesma idade.

Com o perfil clássico das vítimas de bullying, por ser gordinho, Casey é filmado tomando cinco socos, até que decide partir para o ataque. Ele agarra, deixa o outro garoto de ponta-cabeça e o lança contra o chão. O golpe lembra movimento semelhante executado pelo personagem Zangief, lutador soviético corpulento do clássico jogo de videogames "Street Fighter".

Eis um vídeo onde o jovem conta sua história e todo o sofrimento que o levou ao extremo.

Pode entrar, Jesus


Pode entrar, Mestre. Eu preciso de Você todos os dias da minha vida. Para me lembrar de sair um pouco do plano material, desse dia-a-dia estressante que me afasta da espiritualidade que é o meu habitat verdadeiro, meu lugar de origem e destino, e pensar maior. Eu não sou apenas esse homem encarnado, com seus papéis dentro da sociedade encarnada. Eu sou um filho de Deus e preciso ainda de sua ajuda para me lembrar disso. Eu sou um Espírito, obra Divina que precisa ser lapidada todos os dias com as experiências vividas na Terra com meus colegas de jornada. Preciso me lembrar de que não existe um fim de linha, que tudo corre para o infinito, para a Divindade Absoluta. Que tenho os meus problemas mas que outros tem problemas iguais ou maiores que os meus. Que meu mal humor e minhas frustações são responsabilidades minhas, minha rebeldia perante os desígnios de Deus. Que "seja feita a Vossa vontade" não sejam apenas palavras cuspidas sem sentimento por mim e sim, absorvidas, entendidas e aceitadas, porque eu ainda sou pequeno diante de ti e preciso aprender muito.
Se eu pudesse, Jesus, te entregava a chave dessa porta, ou melhor, pregava uma placa com "Entre sem bater, Mestre". Mas com muito orgulho, vaidade, arrogância e ignorância, muitas vezes me tranco sozinho em minha surdez espiritual e não consigo ouvir você bater.

PADRE JÚNIOR DISSE: "CHICO XAVIER EXALAVA AMOR."

- Glauco Araújo Do G1, em Uberaba (MG), em abril de 2010

"Chico Xavier exalava amor, era extremamente humano em suas palavras e em suas ações". Foi dessa maneira que o padre José Lourenço da Silva Júnior, titular da paróquia São Judas Tadeu, em Uberaba (MG), descreve o médium mineiro. Apesar de diferenças filosóficas entre espiritismo e catolicismo, a referência humanitária de Chico Xavier quebrou barreiras e possíveis preconceitos entre diferenças religiosas.
"Uberaba tem uma religiosidade muito forte e presente na vidas das pessoas. Seja espiritismo ou catolicismo, todos nós somos cristãos e é isso que sempre vai nos unir", disse padre Júnior, antes de celebrar a missa de lava-pés, na noite de quinta-feira (1º), véspera da Sexta-Feira Santa e do centenário de nascimento de Chico Xavier em 2010. Ele morreu em 30 de junho de 2002.
O padre disse ainda que a união religiosa evidenciada em Uberaba pode ser considerada um exemplo para os povos no mundo. "O homem erra quando se divide religiosamente. Não se pode ser hipócrita, pois a irmandande humana não se quebra com a religião de cada um. É preciso deixar de lado esse sectarismo religioso e ter mais acolhimento e misericórdia", afirmou Júnior.
Chico Xavier e padre Júnior se encontraram pela primeira vez na paróquia São Judas tadeu. "Chico foi padrinho em um casamento celebrado por mim. Depois da cerimônia, conversei com ele por cerca de 20 minutos. Ele era uma pessoa bela. Não se pode levar em conta o distanciamento entre a filosofia do espiritismo e a do catolicismo. Ele era exemplo pelo apoio que oferecia aos mais necessitados", disse o pároco.
Júnior se sente à vontade para falar sobre Chico Xavier, pois é padre em Uberaba há 25 anos, sendo que há 18 anos comanda a paróquia São Judas na cidade mineira. "Penso que temos de colocar no coração que Jesus, que nos deixou a seguinte mensagem: 'do amai-vos uns aos outros como eu vos amo'. Esse amor não pode ser técnico, tem que vir do coração." - Glauco Araújo Do G1, em Uberaba (MG)

BLOG DO DR. INÁCIO: ENTREVISTA COM ODILON SOBRE MEDIUNIDADE

Dr. Inácio Ferreira
(http://inacioferreira-baccelli.zip.net/)

- Meu caro Odilon – perguntei ao amigo –, você responderia a algumas perguntas para o nosso Blog?

- Se elas estiverem ao meu alcance – respondeu-me –, perfeitamente, Doutor.

- Em sua opinião, qual a maior necessidade dos médiuns na atualidade?

- Para mim, são duas em uma só: sinceridade no exercício de suas faculdades e estudo da Doutrina!

- Por que, Odilon, sinceridade?

- Porque sem sinceridade, Doutor, o médium não consegue superar os seus próprios questionamentos no que tange à autenticidade do fenômeno que se produz por seu intermédio.

- Sinceridade?...

- Amor à Causa! Espírito de verdadeiro devotamento aos semelhantes!

- Você concorda em que os médiuns interferem nos comunicados que recebem?

- Nenhum médium é inteiramente passivo – nem Chico Xavier o era! A questão da interferência se resume em interferir positivamente. A este respeito, o médium bem intencionado deve permanecer tranquilo.

- Todo médium é mesmo médium?

- Eu diria que, por enquanto, na maioria, existe mais vontade de ser médium do que propriamente mediunidade... Não sei se os leitores de seu Blog entenderão o que digo.

- Dá para clarear um pouco mais?

- Doutor, em quase todos nós, a mediunidade é uma faculdade incipiente... Costumo dizer que, em matéria de mediunidade, agora é que estamos deixando a caverna!

