quarta-feira, 14 de junho de 2017

Envelhecer

Por Tiago Navarro

É chegado o grande momento áureo, o momento da completude física e social, o tempo que comumente chamamos “melhor idade”. A época da vida que acreditamos ser de repouso físico, o descanso merecido de duras lutas travadas por décadas. E o momento em que trocaremos de lugar com nossos filhos.

Após o tempo do plantio, há o momento da colheita. Para algumas culturas de subsistência, esse período sofre variações, mas o que há de mais concreto, é o efeito desta causa, o que se planta há de se colher. A colheita, por fim, é uma obrigação a quem plantou, inexorável lei natural, imutável em sua essência.

Como nossa percepção do mundo se torna mais aguçada quando utilizamos de ferramentas comparativas, temos ao nosso dispor as parábolas agrícolas do mestre nazareno, bem como os arquétipos linguísticos bastante utilizado pelos pensadores. Nessas duas estruturas de ensinamento, compreensão e estruturações lógicas, podemos utilizar ao nosso proveito para entendermos a relação filial para com os pais idosos.

Estes pais que em outrora dedicaram todas as suas forças, todo seu tempo, e se privaram de todas as demais possibilidades, para nutrirem suas crias, não só com o leite materno, no caso das mães, como também com a nutrição espiritual, dedicando o máximo esforço para contribuírem com o desenvolvimento ético-moral, com ensinamentos louváveis para esses pequenos seres em construção.

Nos acostumamos a ver em nossos pais, seres fortes, aguerridos, e com poderes a nós desconhecidos. Normal enquanto nossa visão se limita a necessidade de preenchimento de nossas necessidades. Porém, na velhice, essa relação de subsistência se inverte, nossos pais, agora são os portadores da necessidade de serem nutridos. Não só a nutrição alimentar, mas, com a nutrição mais importante que foi imposta aos seres humanos - a nutrição afetiva. Todos nós precisamos de afeto e atenção, não há de se entender que seja a atenção de visitas periódicas, que mais abrandam a culpa do abandono, do que a dignificação desde ser que cedeu a própria vida para permitir que as nossas vidas se desenvolvessem.

Sim, as nossas “crianças” idosas, precisam de muito afeto, não por uma simples compensação, mas, por se encontrarem em uma situação bastante peculiar – é chegada a hora da perda de suas forças físicas, da perda do papel de importância na vida de seus filhos, da limitação de suas ações e autonomias. Se não nos preocuparmos com eles neste momento, provavelmente será muito tarde, quando eles já não estiverem entre nós. Por isso irmãos, vamos fazer o máximo que estiver ao nosso alcance, amando-os de todo o nosso coração, e com o amadurecimento emocional verdadeiro, esquecendo magoas e ingratidões, pois, muitas das vezes, foram fruto de nossos desejos de termos pais, que não correspondiam com nossa realidade.

Lembremos, “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. ”











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