- Concordo plenamente.

- A exceção que, serenamente, podemos apontar foi Chico Xavier – denominado o “homem psi”, ou seja, o homem do futuro! Sobre a Terra, ele foi um espírito à frente de nosso tempo. Conforme Calderaro diz no capítulo 9, do livro “No Mundo Maior”, ele representava o “futuro da raça”!

- Por conta disto, devem-se desconsiderar os comunicados em geral?

- Não, mas igualmente não convém lhes dar excessivo crédito! Uma obra mediúnica necessita de ser “enxugada”... Os espíritos, Doutor – e o senhor sabe disto –, também são autores de obras de ficção!

- Obras mediúnicas de ficção?!...

- Sim, muitos romances, por exemplo, o são. Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, nos ensinou a dar importância à essência do enredo, e não ao enredo em si.

- Compreendo. Mas, isto não desqualificaria tais obras?...

- Desde que saibamos separar o joio do trigo, não! Jesus não nos recomendou atear fogo ao campo para destruir o trigo junto com o joio...

- Para você, qual seria o ponto mais delicado nas obras de caráter mediúnico?

- As que realizam incursões acerca em torno das vidas pregressas dos personagens... Creio que, tanto quanto possível, este é um ponto que deveria ser evitado.

- Pelo médium ou pelo espírito?

- Pelos dois!

- O que diz a respeito de algumas obras mediúnicas contraditórias que têm aparecido?...

- Se os homens são contraditórios, é natural que os espíritos que as escrevem e os médiuns que as recepcionam também o sejam.

- Em face da Doutrina, como você definiria a mediunidade?

- O seu “calcanhar-de-aquiles”!... É o seu berço, mas, para os sem discernimento, também pode, por vezes, ser a sua campa!...



INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 8 de março de 2010.

Um Chico Xavier arrebatador: de volta ao cinema na pele do famoso médium, Nelson Xavier conta ter sentido a presença do espírita


Sara Paixão (Extra.globo.com)

Todos os dias quando acorda, Nelson Xavier invoca Chico Xavier. A prática foi adquirida desde que ele interpretou o famoso médium na cinebiografia que leva seu nome e é mantida às vésperas da estreia de “As mães de Chico Xavier”, marcada para 1° de abril.
— Eu o agradeço por tudo o que estou vivendo. Não quero afastá-lo de mim.
No longa, dirigido por Glauber Filho e Halder Gomes, Nelson volta a interpretar o líder espiritual. Desta vez, o foco é a redenção que as cartas psicografadas por ele provocava naqueles que perderam entes queridos, principalmente filhos.
— Estou, de novo, vivendo Chico Xavier, profundamente emocionado. A emoção me acompanha desde que estive em Uberaba (MG), na casa dele. Ao visitar seus parentes, foi uma torrente de choro e energia. Só posso crer que ele estava comigo.
A mesma impressão é sentida por quem tem fé no espiritismo e se aproxima de Nelson.
— Quase todos os dias alguém se comove e chora na minha frente. São espíritas que sentem essa energia que me arrebata.
Tamanha comoção era impensável para o homem de esquerda que passou a maior parte da vida sem acreditar em Deus.
— Não posso dizer que sou ateu depois do Chico. Mesmo sem seguir religião, esse personagem me tornou mais responsável. Não quero que o amor fique no discurso. Todos falam de amor, poucos o praticam.
O primeiro contato que Nelson teve com espiritualidade foi forçado por um câncer de próstata, que o acometeu em 2004.
— Recorri às forças espirituais para alcançar a cura. No Lar de Frei Luiz (instituição espírita em Jacarepaguá) fui tocado pela caridade que praticam. E a caridade é um sentimento desprezado por socialistas. Hoje é meu dever testemunhar isso.

Ator faz rir na peça ‘A lição e a cantora careca’
O público também pode ver Nelson Xavier em ação na peça “A lição e a cantora careca”, com direção de Camilla Amado, em cartaz no teatro Maison de France, no Centro.
— É o primeiro papel que faço depois do Chico. Trata-se de texto não realista, as pessoas riem muito. É uma obra-prima que exige muito de mim. Na estreia, na última semana, ouvimos vários aplausos durante a sessão — comemora o ator.
O texto do escritor romeno Eugène Ionesco ridiculariza situações banais, além de retratar a solidão do ser humano e a insignificância de sua existência.
— É um presente que recebi da Camilla Amado. Foi com esse espetáculo que ela fez sua estreia no teatro e é preciso ter muita coragem para montar um texto clássico como esse.
A peça é encenada de quinta-feira a domingo, sempre às 20h, e tem ingressos entre R$ 60 e R$ 80.

Caio Blat conversou com Chico Xavier no dia em que ele morreu

Leonardo Ferreira (Extra.globo.com

Pouca gente sabe, mas Caio Blat é muito ligado ao espiritismo e conheceu de pertinho o médium Chico Xavier. O ator foi uma das últimas pessoas a conversar pessoalmente com ele. Por isso, Caio está louco para a estreia do filme “As mães de Chico Xavier”, no dia 1º de abril. O ator se empolgou tanto com o papel do jornalista Marcel que acabou bancando o repórter. Ele próprio entrevistou Célia Diniz, uma das mães verdadeiras. A entrevista acabou entrando no filme, que é baseado em histórias reais de mães que sofreram grandes perdas em suas vidas e encontraram esperança e paz quando receberam cartas psicografas de Chico Xavier. Na foto, Caio atua com Herson Capri, que também interpreta um jornalista.

sábado, 19 de março de 2011

Mensagem de Bezerra de Menezes

No último fim de semana, Miréia Carvalho, Artur Mascarenhas e Florencio Anton estiveram em Blumenau participando de um evento espírita na Sociedade Espírita Encontro Fraterno, que consistiu de duas apresentações de pintura mediúnica e um seminário, com duas palestras:

- Lei de Igualdade: igualdades e desigualdades (Miréia Carvalho)

- Liberdade e Livre-arbítrio (Artur Mascarenhas)

Na ocasião, o médium Florencio Anton psicografou a seguinte mensagem de Bezerra de Menezes:


“Filhos do Coração

Jesus conosco,

O Mestre de Nazaré asseverava-nos, no Poema do Monte, ‘bem-aventurados os mansos e pacíficos’.

Nesses dias, portanto, em que atravessamos as horas sob, muitas vezes, angústias do testemunho, saibamos ter paciência e resignação, silêncio e trabalho, sem perdermos o rumo das nossas missões pessoais na direção da Grande Luz.

A estrada é longa e as paisagens, muitas vezes, não nos conduzem à contemplação. Antes, a rudeza do solo e os seus acidentes propõem-nos o fortalecimento e o preparo para a jornada desafiadora.

Preparemo-nos com Jesus e nos fortaleçamos na confiança de que Sua doce presença abraça-nos os ideais de serviço ao bem da Humanidade, a começar por nós mesmos.

Paternalmente,

Bezerra.”


[Mensagem psicografada pelo médium Florencio Anton (de Salvador-BA), minutos antes de sua apresentação de pintura mediúnica na S.E. Encontro Fraterno, em 13/3/2011.]

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tragédia no Japão

Com a tragédia do Japão, estamos testemunhando a Lei de Destruição no que ela tem de mais chocante. A fúria da natureza nos deixou pequenos diante de sua grandiosidade. Mas estamos também testemunhando a Lei de Amor e Caridade, com os Japoneses sofrendo com educação e respeito, sem saques, ajudando uns aos outros, comovendo o mundo. Dentre muitas imagens chocantes que pudemos assistir, eu me emocionei com esse vídeo em particular. Vamos orar pelos nossos irmãos japoneses e de que eles consigam – como sempre o fizeram – superar essa tragédia e que saiam mais fortes disso tudo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ideias Fixas

Por Miréia Carvalho 
(SEEB)

Cada um de nós é responsável pela criação do seu próprio mundo mental. Recebendo os estímulos que a vida nos oferece, construímos por conta própria as interpretações e os juízos de valores para as pessoas, os objetos e as situações que nos afetam. Dessa forma, os acontecimentos da vida se arrastam árduos e penosos, para alguns, enquanto para outros, o colorido dos dias estão sempre cheios de oportunidades novas.

O equilíbrio da mente, no entanto, exige vigilância para não cairmos nas armadilhas que os pensamentos podem nos fixar. Ninguém está livre de ver seus desejos contrariados, seus objetivos não concretizados, suas idéias deturpadas e sermos mal interpretados em nossos mínimos gestos. Sempre achamos que o outro precipita algo em nós, que é o responsável pelas nossas dores. Todos esses acontecimentos podem criar mágoas e contrariedades que estacionam ressentimentos duradouros dentro de nós. É assim, que encontramos exemplos inúmeros de “idéias fixas” que nos aprisionam num processo de auto-obsessão.

É o adolescente que se prende em conquistas mundanas e quando não tem o sucesso esperado, se revolta e se atormenta sem parar. A esposa que se retém em pequenas expressões do marido, tentando achar pistas que o ciúme faz ver infidelidade. O amigo que num pequeno descuido nas gentilezas do outro, vê sinais de rejeição e em seus pensamentos sempre uma imagem de desconfiança e controle perante o outro, achando que se afastando do amigo suas energias irão melhorar – a questão está dentro.

A palavra que uma pessoa pronunciou e que parece revelar inveja e controle. O amigo que na hora do desespero deseja ser salvo de qualquer maneira e não aceita a atitude do outro. A traição confirmada, que recusa esquecimento e não pratica o perdão. O remorso da palavra mal colocada que uma filha não soube interpretar, as comunicações verbalizadas com emoções destrutivas. O dinheiro emprestado que o parente levou com garantias que pareciam seguras. Marido e mulher quando se separam não imaginam que pensamentos repetitivos podem atormentá-los por anos. A “idéia fixa” é um turbilhão de imagens vividas, palavras já pronunciadas e ofensas repetidas que teimam em ir e voltar para dentro de nós.

Na verdade, ninguém vive sem esse diálogo interior. Nossas decisões racionais são sempre precedidas dessa conversa interna alimentada pelas nossas crenças e hábitos. O comportamento humano também resulta da disposição interna que, por força da vontade própria, nos faz tomar determinada atitude, muitas vezes sem pensar. E as idéias fixas deterioram o diálogo interior e comprometem as iniciativas que alimentam a disposição de viver. André Luiz usa a expressão “monoidéia” para se referir a uma situação gravíssima de idéia fixa. O Espírito fica aprisionado a um único pensamento. Um desejo de vingança, uma frustração insuportável, um sentimento de culpa ou um vazio monstruoso que força o períspirito a retrair-se, descorporificando suas características humanas, para se transformar numa espécie de esporo ovóide que se assemelha a formas primitivas de vida.

Aprendemos, também, no livro “Mecanismos da Mediunidade” de André Luiz, que nos fenômenos de “ideoplastia” a energia do pensamento constrói em torno de nós o cenário que reflete o teor dos nossos desejos. Insistir com persistência numa idéia fixa de ódio ou vingança, de preocupação excessiva com a segurança econômica ou com o comportamento dos filhos, com os títulos ou as posses dos amigos, com a partilha da herança com parentes difíceis, com os vícios que alimentam os prazeres significa construir em nossa própria “psicosfera” o ambiente correspondente aos nossos desejos.

Passamos pela vida ou hipnotizados e/ou obsidiados, felizes ou infelizes, mergulhados no circuito mental que nós mesmos construímos. Allan Kardec em “A Gênese” ensina que o perispírito fica “impregnado” do pensamento que transmite. É por isso que a aparência de cada um de nós revela o conteúdo das idéias que alimentam nossos desejos e pulsões. A alegria aumenta o brilho dos olhos e a raiva interna envelhece precocemente. O desânimo nos arqueia os ombros, e, fazer o bem eterniza a juventude. Na psicopatologia, a idéia fixa é um dos maiores tormentos que o sofrimento humano pode conhecer. Ela nos dá a sensação de que vai perdurar sem alívio, pela eternidade, as dores da vida.

Nos “Mensageiros” de André Luiz, há um “pronto socorro” de almas endividadas em que Espíritos estão sofrendo por séculos, num processo “anestesiante” que as idéias fixas congelaram no tempo. O esquizofrênico internados nas clínicas de Psiquiatrias convivem com o martírio perturbador de idéias distorcidas. Tudo se refere a ele - nas idéias de referência; tudo está contra ele - nas idéias persecutórias e tudo está ao seu alcance - nas idéias delirantes. No entanto, a consciência do seu distúrbio o poupa do juízo e, talvez, ele nem saiba da extensão do seu destino. Não se pode dizer o mesmo de quem cometeu um crime ou o suicídio.

Em “Memórias de um Suicida”, Camilo Castelo Branco revela que nada desse mundo apaga a idéia da arma que disparou no suicídio, da locomotiva que esmigalhou os ossos ou do vazio da queda no salto para a morte. Nenhuma mãe esquecerá, também, o dia que abandonou o filho. O criminoso estará sempre preso ao cenário da culpa. O infiel sentirá a necessidade de resgatar a confiança perdida. O falsificador não fugirá da verdade que ele mesmo vai revelar e o ladrão terá que devolver cada centavo do que se apropriou. Nem o amigo que não foi fiel diante da amizade oferecida pelo coração. Até que o pensamento de cada um gere novos rumos e as idéias possam fluir, nenhuma consciência viverá em paz.

A ideia fixa reflete nossa própria insanidade. A Misericórdia Divina, porém, nos concedeu a bênção da inteligência e da razão que nos permite buscar novas idéias, reciclando os nossos sentimentos e atitudes. A religiosidade nos ajudará a vencer os intempérie através de muita oração, compreensão e entendimento sobre as nossas vicissitudes perante a nossa encarnação, sendo uma ferramenta da evolução. Vale salientar que o outro chega em nossas vidas para o reencontro, conciliação e compaixão.

A vida é uma experiência que não poupará a ninguém nem encarnados e desencantos, por isso devemos não cultivar o remorso, não conservar a culpa ou alimentar a desesperança. "A vida é muito curta para ser pequena", esforcemos por elevar os nossos pensamentos buscando a união, a fraternidade e o amor que devem existir nas relações, sem julgamento nem rancores. A Lei de Deus está em nossas consciências. “Conhece-te ou devora-te”.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Entrevista de Divaldo Franco ao Programa Autografando

Entrevista com o médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco em que são abordados, brevemente, alguns temas relevantes e polêmicos no meio espírita como a alma dos animais na espiritualidade, transexualidade, pederastia e lesbianismo, traição, a prática do bem, reencarnação de Emmanuel e Joanna de Ângelis, entre outros.

Parte 1


Parte 2

terça-feira, 8 de março de 2011

Quem pranta, cói

Bom texto escrito por Darcilene Pereira,  para o Barbacena On Line:
 
Ontem finalmente assisti ao filme Nosso Lar. Ele levanta questões acerca do sentido do trabalho justo e dignificante e da lei da ação e reação, a que todos os espíritos, segundo o espiritismo, estariam submetidos.
Independentemente da nossa convicção religiosa - e eu sou católica - há duas mensagens importantes: a da prática do bem ( que é inerente a todas as religiões), e a da lei da ação e reação - ou “do aqui se faz, aqui se paga”, como dizem alguns.
Tenho a lei da ação e reação como certa. Uma assistida minha atribui a ela outra frase, bem mais simples, e que na sua simplicidade diz tudo : “ quem pranta, cói, Dra. Darcilene ! Quem pranta feijão não cói laranja; e quem pranta abacaxi não cói melancia! A gente cói o que a gente pranta!”. Eu não só concordo plenamente como repito essa frase pra todos os meus assistidos da Defensoria Pública. Sou mais sucinta às vezes: quem pranta, cói.
Os ponteiros do relógio da nossa vida, na verdade, giram numa cadência só ( ledo engano pensar que eles estão mais lentos ou mais rápidos. Aqui ou lá na China, um minuto tem exatamente 60 segundos)... cabe a nós criarmos um ritmo para as nossas tarefas pensando no hoje – sem perder de vista a possibilidade de chegarmos no amanhã. Quanto ao ontem, podem esquecer. O ontem, genericamente falando, é o tempo que acabou de passar; e não necessariamente o dia de ontem. Eis um exemplo: até chegar nesse ponto do texto gastei uns cinco minutos e você, talvez, apenas um. E nem um, nem dois minutos, nada,  absolutamente nada no que tange ao tempo, volta atrás. Então, que o ontem nos sirva de lição, porque lá não nos é permitido alterar nada. Está feito.
Alguém disse que há quatro coisas que não podemos recuperar: a pedra, depois de atirada; a palavra depois de proferida; a ocasião, depois de perdida, o tempo, depois de passado.
Penso que todos nós somos grandes canetas ambulantes. Isso quer dizer que nós estamos escrevendo, a todo instante, histórias no livro da nossa vida. Lá na frente vamos ler as linhas, os parágrafos e os nossos textos. E, ora, se somos nós quem escrevemos as linhas da nossa vida, por que inserimos nelas passagens que não são boas?
E em sendo nós, grandes canetas ambulantes – e pensantes, graças a Deus, escrever linhas melhores é possível; reeditarmos algumas situações também. É pegar ou largar. Para uns o tempo é curto, para outros, longo demais. Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Se o tic-tac avança cadenciada e impiedosamente, temos que ser felizes agora.

Médico paraense alerta sobre cirurgias espirituais


Tema sempre polêmico, a cirurgia espiritual foi abordada no Enesp, Encontro Espírita Paraibano, conforme o site www.pbagora.com.br, em notícia do dia 07 de março:

Ao abordar o tema Mediunidade, o médico e terapeuta transpessoal paraense, Alberto Almeida, alertou ontem em seminário no Encontro Espírita Paraibano (Enesp), que cirurgias espirituais não são atribuições do Espiritismo. “A finalidade da Doutrina Espírita é iluminar almas, estimulando a renovação interior, e não curar corpos”, destacou, reafirmando que “a maior cirurgia que o centro espírita pode promover é a da alma”.
Alberto ressaltou que a cura deverá vir de dentro para fora. Explicou que o roteiro a ser buscado, neste sentido, é a “mediunidade com Jesus”, que consiste, segundo ele, “em usar a aptidão da mediunidade valendo-se de possibilidades éticas, morais e cristãs em favor do bem, do belo e do bom”. O médico enfatizou que esta direção é o que preconiza o Livro dos Médiuns, que está completando 150 anos de edição.
“O Livro dos Médiuns é a aplicabilidade da mediunidade com Jesus. Não tem tratado da ciência, com tanta longevidade e absolutamente em dia, como esta obra, que é a base para toda a literatura sobre mediunidade, que alivia corações e consola almas”, elogia. Acrescentou que aquele livro é um patrimônio histórico à disposição dos médiuns, para criar o hábito de ser cada vez melhor”.
Alberto Almeida encerra o Encontro Espírita Paraibano, nesta terça-feira, das 9h às 12h, com uma palestra sobre “Família: desatando nós e criando laços”, na Federação Espírita Paraibana.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Após a perda, o desafio de “sobreviver”

Por Romualdo Cruz Filho
(A Tribuna de Piracicaba, em 06/03/2011)



18 de outubro de 2010. Angelo Tadeu Giusti está trabalhando na Caterpillar quando recebe um telefonema inesperado. “Sua filha Jéssica foi assassinada.” A notícia chega como uma bala e atinge seu coração. “Eu podia morrer naquele momento, porque foi isso que eu senti: desejo de morte. Mas dei um grito de desespero bem alto. Logo em seguida, fui tomado pela vertigem e estava próximo a desmaiar”, revelou o pai da jovem estudante Jéssica Philipp Giusti, 21, morta a pauladas por volta das 6 horas, quando chegava a Três Rios, Rio de Janeiro, cidade onde cursava a Faculdade de Direito.

“Quando me dei conta da dimensão, para a minha vida do que havia acontecido, um novo sentimento me abateu: o pânico. Faz cinco meses que perdi minha filha e até agora me vejo inconformado, para não dizer transtornado com o fato. Estou ainda na fase da não-aceitação, em que se misturam sentimentos de vingança com angústia. Conforme o tempo passa, me sinto mais abandonado pelas autoridades, porque o crime hediondo ainda não foi desvendado e tudo leva a crer que a impunidade não me permitirá saber oficialmente quais foram as pessoas que tiraram a vida de Jéssica.”

Tadeu Giusti conta que somente uma força maior foi capaz de evitar que ele perdesse a cabeça e partisse para a agressão, tentando fazer justiça com as próprias mãos. “Passei 30 dias fora da realidade. Ainda não tenho vontade de trabalhar. Acho que, apesar de tudo, tenho suportado bem. A avó da menina, por exemplo, está próxima de morrer, devido a um enfisema pulmonar decorrente do abandono dos remédios que tomava. Ela piora a olhos vistos desde a notícia da morte da neta.”

O pai da jovem sabe que há pouco a fazer, além de cobrar das autoridades e aguardar que o tempo o tranquilize seus sentimentos. Ele tem buscado na filosofia forças para suavizar sua dor. “Mas percebo que a situação só piora. Se o crime tivesse sido desvendado e alguém tivesse ido para a cadeia, tudo estaria melhor. Mas não. A situação se arrasta como uma bomba e, conforme rola, se potencializa, até o momento da explosão. Percebo que, depois da tragédia, me tornei um homem, de fato, porque tenho um motivo para morrer”, revelou, em um momento de total despojamento.

***

28 de junho de 1984. Ocimar Martins, 22, estava feliz da vida, porque pilotaria um avião Paulistinha até o Rio de Janeiro. A viagem seria feita com dois amigos que trabalhavam com ele e foi encomendada pela Dedini. A missão era levar um documento da empresa. Tudo corria com naturalidade, como nas viagens anteriores que realizou durante o curso de aviador. Ao se aproximar do aeroporto Galeão, foi informado de que não poderia pousar, pelo fato de o clima estar muito nublado, talvez. A orientação era ir até Jacarepaguá. No novo percurso, algo de estranho aconteceu.

O empresário Jorge Martins era vereador na ocasião e estava em plena atividade quando recebeu um telefonema: “O avião pilotado pelo seu filho desapareceu.” Imediatamente ele entrou em contato com a Mesa Diretora do Legislativo local e recebeu todo o apoio. Adílson Maluf entrou em contato com o governador Leonel Brizola, que era seu amigo. E Brizola acionou o Corpo de Bombeiros, exigindo que fossem intensificadas as buscas.
“Não se sabia exatamente se o avião caíra na serra ou no mar. Mas foram 180 horas de busca e nada de encontrar a nave. Percebemos logo que se tratava de uma fatalidade, sem solução. Como acredito no espiritismo, fui conversar com a vidente Neila Alckmin e com Chico Xavier.” Ambos confirmaram a mesma cena. “O tempo estava ruim, o avião bateu com as asas em alguma pedra muito grande, se desgovernou e caiu no mar.”

Martins conta que foi muitas vezes para o Rio de Janeiro ver o mar, como quem vai ao encontro do filho. Sua formação religiosa o levou a aceitar o fato com certo conforto: “Não sei se seria melhor ver meu filho sendo enterrado em um cemitério. Pelo menos assim fiquei com uma imagem bonita em minha memória, como se ele ainda estivesse vivo e sempre presente. Às vezes, me pego chorando ao me deparar com algum objeto dele, guardado na gaveta. Com a minha esposa, acontece a mesma coisa. No fundo do meu coração eu sei que estamos aqui só de passagem, pois o corpo é finito, mas o espírito é infinito”, filosofa o pai saudoso de Ocimar.

***

A psicóloga e pedagoga Denise Malafaia explica que trabalhar com o sentimento de perda não é nada fácil, “porque não fomos educados para conviver com a ideia de morte”. Segundo ela, há várias reações quando as pessoas recebem a notícia de que um ente querido se foi, seja por atropelamento, por assassinato, ou por qualquer outra forma de morte violenta, como ocorreu com o casal Claudio Meneghetti e Lilian Simioni, assassinados após serem sequestrados em sua casa, na Vila Rezende – onde também a empregada Suzana Felipe foi morta. Eles deixaram uma filha, Laís, que também havia perdido o irmão, com apenas novo anos, e a avó, um dia antes dos pais serem sequestrados.

Há aqueles que reagem como se tivessem sido abandonados por Deus e passam a não acreditar mais em nada. Outros se apegam demais ao divino. Em alguns casos, as pessoas partem para a droga ou álcool e só se recuperam com ajuda médica. É o instinto da destruição operando. Outros se fecham em si mesmos e passam a sofre da síndrome do pânico. Sentem medo de tudo, como se estivessem sempre sendo perseguidos. Segundo Denise, há ainda os que partem para o esoterismo. Em outra extremidade, há os que passam a acreditar que uma pedra banhada na lua cheia pode purificar sua casa. “São todo caminhos para evitar o sofrimento. São, cada qual em sua medida, mecanismos de defesa.”

O instinto de vingança, no entender da psicóloga, também é muito presente. “Cada um vai elaborar a perda de uma forma e terá seu tempo para se recuperar ou não. Nem todos conseguem administrar a situação e precisam sim da ajuda de especialistas, porque senão acabam envolvendo toda a família em suas emoções perturbadas. Porque a depressão pode levar à morte. E o desequilíbrio por depressão de um integrante da família pode levar a um desajuste emocional coletivo. Mas o tempo desse processo de elaboração do luto e aceitação da morte depende do quociente emocional de cada um”, conclui a especialista.

Paulo Goulart diz que “Representar é a arte de saber ouvir”

(Diário de Marília, 06-03-2011)
“Nicette Bruno”. A cada três ou quatro respostas, o ator Paulo Goulart, 78, cita o nome da mulher, também de 78 anos, na conversa que teve com a reportagem. No último sábado, o casal completou 57 anos de união. Paulo e Nicette não se separam nem na hora de trabalhar. Em casa, ensaiam e estudam os textos juntos. Mas, apesar do rótulo de família ideal que os Goulart carregam - eles têm três filhos, a atriz Beth Goulart, 50, a produtora Bárbara Bruno, 54, e o bailarino Paulo Goulart Filho, 46 -, o chefe do clã diz que eles também brigam. Nesses momentos, é no espiritismo que encontram o equilíbrio.
- Não conseguimos falar antes porque você teve de ir às pressas ao Rio de Janeiro...
P. G. - Eu tive uma palestra sobre a história da telenovela, com a Nicette. Mas também vim gravar “Morde & Assopra” (próxima novela das sete da Globo). Como nasci em fazenda, no interior de Ribeirão Preto, estou gostando muito de estar lidando com esse universo. Na novela, eu sou o Eliseu, médico de uma cidade interiorana. Mas com a internet nem existe mais essa coisa de interior, né?
- É essa sua calma a razão da família Goulart nunca ter tido o nome envolvido em escândalos?
P. G. - Então, numa família você tem seus conceitos básicos de vida, suas essências. Eu e a Nicette sempre nos respeitamos muito. Sempre. Nas decisões finais, cada um tem sua individualidade. Viver é isso, buscar o prazer.
- Nesses 57 anos de casamento, vocês nunca brigaram feio?
P. G. - A Nicette está aqui do lado, só rindo. Claro que já tivemos brigas. Minha filha, nós somos normais. Mas nunca tivemos crises que disséssemos que iríamos sair de casa. Há crises que você faz bico e no dia seguinte conversa com calma. Acho que temos um olhar positivo sobre a vida. Mas ninguém é igual a ninguém, meu anjo. Por isso, a impressão digital é uma das coisas mais extraordinárias.
- Em 1988, vocês lançaram um livro de culinária. O que vocês gostam de cozinhar em casa?
P. G. - O meu pé na culinária é mais da cozinha rápida. Mas no livro tem tudo dos nossos almoços de domingo. Tem história de bacalhoada, cozido, molho da mamãe. A hora em que você não tiver nenhum assunto, abre meu livrinho e vê qual a melhor forma de amolecer uma carne (risos).

quarta-feira, 2 de março de 2011

Nota de Esclarecimento da FEB

A FEB emitiu uma nota de esclarecimento em relação ao carnaval carioca, negando qualquer envolvimento nas homenagens a Chico Xavier.

Às Entidades Federativas Estaduais,

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Tendo em vista inúmeras manifestações recebidas relacionadas com o anúncio de homenagens que se pretende prestar ao Espiritismo e a Chico Xavier no carnaval carioca, que enfoca a importância da comunicação dos homens com o mundo espiritual, a Federação Espírita Brasileira – FEB informa que tomou conhecimento desse assunto quando da sua publicação, não sendo correta a interpretação de que tenha participado de prévio entendimento.

A FEB esclarece, também, que continua empenhada em promover a difusão da Doutrina Espírita, nos moldes e na forma compatível com os seus princípios doutrinários, com seriedade, dignidade e elevação espiritual.

A FEB esclarece, finalmente, que respeita o direito de todos os que, no uso de sua liberdade de ação, agem no mesmo sentido de colocar a mensagem consoladora e esclarecedora dos ensinos espíritas ao alcance e a serviço de todas as pessoas, onde elas se encontrem, orientando, todavia, para que esse trabalho seja sempre feito preservando os seus valores éticos e doutrinários.

Brasília, 18 de fevereiro de 2011.

Assessoria de Comunicação da FEB

O Magnetismo de Mesmer

Antes de estudar os fenômenos espíritas, o Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) foi um estudioso do Magnetismo, ciência criada pelo médico alemão Franz Anton Mesmer (1734 - 1815). A influência do Magnetismo sobre a ciência espírita nascente é marcante. Por exemplo, foi Mesmer o primeiro a usar o termo fluido universal em sua dissertação de mestrado, que tratava da influência dos planetas sobre o corpo humano, para designar a matéria-prima original de todos os corpos e dos movimentos.

Segue um resumo sobre a teoria do Magnetismo Animal de Mesmer, que poderemos comparar a contento com a Teoria dos Fluidos, no capítulo XIV de A Gênese:


"Mesmer teve a glória de encontrar, sem iniciação e sem conhecimentos ocultos, o agente universal da vida e de seus prodígios; seus Aforismos (MESMER, 1846) que os sábios de seu tempo deviam considerar como tantos paradoxos, virão un dia a ser as bases da síntese física.

"Mesmer reconhece no ser natural, duas formas que são a substância e a vida, donde resultam a fixidez e o movimento que constituem o equilíbrio das coisas.

"Ele reconhece a existência de uma natureza primeiro fluídica, universal, capaz de fixidez e de movimentos, que, fixando-se, determina a constituição das substâncias, e que, movendo-se sempre, modifica e renova as formas.

"Esta matéria fluídica é ativa e passiva: como passivaela atrai-se a si mesma, como ativa ela projeta-se.

"Por ela os mundos e os seres vivos que povoam os mundos, atraem-se e repelem-se; ela passa de uns aos outros por uma circulação comparável à do sangue.

"Ela mantém e renova a vida de todos os seres, ela é o agente de sua força e pode tornar-se o instrumento de sua vontade.

"Os prodígios são os resultados das forças ou das vontades excepcionais.

"Os fenômenos de coesão, de elasticidade, de densidade ou sutilidade dos corpos, são produzidos pelas diversas combinações das duas propriedades do fluido universal ou da matéria-prima.

"A doença, como todas as desordens físicas, vem de um desarranjo do equilíbrio normal da matéria primária num corpo organizado.

"Os corpos organizados são ou simpáticos ou antipáticos uns aos outros, em virtude de seu equilíbrio especial.

"Os corpos simpáticos podem curar-se uns aos outros, restabelecendo mutuamente seu equilíbrio.

"Esta propriedade dos corpos de equilibrar-se uns aos outros pela atração ou projeção da matéria primária, Mesmer a denomina magnetismo, e como ela se especifica conforme as qualidades dos seres, quando ele estuda os seus fenômenos nos seres animados, ele a chama magnetismo animal.

"Mesmer provou sua teoria por obras, e suas experiências foram coroadas de pleno êxito. Tendo observado a analogia que existe entre os fenômenos de magnetismo animal e os da eletricidade, ele fez uso de condutores metálicos, que tocavam num reservatório comum que continha terra e água, para absorver e para projetar as duas forças; abandonou-se depois o aparelho complicado das celhas que se pode substituir por uma cadeia vida de mãos superpostas a um corpo circular e mau condutor como a madeira, o tecido de seda ou de lã, etc.

"Ele aplicou em seguida aos seres vivos e organizados os processos de imantação metálica, e adquiriu a certeza da realidade e da semelhançca dos fenômenos que se seguiram.

"Um só passo lhe restava a dar, era de devlarar que os efeitos atribuídos em Física aos quatro fluidos imponderáveis são as manifestações diversas de uma só e mesma força diversificada pelos seus usos, e que esta força inseparável da matéria primária e universal que ela fazmover, ora esplendorosa, ora ígnea, ora elétrica e ora magnética, não tem senão um só nome indicado por Moisés no Gênese, quando ele a faz aparecer a apelo do Onipotente, antes de todas as substâncias e antes de todas as formas: a Luz.

"E agora não temamos de dizê-lo de antemão, porque mais tarde será reconhecido".

(LEVI, Eliphas. História da Magia. Trad. Rosabis Camaysar. 9.ed. São Paulo: Pensamento, 2006)


terça-feira, 1 de março de 2011

As almas que apareciam no Bairro dos Pelames

Esse texto saiu no jornal português Correio do Minho da cidade de Braga, edição de ontem:

Por Joaquim Gomes

No imaginário das pessoas é frequente associarem-se determinadas crises pessoais a espíritos de pessoas que, pelo facto de não “aceitarem a morte”, pela “procura de justiça” ou por ainda “não estarem preparadas para morrer”, não se desligaram deste mundo e vagueiam por alguns locais que lhes estão associados em tempo de vida.
Em Braga, não faltam exemplos destas situações, denominadas pelas pessoas como “almas penadas”. Contudo, o exemplo que aqui quero apresentar ocorreu em Setembro de 1927, no então Bairro dos Pelames, quando foram aparecendo umas “almas penadas” a alguns habitantes desta zona.

O jornal ‘Correio do Minho’, do dia 27 de Setembro de 1927, dava conta desta situação, afirmando que o “bairro dos Pelames e suas redondezas anda verdadeiramente alarmado com as suas almas penadas que por ali vagueiam”.
Este jornal contou que no dia 25 de Setembro uma “costureirita”, residente nesse bairro, andava assustadíssima com o aparecimento destas “almas penadas”. Em pânico, entrou em “êxtase” e começou a falar com essas “entidades”, de forma tão convincente, como se as estivesse a ver.
Os seus vizinhos, incluindo os que moravam no mesmo prédio, ficaram tão assustados, que desataram a correr dali. A salvação para a costureira foi a “D. Maria”, uma vidente sempre pronta a socorrer as pessoas afectadas por este “mal”.
A acção desta vidente foi simples mas corajosa: resolveu “cortar o ar” e recitar, imediatamente, a “oração de S. Cipriano contra os maus olhados”. Quando a rapariga “voltou a si”, contou toda a conversa que tivera com as “almas penadas”, o que chocou todos os que ali se encontravam.
Uma das habitantes deste prédio, conhecida pela “caseira da Pataina”, que também tinha em casa almas penadas, mal ouviu a história da costureirinha ficou “muito amarela, olhos em branco, espuma na boca e foi de ventas à torneira” para se acalmar. O que valeu à “caseira da Pataina” foi novamente a experiente D. Maria, que lhe aplicou a mesma receita que tinha aplicado à costureirita.
Uma vez que muitas pessoas duvidavam da existência destas “almas penadas”, o jornal “Correio do Minho” resolveu esclarecer tudo isto, partindo para uma profunda investigação. Começou, então, por ouvir uma das pessoas mais experientes do bairro, uma “pessoa de qualidade” que esclarecesse ou confirmasse esta situação. E ouviram essa “pessoa de qualidade” dizer, claramente, que “as almas penadas andam cá pelo bairro”.
O jornalista ainda duvidou e voltou a questionar a “pessoa de qualidade”, dizendo: “Mas você fala a sério? - É o que lhe digo, e se não acredita em mim vá-se embora…”, respondeu-lhe.
Havendo a necessidade de mais esclarecimentos, a “pessoa de qualidade” referiu que, antes da “Pataina fazer as obras na casa, morava lá uma família que tinha uma filha , bem interessante por sinal, e já as almas penadas se metiam com a rapariga”. Contou que a rapariga, que nunca tinha estudado música, em certos momentos, resolvia tocar e cantar de uma forma brilhante. Mas, de seguida, enveredava por um choro compulsivo, “expolinhava-se no chão e pedia que lh’as agarrassem”, referindo-se às pernas.
A “pessoa de qualidade” do jornalista afirmou ainda que nada tinha a ver com estas almas que apareciam, uma vez que se preocupava mais com as questões científicas. Esse conhecimento vinha de uma sessão de espiritismo, que frequentara com o seu amigo “o Jaime dos Ossos”, e nessa sessão tinha ouvido tudo o que as “alma penadas” dizem! E ficou a saber que uma das almas que aparece no bairro dos Pelames é a de um antigo servo de Santa Justa, que “anda a penar por só ter tomado uma única borracheira neste mundo e a outra é a do corpo aberto, que morou por ali perto, e que anda a penar por causa de uma praga que lhe rogou a D. Maria”.
No dia 20 de Setembro de 1927 o ‘Correio do Minho’ conseguiu uma entrevista com a vidente D. Maria, entrevista que só foi possível graças a uma recomendação, através de carta, de uma cliente bastante considerada pela vidente.
A sala de trabalho da D. Maria era pequena, modesta, mas tinha uns “pequeninos nadas que fazem adivinhar a mão da mulher que lê o futuro”. No meio da sala existia uma “mesa pé-de-galo” onde estavam coloca-das as 40 cartas abençoadas por S. Cipriano.
O jornalista, “para testar” a vidente, disse que o que o trazia ali era uma mulher, por quem ele andava perdido de amores. Referiu que ela tinha 30 anos, era vesga mas possuidora de uma grande herança deixada por um irmão recentemente falecido. Perante estes dados, a D. Maria logo respondeu: “percebo, percebo, um encosto para a velhice…”, é o que o senhor anda à procura!
O jornalista deslocou-se então para a mesa, onde a D. Maria explicou que “quadra d’oiros… valete d’oiros… dama d’oiros… az de espadas… “ significa homem de sorte. E explicou: “quadra d’oiros”, casamento pela certa; “valete de oiro”, homem que persegue a jovem; “dama”, é a jovem que está atenta a si; e “az de espadas” quer dizer que tem o coração do amor atravessado pela espada.
No final, a vidente apresentou a conta: “50 escudos pela mo-derna; no meu tempo de crean-ça, 50 mil réis”!
O jornalista pagou esta quantia e insistiu: posso confiar nas suas afirmações? Ao que D. Maria respondeu: “é como se estivesse já a administrar os bens do casal”!
O Bairro dos Pelames estava de facto envolvido em espíritos, em maus-olhados, em bruxedos e em “almas penadas”, que só desapareciam quando eram consultadas a vidente D. Maria e pela “Freirinha” (uma autentica santinha). Ambas competiam entre si pelo domínio do sobrenatural e, principalmente, pelo dinheiro que os seus clientes deixavam nas suas caixas.